Foi tudo ao contrário do Brasil, ou não tivesse sido uma independência de fora para dentro, uma independência imposta. Na independência do Brasil só saíram os que estavam comprometidos com a realeza, que os brasileiros denominavam de “reinóis”, os militares (muitos ficaram) e alguns fidalgos. E logo a seguir o Brasil começou a receber fornadas de imigrantes portugueses, numa onda que perduraria até à década 60 do século 20. Uma onda que, ironicamente, ainda mais atrasou o desenvolvimento das terras de África. Os portugueses preferiam o Brasil onde havia emprego imediato e sem ser com a parker de 9 libras (enxada).
E em Angola ? Saíram milhares de angolanos, e continuam saindo, sem que se vislumbre uma maneira de travar esta hemorragia angolana. Se se está à espera dos doadores e dos cooperantes, podem arranjar uma boa poltrona porque vai demorar muito tempo. Vai ser um tempo medido em anos luz. E, entretanto, os angolanos mais capazes emigram e assumem empregos para os quais estão sobre dimensionados, como por exemplo ajudantes nas obras. Empregos abaixo das suas habilitações!Os angolanos na Diáspora parece que carregam a maldição que persegue a sua terra há mais de 500 anos, continuam a viver uma vida ingrata, uma vida que não merecem.
Rosa Coutinho governou, ou melhor dizendo, desgovernou Angola de Julho de 1974 a Janeiro de 1975. Gostava de frases de efeito, subestimando a inteligência dos angolanos.
E em Angola ? Saíram milhares de angolanos, e continuam saindo, sem que se vislumbre uma maneira de travar esta hemorragia angolana. Se se está à espera dos doadores e dos cooperantes, podem arranjar uma boa poltrona porque vai demorar muito tempo. Vai ser um tempo medido em anos luz. E, entretanto, os angolanos mais capazes emigram e assumem empregos para os quais estão sobre dimensionados, como por exemplo ajudantes nas obras. Empregos abaixo das suas habilitações!Os angolanos na Diáspora parece que carregam a maldição que persegue a sua terra há mais de 500 anos, continuam a viver uma vida ingrata, uma vida que não merecem.
Rosa Coutinho governou, ou melhor dizendo, desgovernou Angola de Julho de 1974 a Janeiro de 1975. Gostava de frases de efeito, subestimando a inteligência dos angolanos.
Do livro “Anatomia de uma tragédia”(42) do general Silva Cardoso transcrevemos: « Rosa Coutinho, após ter tomado posse em Lisboa, chegou a Luanda ao fim da manhã no dia 25 de Julho. Como sempre, estava bem disposto, cheio de energia e afável. Das suas declarações merecem realce os seguintes esclarecimentos: tenho o prazer de informar, em nome do senhor Primeiro Ministro, que em breve a Província gozará de um estatuto administrativo que lhe permitirá governar-se sem ser a partir do Terreiro do Paço ou do Restelo e, portanto, satisfazendo uma ambição que Angola há muito tempo manifesta. Conjuntamente, quero também asseverar-lhes que faremos tudo, e com inteiro apoio do governo da Província, para que Angola passe a dispor do seu banco emissor aqui localizado, tendo aqui as suas reservas».
Se há uma frase que melhor defina este abominável cinismo, essa é: tarde piaste. Não se deve ter passado um único dia em que os angolanos não tenham suspirado pelas prerrogativas de autonomia, palavra mágica no imaginário colonial angolano, sugeridas pelos velhos tempos do governo Norton de Matos (1921/1924) em que houve um princípio de autonomia e correu dinheiro, única época em que foi permitido sonhar e em que as leis não permitiam o trabalho compelido. A promessa de autonomia era uma velha arma secreta com que os governos em Lisboa julgavam poder acalmar as pessoas ou resolver situações complicadas. Os tempos eram outros. Fico pensando se os governantes abrileiros pensavam sério, julgando que os angolanos acreditariam nesta miragem, num tempo em que toda a gente arrumava caixotes para o êxodo.
Como se explica que Portugal, que esteve na formação de um país multirracial, onde se verificam os menores atritos sociais, e onde a miscigenação era comum há mais de quatro séculos (Cabo Verde), tenha fracassado tão redondamente em Angola ?
Se há uma frase que melhor defina este abominável cinismo, essa é: tarde piaste. Não se deve ter passado um único dia em que os angolanos não tenham suspirado pelas prerrogativas de autonomia, palavra mágica no imaginário colonial angolano, sugeridas pelos velhos tempos do governo Norton de Matos (1921/1924) em que houve um princípio de autonomia e correu dinheiro, única época em que foi permitido sonhar e em que as leis não permitiam o trabalho compelido. A promessa de autonomia era uma velha arma secreta com que os governos em Lisboa julgavam poder acalmar as pessoas ou resolver situações complicadas. Os tempos eram outros. Fico pensando se os governantes abrileiros pensavam sério, julgando que os angolanos acreditariam nesta miragem, num tempo em que toda a gente arrumava caixotes para o êxodo.
Como se explica que Portugal, que esteve na formação de um país multirracial, onde se verificam os menores atritos sociais, e onde a miscigenação era comum há mais de quatro séculos (Cabo Verde), tenha fracassado tão redondamente em Angola ?
Como se explica que estando Portugal na génese do Brasil, um país miscigenado que agora está a ser copiado até pelos países colonizadores (a selecção francesa de futebol, campeã do Mundo em 1998 e da Europa em 2000, mais parecia o Brasil devido à interessante mistura de povos), tenha falhado, tão rotundamente em Angola?
Como se explica que, sendo Angola um país cheio de riquezas naturais e com um povo pleno de diversidades, de criatividade e de potencialidades, tenha recebido uma independência éxogena, ou seja, inteiramente congeminada no exterior ?
Como se explica que os angolanos que viviam no país, e que o domaram com grandes sacrifícios, não tenham tido os seus direitos garantidos e, pior, não tiveram, sequer, o direito de exprimir as suas opiniões? Aliás, nunca tiveram!
Como se explica que Angola tenha soçobrado, repentinamente, quando acusava elevados índices de desenvolvimento, indicativos de grande fulgor económico e de um futuro sustentável?
Como se explica que tenham sido unicamente os militares portugueses a resolverem um problema que só aos angolanos dizia respeito? Quem lhes passou procuração? Por que se meteram numa guerra em 1961, que comprometeu milhões de angolanos (e em que se comprometeram eles próprios!), quando sabiam que estava condenada, logo à partida, e que exigia uma solução rápida? Por que esconderam a verdade, aos angolanos, até ao ultimo segundo do processo histórico? Por que envolveram milhões de africanos em uma luta fratricida, sabendo que o desfecho lhes seria adverso e, com isso, os deixariam à mercê dos novos governantes, e completamente incapazes de se oporem às multinacionais? E, principalmente, por que abandonaram povos, dando a entender de que o assunto “era entre eles”? E, por último, se estavam fartos da guerra, empreendida unicamente por eles, por que não entregaram o processo à ONU, a pessoas descomprometidas, não facciosas e desejosas de ajudar? Por que não desapareceram da cena angolana no dia 26 de Abril de 1974, providenciando substitutos descomprometidos?
Como se explica que, sendo Angola um país cheio de riquezas naturais e com um povo pleno de diversidades, de criatividade e de potencialidades, tenha recebido uma independência éxogena, ou seja, inteiramente congeminada no exterior ?
Como se explica que os angolanos que viviam no país, e que o domaram com grandes sacrifícios, não tenham tido os seus direitos garantidos e, pior, não tiveram, sequer, o direito de exprimir as suas opiniões? Aliás, nunca tiveram!
Como se explica que Angola tenha soçobrado, repentinamente, quando acusava elevados índices de desenvolvimento, indicativos de grande fulgor económico e de um futuro sustentável?
Como se explica que tenham sido unicamente os militares portugueses a resolverem um problema que só aos angolanos dizia respeito? Quem lhes passou procuração? Por que se meteram numa guerra em 1961, que comprometeu milhões de angolanos (e em que se comprometeram eles próprios!), quando sabiam que estava condenada, logo à partida, e que exigia uma solução rápida? Por que esconderam a verdade, aos angolanos, até ao ultimo segundo do processo histórico? Por que envolveram milhões de africanos em uma luta fratricida, sabendo que o desfecho lhes seria adverso e, com isso, os deixariam à mercê dos novos governantes, e completamente incapazes de se oporem às multinacionais? E, principalmente, por que abandonaram povos, dando a entender de que o assunto “era entre eles”? E, por último, se estavam fartos da guerra, empreendida unicamente por eles, por que não entregaram o processo à ONU, a pessoas descomprometidas, não facciosas e desejosas de ajudar? Por que não desapareceram da cena angolana no dia 26 de Abril de 1974, providenciando substitutos descomprometidos?
Uma maneira simplista de tudo explicar é culpar a descolonização por todo o descalabro. È vulgar ouvir-se: “o Mário Soares foi o culpado”. A história não vive de acontecimentos isolados, mas sim de todo um encadeamento de factos. Uma frase estereotipada é a de que “era a descolonização que era possível...” repetida até à exaustão pelos descolonizadores. Mas os colonialistas argumentam “ foi a descolonização mal feita, porque Angola estava imparável em desenvolvimento...” “...eram precisos mais dois anos”!!
O governo colonial de Lisboa governou, como quis, durante quase 500 anos; O desgoverno descolonial, após a queda da ditadura na Metrópole, desgovernou Angola em apenas ano e meio; vinte anos depois estava tudo destruído, primeiro com uma insensata guerra pelo poder e depois, a partir de 1992, por uma guerra civil que destruiu as próprias ruínas. “Etiam periere ruinae” (Até destruíram as ruínas) é uma frase latina que pode ser inscrita em uma futura bandeira da cidade do Cuito, quando esta for reconstruída.
O sótão da história colonial portuguesa tem dois grandes armários o do colonialismo e o da descolonização. Armários grandes com trinta esqueletos no total. No primeiro, o do colonialismo, jazem quinze esqueletos, todos começados por C que é a primeira letra de colónia: cidadania, contratados, centralismo, cultura, comunicações, conhecimento científico da colónia, crédito, centrifugação do capital, consumo, castigos corporais, censura, colonatos, cartas de chamada, carências de energia, e compadríos (concessões, comissões, condicionamentos e cunhas).
O governo colonial de Lisboa governou, como quis, durante quase 500 anos; O desgoverno descolonial, após a queda da ditadura na Metrópole, desgovernou Angola em apenas ano e meio; vinte anos depois estava tudo destruído, primeiro com uma insensata guerra pelo poder e depois, a partir de 1992, por uma guerra civil que destruiu as próprias ruínas. “Etiam periere ruinae” (Até destruíram as ruínas) é uma frase latina que pode ser inscrita em uma futura bandeira da cidade do Cuito, quando esta for reconstruída.
O sótão da história colonial portuguesa tem dois grandes armários o do colonialismo e o da descolonização. Armários grandes com trinta esqueletos no total. No primeiro, o do colonialismo, jazem quinze esqueletos, todos começados por C que é a primeira letra de colónia: cidadania, contratados, centralismo, cultura, comunicações, conhecimento científico da colónia, crédito, centrifugação do capital, consumo, castigos corporais, censura, colonatos, cartas de chamada, carências de energia, e compadríos (concessões, comissões, condicionamentos e cunhas).
Erros espessos, que persistiram até ao início do” Tempo Extra”, e alguns até ao “arriar do glorioso pendão das quinas”. Erros que deixaram estes quinze esqueletos que atestam as causas de todas as tragédias que viriam a seguir e que, infelizmente, perdurarão durante umas boas (ou más se persistirem as condições actuais) dezenas de anos. Estes erros já foram descritos em um anterior ensaio (Os ossos do colonialismo).
No armário da descolonização jazem, também, quinze esqueletos, erros crassos cometidos em apenas um ano e meio. São eles, todos começados por I, que é a primeira letra de independência:ignorância,irresponsabilidade,intolerância,ideologia,imposição,ingenuidade, indisciplina, insensibilidade,imprudência,imediatismo,ignomínia,imolação,impunidade,inferno e inveja.
Façamos, resumidamente, porque eles serão dissecados exaustivamente ao longo destas mucandas, a exumação destes últimos quinze esqueletos, uma vez que os esqueletos do colonialismo já foram exumados em escritos anteriores, como afirmámos atrás.
No armário da descolonização jazem, também, quinze esqueletos, erros crassos cometidos em apenas um ano e meio. São eles, todos começados por I, que é a primeira letra de independência:ignorância,irresponsabilidade,intolerância,ideologia,imposição,ingenuidade, indisciplina, insensibilidade,imprudência,imediatismo,ignomínia,imolação,impunidade,inferno e inveja.
Façamos, resumidamente, porque eles serão dissecados exaustivamente ao longo destas mucandas, a exumação destes últimos quinze esqueletos, uma vez que os esqueletos do colonialismo já foram exumados em escritos anteriores, como afirmámos atrás.
O primeiro esqueleto da descolonização é o da ignorância. Ignorantes estavam os habitantes de Angola, desinformados e crédulos em tudo quanto aparecia nos jornais ou era captado pela rádio.Tudo censurado. Sempre, anos e anos, com informações falsas ou distorcidas. Ignorantes eram os membros da comissão liquidatária portuguesa encarregada de conduzir o processo da descolonização. Estavam imersos em um oceano de ignorância.
A palavra descolonização, como afirmámos acima, não existia antes de 1960. Em qualquer dicionário, anterior àquele ano, ela não existe. Foi arranjada, às pressas, para justificar a fuga precipitada de África dos países europeus que a ocuparam, e onde tinham cidadãos nacionais, em quantidades tão pequenas, e com tão pouco tempo de permanência, que não se poderiam denominar colonos, mas antes residentes, ou moradores como se dizia no século 19 . Nos Estados Unidos, no Brasil, na Austrália, no Canadá, etc não houve descolonização, porque havia colonos. Que se independentizaram a tempo e a horas. Ninguém fugiu. E as metrópoles não concederam as independências, não tiveram outra atitude senão aceitá-las. Contrariadas, mas aceitaram!
A palavra descolonização, como afirmámos acima, não existia antes de 1960. Em qualquer dicionário, anterior àquele ano, ela não existe. Foi arranjada, às pressas, para justificar a fuga precipitada de África dos países europeus que a ocuparam, e onde tinham cidadãos nacionais, em quantidades tão pequenas, e com tão pouco tempo de permanência, que não se poderiam denominar colonos, mas antes residentes, ou moradores como se dizia no século 19 . Nos Estados Unidos, no Brasil, na Austrália, no Canadá, etc não houve descolonização, porque havia colonos. Que se independentizaram a tempo e a horas. Ninguém fugiu. E as metrópoles não concederam as independências, não tiveram outra atitude senão aceitá-las. Contrariadas, mas aceitaram!
A comissão liquidatária da descolonização era uma Troica constituída, à boa maneira portuguesa, por quatro pessoas, três actuantes e um “fiscal”. O chefe era um advogado (Mário Soares) que nunca tinha estado em Angola. O único conhecimento que ele tinha sobre o país era através de um atlas histórico-geográfico, por sinal muito ruim. E espanto: interveio em todo o processo descolonizador sem nunca ter posto os pés em Angola. Igualzinho a Oliveira Salazar, confirmando aquela máxima: os extremos tocam-se.
O segundo membro era outro advogado (Almeida Santos) que conhecia Angola através de uma viagem folclórica, quando acompanhou o Orfeão Académico de Coimbra em 1949, era o orador oficial da Embaixada Académica, cantou alguns fados e perorou sobre patriotismo.
O terceiro era um oficial do exército (Melo Antunes) que tinha conseguido ler as obras de Karl Marx, o que é uma grande proeza, especialmente em Portugal em que só se lêm os jornais desportivos e, agora, os jornais gratuitos distribuídos nas viagens de comboio e metropolitano. A estes jornais presto a minha homenagem, se não fossem eles o panorama literário seria arrasador.
Melo Antunes, imbuído das suas leituras recentes de marxismo-leninismo, que levou os jornais a apelidá-lo de ideólogo, chegou a elaborar um programa económico para Angola. Dá para sorrir!
Melo Antunes, imbuído das suas leituras recentes de marxismo-leninismo, que levou os jornais a apelidá-lo de ideólogo, chegou a elaborar um programa económico para Angola. Dá para sorrir!
O quarto elemento ( Pezarat Correia) era um fiscal do Movimento das Forças Armadas. Major do exército português, era um oficial de topo no exército colonial que desenvolvia a guerra em Angola. Ele gosta de reinventar a história e contar tudo à sua maneira. E que desempenhou a missão como se fosse imparcial e não tivesse actuado na guerra colonial
Este senhores “arrumaram” o problema de Angola, com que direito?
Este senhores “arrumaram” o problema de Angola, com que direito?
O director de uma multinacional reune todo o pessoal e diz: amanhã vamos receber um grupo de colegas franceses. Gostaria que confraternizassem com eles. Quem, entre vós, sabe francês? Fez-se um silêncio, depois quebrado por um sabichão, daqueles que gosta de se intrometer e tem propostas para tudo: francês, francês, não sei, mas tenho uma prima que toca viola francesa.
Finalmente, ignorantes eram os representantes dos três movimentos de libertação que não se aperceberam de que o que existia em Angola não eram só opressão, injustiças ou humilhações. Existia todo um passado utilizável, um passado regado com o suor de milhões de angolanos. Um passado utilizável que sobrepujava, e muito, o somatório das injustiças. Se o país exportava alimentos e não havia fome, se o país apresentava uma invejável balança de pagamentos, se o país apresentava uma boa situação sanitária com as terríveis doenças já controladas e algumas erradicadas, se o país apresentava uma boa rede de estradas asfaltadas, se o país apresentava uma rede hoteleira, a segunda melhor em África, se o país tinha já uma razoável rede de ensino básico e secundário, se o ensino era gratuito para todos e o número de vagas era ilimitado, se o país tinha já uma interessante base industrial , se o país estava bem organizado em termos administrativos e, fundamentalmente, se o país estava em paz,nem tudo era mau! Antes pelo contrário, algumas coisas eram más, mas o saldo aproveitável, positivo em linguagem contabilística, era enorme. Quantas situações, muitíssimo piores, existem por esse mundo fora, até mesmo em países altamente civilizados? Quantos países, com séculos de independência, apresentavam a pujança económica de Angola em 1973?
Finalmente, ignorantes eram os representantes dos três movimentos de libertação que não se aperceberam de que o que existia em Angola não eram só opressão, injustiças ou humilhações. Existia todo um passado utilizável, um passado regado com o suor de milhões de angolanos. Um passado utilizável que sobrepujava, e muito, o somatório das injustiças. Se o país exportava alimentos e não havia fome, se o país apresentava uma invejável balança de pagamentos, se o país apresentava uma boa situação sanitária com as terríveis doenças já controladas e algumas erradicadas, se o país apresentava uma boa rede de estradas asfaltadas, se o país apresentava uma rede hoteleira, a segunda melhor em África, se o país tinha já uma razoável rede de ensino básico e secundário, se o ensino era gratuito para todos e o número de vagas era ilimitado, se o país tinha já uma interessante base industrial , se o país estava bem organizado em termos administrativos e, fundamentalmente, se o país estava em paz,nem tudo era mau! Antes pelo contrário, algumas coisas eram más, mas o saldo aproveitável, positivo em linguagem contabilística, era enorme. Quantas situações, muitíssimo piores, existem por esse mundo fora, até mesmo em países altamente civilizados? Quantos países, com séculos de independência, apresentavam a pujança económica de Angola em 1973?
Ao se des-sacralizarem as leis do regime salazarista, porque se admitia que eram todas“fascistas”, ao se atropelarem as hierarquias e, principalmente, o mérito, criou-se um vazio propício para todos os graus de irresponsabilidade, agravados com as incompetências dos novos mandantes ungidos de presunção e auto convencimento.
A descolonização foi feita para entregar o país à União Soviética e um dos pontos mais sensíveis era explorar as assimetrias sociais, e as injustiças, tão ao gosto do comunismo, pelo menos quando se pretende a sua implantação. É a tal luta de classes. Depois a conversa é outra. Criar uma atmosfera de intolerância, entre as duas comunidades foi um dos objectivos. Com a intolerância vieram a ideologia comunista e a sua consequente imposição.Ideologia foi outro esqueleto deixado pela descolonização. O comunismo acabou por querer ser uma religião e com isso punha-se a ideologia acima da economia, tal como na Idade Média se punha a religião acima da economia. Com resultados, a longo prazo, catastróficos. Deve ter passado pela cabecinha daquela gente que era fácil implantar sovietes em Portugal e em Angola. Em Portugal logo verificaram que não ia ser fácil, tanto mais que o país era mais antigo do que a União Soviética. Mas em Angola, explorando bem as assimetrias, as injustiças, a extrema ignorância e detendo o poder, não era difícil, pelo menos aparentemente, a implantação do marxismo, melhor dizendo do estalinismo. O que de facto conseguiram, mas numa altura em que a própria União Soviética já não conseguia disfarçar o seu próprio colonialismo.
A descolonização foi feita para entregar o país à União Soviética e um dos pontos mais sensíveis era explorar as assimetrias sociais, e as injustiças, tão ao gosto do comunismo, pelo menos quando se pretende a sua implantação. É a tal luta de classes. Depois a conversa é outra. Criar uma atmosfera de intolerância, entre as duas comunidades foi um dos objectivos. Com a intolerância vieram a ideologia comunista e a sua consequente imposição.Ideologia foi outro esqueleto deixado pela descolonização. O comunismo acabou por querer ser uma religião e com isso punha-se a ideologia acima da economia, tal como na Idade Média se punha a religião acima da economia. Com resultados, a longo prazo, catastróficos. Deve ter passado pela cabecinha daquela gente que era fácil implantar sovietes em Portugal e em Angola. Em Portugal logo verificaram que não ia ser fácil, tanto mais que o país era mais antigo do que a União Soviética. Mas em Angola, explorando bem as assimetrias, as injustiças, a extrema ignorância e detendo o poder, não era difícil, pelo menos aparentemente, a implantação do marxismo, melhor dizendo do estalinismo. O que de facto conseguiram, mas numa altura em que a própria União Soviética já não conseguia disfarçar o seu próprio colonialismo.
O comunismo em Angola foi uma ideologia efémera que durou apenas 15 anos. Em termos históricos nada ficou. Serviu apenas para criar “esquemas”. Quando ele se implantou já trazia os germes da sua própria destruição.Mas que provocou estragos de difícil reparação. Quem os provocou vive hoje repatanado em Portugal beneficiando das delícias da democracia egoísta implantada em 1974. E vivem garimpando no tesouro nacional. Impuseram o marxismo em Angola e depois ficaram assobiando para o lado. Redunda em tragédia sempre que se quer sobrepor a ideologia à economia. Razão teve o escritor brasileiro Jorge Amado quando lhe perguntaram o que achava de ideologia. A resposta foi curta e lapidar: “vocês querem saber o que é ideologia? É uma merda”
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