BEM-VINDOS A ESTE ESPAÇO

Bem-Vindos a este espaço onde a temática é variada, onde a imaginação borbulha entre o escárnio e mal dizer e o politicamente correcto. Uma verdadeira sopa de letras de A a Z num país sem futuro, pobre, paupérrimo, ... de ideias, de políticas, de educação, valores e de princípios. Um país cada vez mais adiado, um país "socretino" que tem o seu centro geodésico no ministério da educação, no cimo do qual, temos um marco trignométrico que confundindo as coordenadas geodésicas de Portugal, pensa-se o centro do mundo e a salvação da pátria.
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sábado, 1 de outubro de 2011

EROSÃO

Erosão, um fenómeno natural e previsível, mas que surpreende sempre.

Luiz Chinguar
Setembro 2011

«A destruição do solo, isto é, a perda da substância apropriada à vegetação, deve acelerar-se à medida que a terra é mais cultivada e os habitantes mais industriosos consomem uma quantidade muito maior os seus produtos de toda a espécie.»

Jean Jacques Rosseau-Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens-1755.

«A Natureza sabe ser generosa quando se faz alguma coisa por ela.» Hidrólogo francês a respeito da excelente resposta da Natureza aos benefícios ambientais feitos nas margens das auto-estradas francesas.

1. - História

Água, ar e solo é a tríade sobre a qual assenta a vida na Terra. A degradação de qualquer destes componentes traz sérias implicações a todas as formas de vida. Mas sempre houve, e haverá, uma degradação natural intrínseca das transformações da biosfera. A poluição da água, devida às grandes enchentes, a poluição do ar devida aos incêndios naturais e vulcões e a perda lenta do solo foram sempre fenómenos naturais ligados à vida da Terra.
Só a partir da étapa industrial-século 18- que originou as fábricas, as grandes cidades, a mecanização da agricultura e as terraplenagens, é que os processos de contaminação, poluição e erosão se aceleraram e tomaram proporções tais que originaram a ruptura brusca do equilíbrio, até então existente.
As primeiras preocupações generalizadas incidiram sobre a água e o ar por serem componentes de utilização direta.
O solo, por ser de utilização indireta e restrita, não mereceu, de imediato, as devidas atenções , embora já houvesse gente perspicaz antecipando um problema futuro. A degradação do solo começou, verdadeiramente, a merecer as primeiras atenções no célebre mês de maio de 1934. J.Dorst, no seu livro “Antes que a natureza morra”(São Paulo, Blucher,1973) faz a seguinte descrição:

«Em 1931, no momento da famosa depressão económica americana, surgiu uma terrível seca que se prolongou nos anos seguintes. O solo ressecado totalmente degradado, privado de toda e qualquer proteção vegetal, converteu-se em poeira finíssima arrastada pelos tufões. O dia 12 de maio de 1934, especificamente, permanecerá nos anais da utilização das terras como um dia de luto, pois as grandes planícies foram vítimas de um cataclismo, sem precedentes na história americana. Com efeito, os ventos arrancaram violentamente as terras reduzidas a poeira de uma vasta zona estendendo-se sobre o Kansas, o Texas, o Oklahoma e a parte ocidental do Colorado, arrastando-se para leste em nuvens negras e fazendo-as atravessar dois terços do continente americano. Uma parte dessa poeira caiu sobre o leste dos Estados Unidos, escurecendo o ceu de Washington e de Nova York; uma outra parte foi transportada até ao Atlântico. A região, de onde toda essa terra foi retirada, chamada desde então “Bacia do Pó”(Dust Bowl), foi vítima de uma erosão eólica cujos estragos se repetiram por várias vezes durante esse mesmo período

A origem deste desastre ecológico foi imputada somente à ação do homem que contrariou as mais elementares leis naturais. A cobertura vegetal, sobretudo as gramíneas (capins),foi eliminada nas grandes planícies dos Estados Unidos e substituída por campos de cereais, cujo poder protetor, em relação ao solo, é bastante reduzido.
A mecanização agrícola, que apareceu após a guerra na Europa (1914-1918), foi a grande responsável pela eliminação da vegetação natural em milhares de hectares. A mecanização teve origem no aproveitamento dos primeiros tanques de guerra aparecidos em 1917. Pode afirmar-se que foi ela que deu um colossal impulso à agricultura; esta nasceu de sucata bélica.
As grandes planícies nos Estados Unidos, com chuvas escassas, sujeitas a grandes tufões, ficaram altamente vulneráveis à erosão eólica, depois da eliminação mecanizada e fulminante como nunca tinha acontecido, de toda a cobertura vegetal.
Devido a este desastre foi criado nos Estados Unidos o serviço de conservação do solo (Soil Conservation Service) que serviu e serve de modelo, embora infelizmente não copiado pela maioria dos países no mundo.

Fig 1 Imagem aterradora do Dust Bowl no centro dos E.U.A. em 1934.

De lamentar que ainda hoje prevalece a perniciosa teoria de que as florestas devem ser convertidas, indiscriminadamente, em pastos ou culturas “«...porque é preciso alimentar o mundo.» Um desmatamento é sinal de progresso. Terras desmatadas significam que a terra está “aproveitada”, a floresta é um obstáculo ao progresso. Isto está a ser ampliado com a ideia sobre os abusivamente denominados biocombustíveis. Bio significa vida e eles onde entram é para destruir a vida natural que lá existe!
As restrições ou até proibições ao mau uso do solo não são bem aceitas, às vezes até ridicularizadas. O que interessa é agradar ao povo, deixando proliferar os meios anárquicos, e predatórios, de ocupação e mau uso do solo através de uma agricultura oportunista, que apodamos de mineradora, de um pastoreio indiscriminado, de loteamentos ou urbanizações irracionais, de minerações mais do que discutíveis, de pedreiras mal dirigidas, de terraplenagens irracionais e de extracção de areias dentro do leito de rios, perniciosas,quando não fatais, porque alteram a mecânica fluvial. E, sobretudo, o atropelo às leis que protegem o ambiente, à invasão criminosa, ao arrepio das autoridades, de áreas convertidas, após lutas insanas de defesa, em zonas protegidas.

À exceção de muito poucos países, onde a preocupação pela salvaguarda dos três componentes vitais-água, ar e solo-é uma constante diária, nota-se, por todo o mundo, uma violenta deterioração dos solos, com perda de recursos essenciais para a agricultura. Esta deterioração inclui a erosão do solo, a compactação e consequente impermeabilização, o aumento da salinização de terras irrigadas, a perda de bons solos em favor do desenvolvimento urbano, danos nas colheitas devidas à poluição do ar e água e a consequente extinção de espécies vegetais e animais.
A degradação dos solos está ocorrendo rapidamente, em muitos países, com o aumento das condições propícias para desertificação nas regiões áridas e perda da fertilidadde, ou até da aptidão para a agricultura, nas regiões mais humidas.
A falácia dos biocombustíveis, infelizmente, é um catalisador no já grave problema de erosão, degradação e contaminaçãos dos solos com os “cidas”(herbicida, insecticida, pesticida etc). Não somos radicais quanto aos insecticidas, especialmente com o DDT que, indiscutivelmente, baixou a taxa de mortalidade da malária; somos, sim, pelo seu uso indiscriminado e despropositado para salvaguardar as agriculturas mineradoras nas quais incluímos, como é óbvio os abusivamente intitulados biocombustíveis; o nome correto será agro-combustíveis.

A engenharia civil, por onde passa, deixa feridas na paisagem. Nas terraplenagens nunca houve a preocupação de repor a cobertura vegetal natural. É frequente, especialmente ao longo das estradas, depararmos com antigos locais de empréstimos de aterros, totalmente erodidos e sem drenagem, com inestéticos taludes de cortes onde se não vislumbra o mínimo interesse em seu revestimento vegetal.

Fig 2 Imagem após a grande tempestade de pó (Dust Bowl) em 1934. Esta tragédia, que obrigou à migração do grande parte dos agricultores do centro oeste dos Estados Unidos, foi o assunto em torno do qual se desenvolveram dramas familiares magistralmente descritos por John Steinbeck no romance “As Vinhas da Ira”,( Henry Fonda) transportado para o cinema por John Ford. O solo ficou imprestável para a agricultura durante muitos anos; teve que se fazer laboriosas recomposições do solo arável. Foram trabalhos brilhantes do SCS (Soil Conservation Service) sob orientação do agrónomo Hugh Hammond Bennet o “pai” da conservação do solo.

Só quando os taludes começam a desfazer-se é que aparece uma intervenção dos orgãos responsáveis, com custos que poderiam ter sido minimizados a tempo.

A terra vegetal, proveniente das “limpezas” iniciais, chamada anedoticamente de “expurgo”,é na maioria das vezes levada a depósito, ou seja, é abandonada em locais de onde não surgem reclamações. O mesmo se passa na triste paisagem que testemunha uma antiga pedreira, geralmente com águas estagnadas, onde não raro morrem crianças afogadas. É tempo de se disciplinarem todas as operações que levem à descaracterização da paisagem. Um simples abate de uma árvore é um atentado ambiental. E que dizer sobre os incêndios?

2. - Erosão

A erosão, sendo um fenómeno natural, é a principal causa da modelagem da Terra. A existência de solos férteis de aluvião é devida aos fenómenos erosivos qu se processaram ao longo de milhões de anos. Segundo Gottschalk «erosão é o desgaste da Terra».
Um modelo simplificado de erosão compreende a desagregação, o transporte e a deposição do solo que podem ser executadas por diversos agentes.

Fig 3 Localização da Bacia do Pó (Dust Bowl) no centro oeste norte americano, abrangendo os estados de , Wyoming,Dakota do Sul, Nebrasca, Colorado, Kansas,Oklahoma,Texas, Novo Mexico e parte norte do México..

Quando o modelo se processa ao longo de um tempo apreciável, às vezes fora da escala humana, estabelece-se um estado de equilíbrio, e a erosão não traz danos ao meio ambiente,pelo contário, até contribue para a vida e reprodução de animais e plantas. É a erosão geológica, normal ou lenta. A turbidez dos rios, causada pela erosão normal, proporciona alimento para os peixes, e consequentemente para toda a cadeia alimentar fluvial, além de aumentar a fertilidade dos solos a jusante. Todas as grandes civilizações do passado-Egito, India e China principalmente-basearam as suas economias nas planícies aluviais compostas de sedimentos muito férteis. A Terra, desde a sua génese, tem experimentado sempre este tipo de erosão e a sua modelagem atual a ele deve ser imputada.

Fig 4 Modelo geomorfológico Erosão - Deposição

Quando o modelo se processa em tempo muito curto há uma ruptura brusca do equilíbrio , com arrastamento exagerado de materiais, e suas consequências são desastrosas para o meio ambiente. A erosão anormal ou acelerada é unicamente provocada pelo homem. Por isso é ,também, designada por erosão antropogénica ou erosão antrópica.

2.1 - Agentes da erosão
A erosão é provocada pelos seguintes agentes:
Vento-dá origem à erosão eólica.
Água- origina a erosão hídrica, a mais comum e de maiores efeitos.
Gravidade-responsável pelo movimento de solos e rochas, altamente mortífera. Exemplo:os deslizamentos de encostas nas grandes cidades.
Gelo-existente só em climas muito frios, provoca enormes desmoronamentos e esmagamentos, devido às diferenças de temperaturas ou grandes perturbações nas massas polares em equilíbrio instável.

2.1.1- Vento
É o agente principal nas regiões áridas ou semi-áridas. Nestas, em topografia plana, com solos de pouca coesão, a ação do vento é demolidora, como já citámos o desastre Dust Bowl originado pelo vento. Conforme o diâmetro das partículas de solo os sedimentos podem percorrer centenas de quilómetros antes de depositarem.
Para haver erosão eólica é condição primordial estarem os solos bem secos; isto dá-se em regiões onde a chuva anual é inferior a 300 mm. Os efeitos em grande escala só podem ocorrer quando há ventos constantes e fortes em vários níveis e sobre extensas áreas planas.

Um caso interessante é o loess uma palavra que deriva do alemão loss (solto). Trata-se de uma partícula de solo muito fino constituído por argila e silte em percentagem maior do que 50%. Ocorre principalmente no norte da China e dos E.U.A. onde se processam violentas tempestades de areia que arrastam o solo até centenas de quilómetros. O rio Amarelo na China deve o seu nome à deposição dos sedimentos (loess amarelo), ao longo de milhares de anos, arrastados pelos ventos e depois pela erosão hídrica.

As regiões do mundo, sujeitas à erosão eólica, são o centro dos Estados Unidos (onde se desenvolveu o Dust Bowl) o norte de África, o interior da Rússia, a China, a península Arábica, o Irão, o sul de Angola e toda a Namíbia, o centro da África do Sul e a parte central da Austrália.
Fig 5 Erosão eólica no mundo

2.1.2- Água -Erosão hídrica
Pode ser :

Pluvial- quando provocada pelas chuvas.
Fluvial- quando se processa nas linhas de água- rios, ribeiros e córregos.
Lacustre- quando se verifica em lagos ou albufeiras
Marinha - originada pela água do mar e seus infinitos fenómenos.

Estas erosões podem aparecer combinadas: por exemplo uma chuva intensa pode provocar um enxurrada, com arrastamento de encostas inteiras; estas, ao entraram nos rios, associam-se à erosão fluvial provocada pela velocidade do rio.

2.1.3- Gravidade

Quando o peso do material excede as forças de resistência, representadas pelo atrito entre o solo e as rochas, ocorre a erosão por gravidade. As forças de resistência do solo ficam muito fracas quando há um aumento de infiltração provocado pela destruição da cobertura vegetal ou quando se efetuam cortes em terraplenagens que não levam em conta a estabilidade dos taludes.
A erosão por gravidade inclue os deslizamentos de encostas e o afundamento de áreas planas, às vezes fora da época das chuvas.
A queda de terras situadas nas margens dos rios é, também, um tipo de erosão por gravidade, conhecida popularmente por “desbarrancamento”. Este fenómeno é novo em Angola devido ao garimpo desenfreado de diamantes nos rios que principiou após a independência em 1975.

O deslizamento de encostas, infelizmente, vai-se tornando comum, à medida que se fazem urbanizações, às vezes sem estudos adequados, ou invasões “morro acima” sem quaisquer critérios técnicos e muito menos com preocupações de segurança.

2.1.4 – Degelo

O congelamento da água, com fraturas e fendas, provoca a desintegração das rochas.As grandes massas de gelo (glaciares) podem triturar os materiais transformando-os em pequenos blocos que são arrastados pela águas do degelo. Além da própria erosão local estes materiais irão provocar mais erosões a jusante. Um fenómeno de grandes proporções é o dos glaciares que, na sua essência, são grandes “rios”de gelo que se deslocam lentamente libertando quantidades brutais de energia. É um lento trabalho de atrito. Os glaciares entram, muito lentamente, no mar, onde se precipitam, espetacularmente. Agora é comum ver-se isso na TV, aproveitado pelos catastrofistas do aquecimento global, que atribuem este fenómeno natural como sendo uma sua consequência.

1.5 Erosão hídrica pluvial

É o escopo deste artigo, daqui para diante denominada simplesmente por erosão. A chuva é o agente da erosão e o seu trabalho compreende a desagregação, o transporte e a deposição dos materiais carreados ou sedimentos.

A desagregação é feita pelo bombardeio do solo através das gotas de chuva; pode ser por salpicos, ou por impacto ou embate. A erosão por impacto é a de maior poder destruidor e, por isso, é a principal forma de desgaste do solo. Ém áreas muito planas há uma atenuação do impacto devida ao fato de se acumular água que, ao tomar uma certa espessura, acaba por cobrir o solo e serve de colchão para o amortecimento da força das gotas. A erosão por impacto é mais severa em vertentes muito inclinadas e desprovidas de vegetação, justamente as condições mais frequentes na construção de estradas, nas minerações, nos loteamentos, nas invasões urbanas anárquicas e, sobretudo, em práticas agrícolas sem preocupações ambientais (agricultura mineradora).

Uma vegetação densa anula toda a energia cinética (velocidade) das gotas, motivo por que é de fundamental importancia não se abandonar um solo desnudado (sem vegetação). Quanto mais baixa for a densidade da vegetação maior é a erosão, mas esta lei pode ser controlada por um rigoroso controle do solo. Nas regiões equatoriais, onde as chuvas são intensas e frequentes, registam-se baixas taxas de erosão em virtude da cobertura vegetal possuir uma alta densidade e um rápido poder de recuperação.
A destruição da massa verde equatorial, através do fogo ou meios químicos que inibem a sua rápida recomposição, está acelerando um novo processo de erosão em terras que, naturalmente, nunca viriam a sofrer tal fenómeno. Como já referimos atrás, a ilusão dos biocombustíveis está provocando fenómenos erosivos até nas regiões equatoriais. A agricultura para biocombustíveis é, francamente, mineradora, não é dirigida por agricultores mas por por gestores que tratam o solo como um meio provisório para atingir lucros. Logo que há perda de fertilidade “levanta-se o acampamento”.
As regiões no mundo mais sujeitas à erosão por impacto são aquelas onde as chuvas anuais se situam entre 400 a 1 000 mm. Em regiões de poucas chuvas (abaixo de 400 mm), e irregulares, não há condições para a erosão pluvial porque o solo se encontra ressecado e absorve, de imediato, a água precipitada. Regra geral estas regiões, quando o solo é plano, estão sujeitas à erosão eólica.

Já as regiões, cuja precipitação anual está entre 400 a 1000 mm são as mais vulneráveis à erosão. As chuvas não são suficientemente abundantes e frequentes para a ocorrência de grandes e densas massas florestais, como no Equador, mas o volume das chuvas é suficiente para ultrapassar o grau de ressecamento do solo e originar escoamentos apreciáveis.
As áreas no mundo mais sujeitas à erosão hídrica pluvial, mesmo com vegetação natural, são: o México, o sul da península ibérica, norte da África, os países africanos situados nos trópicos e no sul do continente, a Índia e o centro oeste da Austrália.
As regiões no mundo, sujeitas à erosão hídrica, após retirada da cobertura vegetal, são: América Central, Venezuela,Colômbia, Equador, Perú, Brasil, Uruguai, parte da Argentina, os países equatoriais da África, o sudeste asiático , incluindo a Indonésia, a parte norte da Austrália.
Fig 6 Erosão pluvial no mundo

A verificação de que o impacto é o fator fundamental, nos processos erosivos da água, é muito recente. Na antiguidade fracassaram todas as tentativas de defesa contra a erosão porque não se tinha conhecimento de tal fato. Podemos admitir que foram estes fracassos que contribuíram para o colapso de antigas civilizações que tinham a sua base na agricultura.

Quando a intensidade da chuva excede a capacidade de infiltração do solo, a água acumula-se na sua superfície e depois escoa vertente abaixo, com alturas muito irregulares, dando origem à erosão por lençol ou erosão laminar que termina logo que a inclinação do terreno diminui, ou seja quando desagua numa linha de água.
Fig 7 “Montanhas da Lua” um sugestivo nome relativo a erosões geológicas localizadas ao sul de Luanda, à direita da estrada litorânea que segue para o Lobito. Ao longo de milhares de anos o solo, muito friável, foi sendo arrastado pelas chuvas intensas. À medida que diminui a inclinação da falésia o solo tende a estabilizar-se podendo chegar a uma situação de equilibrio como se vê na parte superior da fotografia (à esquerda) onde já é visível a vegetação natural. A falésia tende a recuar, sempre, mas muito lentamente. Nesta erosão não houve intervenção humana.

No momento em que os filetes de água de reunem, abrindo caminhos preferenciais, a erosão laminar dá origem à erosão por sulcos. Estes, ao longo do tempo, vão-se aprofundando e alargando de tal maneira que atingem dimensões incontroláveis, originando as barrocas, ravinas ou voçorocas.

A erosão por sulcos pode ser corrigida com máquinas agrícolas: a profundidade ainda é sustentável (até 30 cm). Quando os sulcos se aprofundam, com a perda de milhares de m3 de solo, já não se consegue repor as condições anteriores, há que lidar com inesperadas situações.
Se as erosões laminar e por sulcos forem eliminadas, e as águas disciplinadas, também o voçorocamento ou ravinamento desaparecerá. Como se consegue frear estas erosões? É óbvio, através de densa cobertura vegetal, de disciplina de águas e do uso racional do solo.
Quando a inclinação diminui, com a consequente diminuição da velocidade, verifica-se a deposição do material carreado (deposição). Quanto maior o diâmetro das partículas (sedimentos) mais rapidamente elas se depositam. Quanto menor a velocidade mais depressa elas depositam.
Em hidrologia existe o seguinte dogma: “tudo o que aumenta a velocidade da água é mau, tudo o que diminui a velocidade da água é bom”.

Os fatores da erosão são:
A chuva ( óbvio, condição sine qua non para a erosão hídrica), o solo, a topografia, o uso do solo e a sua cobertura vegetal.
A intensidade da chuva é a condição primordial para que se verifique uma erosão por impacto. Mede-se em milímetros por hora- mm/h (é o mesmo que litros por metro quadrado L/m2 ). È considerada chuva erosiva quando a intensidade ultrapassa 25 mm/h. À medida que a intensidade da chuva aumenta cresce também a energia das gotas. O diâmetro de uma gota pode ir de 0.1 mm (nevoeiro) até 6 mm ( temporal).
Fig 8 Sulco em vias de se transformar em ravina. Neste caso só a primeira metade (superior) é susceptível de recomposição; na metade inferior terá que se abrir, devidamente controlado, um canal de escoamento, e terá que se implantar uma rígida disciplina de águas pluviais, através de culturas em curvas de nível.

Acima de 76 mm/h o valor da energia das gotas mantêm-se constante porque a formação do lençol de água é tão rápida que o impacto das gotas é dissipado na própria água que se acumula. Mas, neste caso, forma-se um escoamento rápido e violento que arrasta até objectos pesados. O valor da energia da chuva no impacto denomina-se erosividade.
A menor ou maior facilidade que um solo apresenta ao ataque da água, seja por impacto ou por arrastamento, denomina-se erodibilidade. Quanto mais fino for um solo maior será a sua erodibilidade. Um solo friável (que se desfaz facilmente) possui uma percentagem de areia fina e silte sempre superior a 50%. Solos muito finos, como se disse atrás, até são arrastados pelo vento.
A inclinação e comprimento das áreas ocupadas também influem na maior ou menor taxa de erosão. É o fator topográfico. Em agricultura é de bom alvitre, mesmo em regiões pouco afeitas à erosão, que não se efetuem práticas agrícolas normais em áreas com uma inclinação maior do que 3%. Quando o terreno é inclinado devem-se adotar práticas agrícolas especiais, como sejam mecanização segundo curvas de nível, terraços, cordões de vegetação natural, disciplina de águas, coberturas vegetais adequadas e resistentes ao arrastamento etc.
Um outro fator que interfere na taxa de erosão é a cobertura vegetal. Solos bem guarnecidos de cobertura vegetal oferecem maior resistência ao impacto das gotas de água e ao seu consequente arrastamento. È lamentável que se depare, em qualquer estrada por onde se circule, imensas feridas na paisagem natural, produtos da intervenção humana; modernamente é inadmissível porque os fenómenos erosivos já são amplamente conhecidos. Um corte ou um aterro devem merecer, de imediato, uma boa cobertura vegetal de modo a manter a paisagem verde e o solo protegido.
Finalmente o ultimo fator é o da ocupação humana: práticas agrícolas, urbanização, estradas aeroportos e obras hidráulicas. As primeiras são as mais importantes, não só pelas extensas áreas que ocupam como, também, são as mais descuidadas e mais renitentes em obedecer às medidas mais racionais de proteção. Infelizmente só são adotadas boas práticas agrícolas depois de uma amarga experiência.
As práticas agrícolas devem obedecer a determinados regras, estabelecidas para a região de acordo com todos os outros fatores- chuvas, erodibilidade, inclinação e cobertura vegetal adequada e atempada.

Erosão pluvial em Angola

A maior parte do país está inserida na zona tropical húmida, ou África Pluviosa, susceptível à erosão hídrica pluvial. O país apresenta um padrão equilibrado de chuvas abundantes.
As chuvas, de certo modo, acompanham o relevo. Como já afirmámos, em ensaios anteriores, a geomorfologia angolana tem a configuração de um prato de sopa virado ao contrário; uma área de 820 000 km2 , ocupando 65% do território, com altitudes entre 1500 m a 1000 m, uma área de 96 300 km2 ocupando 7,8% com altitudes acima de 1 500 m, até 2 620 m , uma área de 204 110 km2 ocupando 17%, uma área subplanaltica com 65 540 km2 ocupando 5,3% e, finalmente a orla marítima com 60 750 km2 correpondendo a 4,9 % do território.
É muito favorável o regime de chuvas em Angola, embora o litoral esteja sob influência da Corrente Marítima de Benguela que, vinda do Antartico, portanto fria, condiciona a precipitação na orla marítima. Chove pouco e irregularmente, embora nunca sujeito a secas. Mas, mesmo assim, também se registam chuvas intensas que encontram solos erodíveis: um exemplo é a paisagem próximo de Luanda conhecida como “Montanhas da Lua”.
No interior, nos planaltos chove abundantemente, e com regularidade, influência da proximidade do Equador, embora, para sul já se faça sentir a influência dos desertos do Calaári e do Namibe, mas, ainda, sem inibição dramática de chuvas.
Em todo o território de Angola as chuvas são fortemente erosivas; são vulgares as que apresentam intensidades maiores do que 25 mm/h. Podem ocorrer, anualmente, chuvas com intensidades superiores a 75 mm/h. As chuvas erosivas em Luanda provocam sempre estragos, infelizmente com perda de vidas, devido à elevadíssima taxa de ocupação urbana caótica.
O fator solo é outra agravante. A maioria dos solos do país têm uma forte percentagem de areia fina e silte. Há uma teoria geológica que argumenta que grande parte dos solos dos planaltos de Angola provieram da erosão eólica dos desertos a sul, especialmente do sistema Karroo.
O embasamento geológico de Angola é quase todo granítico, uma rocha mãe que produz areia siliciosa originando solos com pouca coesão e fraca fertilidade. “Deus tira com uma mão mas dá com a outra”: estas areias quartzosas estão se valorizando nos tempos atuais. São um bom suporte para o fabrico de betões de alta resistência e são uma inestimável matéria prima para o fabrico de vidros e material eletrónico. Há países, com muito loess, que, disfarçadamente, dão valor à areia de Angola.
A ocorrência de erosão é tanto maior quanto menor for a cobertura vegetal. Em Angola pode ocorrer perda de solo, devida à chuva, mesmo em solos com cobertura vegetal. Esta facto é notório em muitas regiões do país: estamos a lembrarmo-nos de Massango (ex-Forte República) onde são visíveis, até com uma certa beleza, erosões geológicas que, infelizmente, se vão acelerando sob a influência humana.

Como se forma uma ravina? Apresentaremos um exemplo baseado em uma experiência dos idos anos sessenta. Em meados daquela década foi construída uma vala de rega, na margem esquerda do rio Luena; no seu final, onde se pressupunha que ela já não teria água, não foi construída qualquer estrutura de dissipação, ou seja teria que se ter feito um manilhamento da vala de modo a conduzir-se o resto da água, devidamente “domesticada”, de novo para o rio. As águas livres, agravadas pelas chuvas, tomaram um caminho de gentio (pé posto) e, devido à inclinação do terreno, em pouco tempo abriram um sulco, logo transformado em ravina que se tem alargado ao longo dos anos.
Fig 9 Ravinas em vias de cortarem a estrada. O ramo-tronco já atingiu o perfil de equlíbrio e, portanto, está com vegetação. No fundo é visível a água, o que significa que atingiu o nível freático, esgotando-o, lentamente, deste modo.

Fig 10 Uma ravina recuperada com obras de correção torrencial: construção, em escada, de pequenas barragens de gabião. É visível a notável recuperação da voçoroca, até com um certo ar de beleza; a vegetação natural respondeu em dobro!

Os anos de guerras civis, após a independência, além de muitos outros males, originaram um violento ataque à flora. Especialmente ao redor das cidades, sujeitas a um brutal aumento da taxa de ocupação, registou-se uma devastação das florestas e até dos arbustos. As fotografias atuais do país, especialmente nas zonas urbanas, mostram-nos uma paisagem calva e desoladora.
O problema da erosão em Angola, muito agravado devido à pressão demográfica sobre a cobertura vegetal, é sério e tem tendência a aumentar; ele não se resolve com concursos públicos, com projetos executados em gabinetes a milhares de quilómetros, em computador, com empreitadas e empreiteiros e, muito menos com betão e gestores. A erosão é para ser prevista, evitada, contida, mitigada e até resolvida ao longo do tempo e nos locais; implicitamente concluimos que tem que haver um orgão governamental sempre presente e atuante nos multiplos problemas que foram surgindo. Foi assim com o Soil Conservation Service (SCS) dos Estados Unidos: fundado em 1932 este orgão é o que melhores resultados apresentou, podemos afirmar que ele deu origem à nova ciência de conservação do solo. Nos Estados Unidos é estritamente governamental, não tem parcerias publico-privadas.

O “pai” da conservação do solo em Angola é o madeirense engenheiro Augusto Sardinha; nasceu em 1912 e foi para Angola em 1939. Em 1947 a cidade de Silva Porto (Cuito) sofreu um fortíssimo temporal que originou uma enorme ravina que cortou a estrada de acesso à gare da ferrovia. A voçoroca foi preenchida porque assim era fundamental para a cidade.Foi um trabalho homérico! A ravina foi totalmente consolidada, um projeto do eng.Sardinha, espantoso para a época em que pouco se sabia sobre erosão e de parcos recursos.Tinha-se saído de um devastadora guerra mundial, onde tudo faltava. O transporte de terras fez-se com vagonetas tipo Décauville.
O engenheiro Sardinha projetou e dirigiu muitas obras de correção torrencial, em outras regiões de Angola, especialmente em Nova Lisboa (Huambo); foi um inovador na estabilização de dunas na Baía dos Tigres e em Porto Alexandre (Tômbua). Estes trabalhos foram elogiados em várias revistas da especialidade e mereceram, até, a visita de técnicos estrangeiros. Além de combate à erosão o engenheiro Sardinha projetou e implantou muitos polígonos florestais em Angola de grande impacto social (provimento de lenhas), ambiental (cortinas contra o vento e secagem de pântanos em redor das cidades) e tecnológico (indústrias de madeira e celulose).

Se Angola quiser retomar as obras de defesa dos solos terá que se ter em conta que a - ampla participação das populações locais é fundamental. O recurso a empreiteiros é inócuo, porque são obras que exijem vigilância constante e atuação rápida. Só as populações locais o podem fazer, através de obras de administração direta. São empreendimentos que não obedecem a prazos e cujas verbas têm que ser bem gerenciadas. As populações têm que sentir que as obras se destinam aos seus filhos e netos.
Fig 11 Uma ravina recuperada com obras de correção torrencial: construção, em escada, de pequenas barragens de gabião. É visível a notável recuperação da voçoroca, até com um certo ar de beleza; a vegetação natural respondeu em dobro!

A defesa e conservação de solo é uma ciência nova que começou a ser desenvolvida depois do desastre ambiental de 1934, nos Estados Unidos da América, conhecido como “Dust Bowl” (bacia da poeira)
Fig 12 Restituição do excesso de água de um canal para o respetivo rio.
O “abandono” da água de uma vala provoca erosões graves, como sucedeu em Luena, conforme descrevemos atrás.
Fig13 Um sugestivo exemplo de conservação do solo. A voçoroca está estabilizada e
as águas foram disciplinadas através de defesas e” curvas de nível”.

Angola, inserida na zona tropical de chuvas intensas e solos frágeis, está sujeita a perder solo arável logo que se façam grandes atividades agrícolas ou de engenharia, sem que se leve em conta a temida susceptibilidade à erosão.
Somos muito cepticos quanto aos agronegócios dos combustíveis: eles estão acelerando o custo dos alimentos, estão provocando a destruição de florestas naturais e são um grande negócio (para grandes empresas somente!). Os países com grandes extensões territoriais, fraca densidade demográfica e abundância de água são os mais procurados para esta agricultura mineradora.
Os intencionalmente denominados “bio combustíveis” são apenas negócios dirigidos por gestores. Não é preciso acrescentar mais nada! Pobres solos e pobre Natureza! A agricultura merece melhor sorte e, sobretudo, mais respeito!
Fig 14 Agricultura extensiva de acordo com as tecnicas da conservação do solo. Cultura em “curvas de nível” contínuas e contíguas. As águas são encaminhadas, com pouca velocidade, para as respetivas linhas de água. É uma agricultura que envolve grandes investimentos, ou seja, os solos terão de corresponder com boas taxas de rendimento. Infere-se que é uma agricultura onde o dono sente orgulho e tenciona passá-la aos seus descendentes.É uma agricultura sustentável, não é mineradora.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

HÁ 30 ANOS ATRÁS DOS ÁRBITROS

Há 30 anos atrás dos árbitros
Aqui fica o registo de um desses momentos históricos
em que nada aconteceu aos valentes jogadores
- nem um cartão amarelo clarinho !!!
Assim se ganham campeonatos !!!

quinta-feira, 14 de julho de 2011

ADD - CARTA DE INDIGNAÇÃO AOS NOSSOS GOVERNANTES

Carta enviada por email a Passos Coelho, Paulo Portas e Nuno Crato


Ex-mo Senhor Dr. Pedro Passos Coelho, Primeiro-ministro de Portugal
Ex-mo Senhor Dr. Paulo Portas, Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal
Ex-mo Senhor Doutor Nuno Crato, Ministro da Educação e Ciência de Portugal


Sou um cidadão normal, eleitor, contribuinte, nascido em Angola (3ª geração) mas português por opção, interessado e preocupado com o país mas com um estigma que há uns tempos para cá me açoita: sou professor.
É nestas condições que me pretendo dirigir a Vossas Excelências, com o maior respeito, obviamente, mas também com a noção de que devo ser respeitado e a obrigação de tornar claro sentimentos de indignação, que são comuns a mais de uma centena de milhar de professores, estou certo, incapazes de dar a cara por acomodação, por inoperância, por medo ou até mesmo por desleixo. Desistiram mas eu oiço-os diariamente, oiço as suas revoltas e sei que neste momento sentem o que estou a sentir. Sinto-me, sentimo-nos, enganados e, naturalmente, revoltados. E os Senhores sabem disto.
Os senhores não podem, não é não devem, é não podem mesmo, mas é que não podem mesmo, enquanto cidadãos, como eu, dizer uma coisa e depois, em menos de um mês, como governantes, e com poder nas mãos, dizerem ou fazerem outra. Não podem usar-nos. É falta de lealdade. Oiçam o que disseram em período de campanha eleitoral pela rádio e TV e leiam com o mínimo de atenção e cuidado o que escreveram em memorandos e programas de governo a propósito deste incompetente modelo de avaliação de desempenho docente (ADD). Os nomes que lhe chamaram e o enterro que lhe fizeram. No dia 5 de Junho era assim, até já tinham dias antes aprovado na Assembleia da República a sua suspensão. Estavam contra, literalmente contra um modelo que em menos de um mês é rigorosamente o mesmo, sem tirar nem pôr.
E neste contexto, estritamente da ADD para não divagarmos, quando chegaram ao governo, não encontraram “esqueletos no armário”, encontraram o mesmo modelo anacrónico, burocrático, mentiroso, injusto, irresolúvel, impraticável, e, acima de tudo odioso. É o espelho do ódio a uma classe que anda há 6 anos a tentar, mais do que ridicularizá-la, espezinhá-la. Este modelo não foi alterado, é o mesmo do dia 5 de Junho e do dia 12 de Julho, dia em que escrevo. Repito, exactamente o mesmo.
O que me custa, Senhor Primeiro-ministro e Senhores ministros, é que esta ADD não vale nada, nada mesmo, não tem pés nem cabeça, não avalia nada, não é fiável nem tem qualquer equidade, é desigual e injusta, extremamente injusta. Custa-me ver professores a mostrarem fotografias banais de actividades apenas para evidenciarem a sua participação, de relatarem almoços e jantares de Natal ou Páscoa na escola como evidências do seu envolvimento na comunidade escolar ou, incrivelmente, ver autênticos tratados de evidências nas secretarias de professores que esperam por uma avaliação ao quilo. Tudo sem jeito e sem ponta por onde se lhe pegue. Cada um à sua maneira, intra-escolas e inter-escolas. O tempo que se continua a perder, as toneladas de papel e tinta que se tinham evitado estragar em tempo de crise…
Mas o que me custa ainda mais, muito mesmo, é que os Senhores sabem isto tudo, colocados no poder pelo voto com o que prometeram, esqueceram-se de cumprir com a palavra dada em tão poucos dias mesmo sabendo que o que lá encontraram é o mesmo que sempre lá esteve e que os senhores conheciam completamente e tanto glosaram e ridiculizaram. Parecem, infelizmente, inacreditáveis as semelhanças com o anterior governo.
Considero isto, uma falta de respeito e uma enorme deslealdade, obviamente que considero. E também não gosto de ser enganado, reportando-me ao nosso saudoso Pinheiro de Azevedo, “é uma coisa que me chateia”. Não gosto e acho indecoroso para ficar só por aqui.
Eu tenho o direito de ser respeitado e a minha integridade em 37 anos de ensino, com o investimento, à minha custa, de uma vida feita em prol da educação e da escola não me posso permitir ver denegrida a honorabilidade que sempre coloquei no que amo como professor. Por isso escrevo a Vossas Excelências com a mesma revolta que tinha o sangue dos Lusitanos, com a mesma determinação pela verdade e pelo respeito com que Antero de Quental e Ramalho Ortigão se bateram em duelo pela honra e dignidade, em defesa de valores que aprendi, desde criança, a ver cumpridos com a palavra dada pelo meu avô e pelo meu pai. Bastava a palavra. Outros tempos.
Lamento profundamente a forma tão fácil e ligeira com que se diz e desdiz, o incumprimento persistente com que se falta à palavra, a promessa fácil e como é usada para se atingirem fins. Razão tinha Bordalo Pinheiro.
Mas também me revolta, e muito, a forma como fui usado por Vossas Excelências para conseguirem chegar ao poder. Estou francamente indignado.

Senhor Dr. Pedro Passos Coelho, Primeiro-ministro de Portugal
Senhor Dr. Paulo Portas, Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal
Senhor Doutor Nuno Crato, Ministro da Educação e Ciência de Portugal

Não vou pedir para que este modelo, tal como está e esteve há um mês antes de chegarem ao poder, seja suspenso imediatamente porque essa é evidentemente uma exigência, e é uma exigência que deve partir, em primeiro lugar, do próprio governo.
As escolas precisam de paz e de trabalho empenhado, precisam de verdade e de justiça, tudo coisas que esta ADD não revela.
O governo precisa de respeitar os professores e de cumprir com o que prometeu quando pedia votos antes de ter o poder. Se era para não cumprir, tivessem-no dito antes. É assim que a abstenção às urnas cresce e depois os governantes, sem pundonor, se queixam.
Que diriam ou que fariam Vossas Excelências no meu lugar se eu lhes tivesse pedido o voto e depois, à socapa e no imediato, como é de facto o caso, estando no poder, passasse a fazer e a dizer o contrário? Não se revoltavam? Evidentemente.
A política em Portugal conspurca-se cada vez mais em limites insustentáveis. Os Senhores não encontraram neste modelo de ADD, números irreais, estatísticas alteradas, engenharia contabilística, não, não encontraram. O que encontraram e já conheciam, e bem, foi uma completa ausência de regulação em princípios de precisão, fiabilidade de dados que devem ser rigorosos e válidos, com respeito pela transparência, credibilidade dos instrumentos, clareza, coerência, isenção, rigor e equidade. Não é uma avaliação justa nem confiável e a ambiguidade que se verifica, dificulta sobejamente as necessidades que deveriam estar subjacentes à justiça, seriedade, verdade e integridade. Nada disto é novidade para o governo e os professores não podem ser desconsiderados.
Portugal é um país com mais de 800 anos de História e com actos tão nobres como o de Egas Moniz no cerco a Guimarães por ter faltado à palavra dada. O governo eleito tem de cumprir com a palavra dada, tem obrigação de ser verdadeiro e, ao menos, estar ao nível da verdadeira dimensão da História deste país. A suspensão deste modelo de ADD, já, é um imperativo nacional. Exige-se que o seja.

Respeitosos cumprimentos

Francisco Teixeira Homem (BI 7356693)

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

SPORTING CLUBE DE PORTUGAL - UM CLUBE A SÉRIO !!!!!

Para todos os Sportinguistas, e "outros", para que tomem conhecimento de algumas realidades.... 20 factos verídicos:

1. O SPORTING é o único grande Clube Nacional que não alterou o seu ano de fundação (veja-se slb e fcp)
2. O SPORTING é o único Clube do Mundo que, neste momento, tem dois museus oficiais (Lisboa e Leiria).
3. O SPORTING possui o Jornal de clubes mais antigo do Mundo (o primeiro número foi publicado a 31 de Março de 1922).
4. O SPORTING detém (mudialmente)o jogador com melhor média de golos em jogos do Campeonato Nacional (Fernando Peyroteo com 1,68 golos/jogo). Até hoje não foi ultrapassado...
5. O SPORTING cedeu o 1.º jogador português à Selecção da Europa: José Travassos em 1955 (vitória da Selecção da Europa à Inglaterra por 4-1, em Belfast).
6. O SPORTING é, actualmente, o único Clube mundial que formou dois FIFA World Player: Luis Figo (2001) e Cristiano Ronaldo (2008) . Vamos a caminho do 3º com NANI...
7. O SPORTING desde o início das competições europeias de clubes, só é ultrapassado em n.º de participações pelo Real Madrid (54) e Barcelona (53). Os Leões somam 51.
8. O SPORTING apontou o 1.º golo na Taça dos Clubes Campeões Europeus, em futebol: João Martins frente ao Partizan de Belgrado, a 4 de Setembro de 1955.
9.O SPORTING tem 22 taças europeias conquistadas, o Real Madrid 26 e o Barcelona 66. No entanto, somente os «leões» e o Barcelona venceram em quatro modalidades distintas.
10. O SPORTING ainda hoje detém recordes nos títulos europeus conquistados (excepto andebol):

» Atletismo: Único Clube europeu com vitórias em pista e cross: por 2 vezes sagrou-se hexacampeão em cross.

» Hóquei em patins: Maior goleada de sempre por 33-1 ao H. Gujan (França), nos quartos-de-final da Taça CERS, em 1983/1984.

» Futebol: Maior goleada de sempre por 16-1 ao Apoel Nicósia (Chipre), nos oitavos-de-final da Taça dos Vencedores das Taças, em 1963/1964.

...convém lembrar uma Vitória sobre o grande Manchester United por 5-0 em Alvalade, para a Taça das Taças da Europa...

11. O SPORTING é o 2.º Clube europeu com maior n.º de atletas olímpicos (109 até Pequim’08) a seguir ao Barcelona. No entanto, estes 109 atletas «leoninos» actuaram em 10 modalidades distintas e, os do Barcelona, apenas em seis.
12. O SPORTING é o único Clube nacional (e dificilmente haverá outro na Europa e no Mundo), que nos últimos 48 anos teve atletas em todos os Jogos Olímpicos realizados.
13. O SPORTING, desde que existe o Comité Olímpico Português, esteve em 24 dos 28 Jogos Olímpicos realizados (apenas ausente em 1920, 1934, 1936 e 1956).
14. O SPORTING é a equipa portuguesa com mais medalhas olímpicas conquistadas (8 no total: 3 de ouro, 4 de prata e 1 de bronze).
15. O SPORTING teve o 1.º atleta nacional a participar nos Jogos Olímpicos (António Stromp, em Estocolmo – 1912), bem como o 1.º atleta nacional a conquistar uma medalha de Ouro (e a ouvir o Hino Nacional): Carlos Lopes em Los Angeles – 1984 – , na difícil prova da maratona.
16. O SPORTING detém a maior goleada da história dos Campeonatos de Portugal (18-0 ao Torres Novas, em 1927/1928), dos Campeonatos Nacionais (14-0 ao Leça, em 1941/1942) e das Taças de Portugal (21-0 ao Mindelense, em 1970/1971).
17. O SPORTING detém o recorde de golos (por equipa) numa só época do Campeonato Nacional: 123 golos em 26 jornadas (época 1946/1947) com uma média fantástica de 4.7 golos por partida.
18. O SPORTING, segundo uma reportagem da BBC, está num patamar superior ao Ajax: “O clube holandês é considerado um clube de topo na formação. Um estatuto apenas igualado pelo Sporting. Os «leões» possuem, no entanto, uma Academia mais bem apetrechada”.
19. O SPORTING é o Clube que mais jogadores cedeu à Selecção Nacional em fases finais do Campeonato do Mundo de futebol (24 no total vs 21 do Benfica e 18 do Porto).
20. O SPORTING assume a sua dimensão mundial quando olhamos para os 380 Núcleos, Filiais e Delegações espalhados pelos cinco continentes, sendo o único Clube nacional com esta presença universal e verdadeiramente global.

O conteúdo desta mensagem de correio electrónico e seus anexos não é confidencial pode e deve ser divulgado, por forma a acabar com os "enganos" de alguns ...
 
ahhhh ... e também não andou a telefonar aos árbitros

terça-feira, 2 de novembro de 2010

INCÊNDIOS FLORESTAIS: FATALISMO, CONFORMISMO OU FALTA DE PLANEAMENTO? (1)


Agosto é o pior mês do ano. As pessoas ficam atacadas pelas férias, os desastres nas estradas multiplicam-se, envolvendo mortos e feridos, o calor torna-se desagradável, as pessoas amontoam-se nos aeroportos, as bibliotecas fecham e, a somar às tragédias das estradas, os incêndios florestais regressam, com uma regularidade mais do que previsível, mas infelizmente nunca encarados em termos científicos. Improvisação é o que mais se vê no combate aos fogos florestais.
No Brasil dizem que “agosto é o mês dos cachorros loucos” . Foi em 25 de Agosto de 1954 que o presidente Getúlio Vargas se suicidou e isto repercutiu-se em termos históricos. Foi também em Agosto de 1961 que o presidente Janio Quadros se demitiu, deixando todos os brasileiros perplexos, desconsolados e desencantados com a democracia, precipitando o Brasil para mais uma situação política adversa.
Em Agosto, em Portugal, quando abro a janela de manhã e olho para cima, vejo quase sempre, em dias de céu límpido, umas nuvens escuras, acastanhadas que induzem desconfiança : não é água mas fumaça. De incêndios, embora os meios de comunicação, de dia para dia, estejam diminuindo as notícias e reportagens sobre fogos. A imprensa e a TV minimizam os fogos à medida que aumentam os terrenos calcinados.
Este ano (2010) arderam 125 852 ha (43 608 de povoamentos florestais e 82 244 ha de matos totalizando 20 927 ocorrências com 3 638 incêndios florestais É a maior área ardida nos últimos 4 anos, correspondente a quase duas vezes a área da ilha da Madeira (796 km2 ). Em 2 de Outubro ainda se registaram incêndios.
Há áreas em Portugal que já arderam 14 vezes em 30 anos; como pensar em repovoamentos?
O belo património português (flora,fauna e propriedades) vai desaparecendo, um pouco, todos os anos. Fatalismo é a atitude com que se encaram os incêndios florestais. Não é, e está muito longe de o ser!
De entre todos os desastres naturais, terramotos, tsunamis, vulcões, tornados, furacões, deslizamentos e entre os provocados pelo homem,os incêndios são os mais previsíveis. A nossa historiografia de fogos vem desde tempos imemoriais: os dados meteorológicos, a esplêndida cartografia, o conhecimento sobre as propriedades de todas as matérias inflamáveis, o sensoriamento remoto por satélites, os telemóveis,os meios aéreos e, até, as observações casuais de pessoas experientes, são mais do suficientes para se definirem estratégias de prevenção, detecção e combate. Infelizmente todos os anos repete-se sempre o mesmo cenário de tragédias, com as florestas e parque naturais sendo devorados pelo fogo. Agora já se assiste à perda de vidas humanas, de animais domésticos e de casas. Não é pela TV ou jornais, infelizmente cada vez mais parcos em noticiar incêndios, que é possível aquilatar os danos à biodiversidade. Ninguém os menciona!
E as pessoas comuns perguntam angustiadas: mas não haverá maneiras de minimizar estes incêndios e, até, de evitá-los? Será que vai arder todo o país?
O melhor combate ao fogo, como diria monsieur de La Palisse, é evitá-lo. A engenharia, com todos os seus ramos, dispõe hoje de métodos aperfeiçoados de modo a defender eficazmente a massa florestal dos fogos.
1) Ordenamento do território
Tudo começa com um bom ordenamento do território definindo áreas específicas de acordo com as aptidões urbanas, industriais, agrícolas, pecuárias, de mineração e florestais. Um ordenamento, sublinhe-se, para ser cumprido rigorosamente, sem excepções, desculpem-me o pleonasmo. Este é justificado porque, infelizmente, é o que se não verifica na prática. Há sempre um chico esperto que contorna a lei. Constrói-se, à revelia, nos parques naturais e florestais.
Vamos abordar, apenas, o caso dos incêndios florestais. É particularmente difícil o ataque a fogos em áreas florestais situadas em zonas de relevo montanhoso. Uma orografia desfavorável é uma pesada agravante, mas não é motivo para fatalismos, pelo contrário, é um desafio à ciência e tecnologia.
As áreas de relevo acentuado são impróprias para agricultura e para gado bovino; resta a floresta. É assim em todo o mundo. Logo, na definição de um parque florestal de exóticas ou de flora natural, tem que se levar em conta vários parâmetros de ordenamento, de implantação, de vigilância e detecção e de combate aos fogos. E, especialmente, de justiça rápida e dura para os incendiários.
2 ) Implantação de um polígono florestal
Depois de definidas as áreas de ocupação- zonas urbanas, pastos, baldios, áreas húmidas, estradas e caminhos, vamos deter-nos, na implantação de um polígono florestal de árvores exóticas, como por exemplo o eucalipto. Estamos a admitir que, “a priori” os Parques Naturais terão que ser os mais bem defendidos, o que não acontece na realidade.
Basta pronunciar a palavra eucalipto e logo aparecem alguns ambientalistas irados ostentando os velhos slogans de que “chupa toda a água”, “onde entra mata tudo”, “é negócio de multinacionais”. Um pouco com o que se passa com a aversão às barragens, agora a serem construídas “a toque de caixa”, numa tentativa de utilizar a energia eólica ociosa porque é intermitente, difícil de conciliar com a macro-rede elétrica. Este açodamento pelas barragens, além de serôdio, é irónico, se nos lembrarmos da fobia Foz Côa e das campanhas anti-Alqueva. Repentinamente as barragens foram associadas às energias renováveis onde desempenham o papel de melhor sócio. Agora já se não demonizam as barragens!
O eucalipto não é tão daninho como se apregoa. É uma árvore de crescimento rápido, resistente, adapta-se a quase todos os climas, dá boa madeira para a construção civil, fornece a maior cota de celulose para o fabrico de papel,seca pântanos, purifica o ar. Em resumo é um matéria prima valiosa, é um vector económico a ter em conta.
Em África o eucalipto substitue com vantagem as lenhas tradicionais que vão escasseando porque as árvores da savana, cada vez mais sacrificadas, não têm crescimento rápido, e não medram em polígono mas apenas associadas a outras árvores. A savana africana caracteriza-se pela biodiversidade. Só por isto o eucalipto salva as plantas raras da savana.
Em um quadrado de 400 m2 nas savanas do Planalto Central de Angola anotámos, em jeito de rapidez, mais de 100 espécies de flora. A savana africana, embora dê pouca madeira, é de uma enorme riqueza, basta acentuar que abriga milhões de abelhas. É uma massa arbórea de pouca densidade em madeiras. Só o eucalipto a poderá salvar, devido à intensa procura de lenhas para os afazeres domésticos de milhões de africanos.

Todos os polígonos florestais, sejam em montanha ou em planície, devem ser divididos em talhões, cuja área, de cada um, é definida de acordo com as susceptibilidades apresentadas pelas árvores conforme a sua inflamabilidade No caso específico do eucalipto, em área levemente ondulada em Angola, os talhões quadrados tinham de lado 300 m ou seja uma área de 9 ha. Os talhões eram envolvidos por 4 vias de acesso- 2 aceiros e 2 arrifes . Um aceiro tinha uma largura de 12 m e um arrife de 6 m.
Um aceiro é um caminho perpendicular aos ventos preponderantes nos meses mais desfavoráveis. Em Portugal o núcleo quente, propício a fogos, desenvolve-se entre 15 de Julho a 15 de Setembro, com o centro de gravidade teórico em 15 de agosto. Para estes 60 dias críticos existem anemogramas ou cartas de ventos, que permitem obter, através de fórmulas empíricas,baseadas na experiência, qual a largura do aceiro. Este é, sempre que possível, perpendicular aos ventos mais desfavoráveis.
Um arrife é um caminho perpendicular ao aceiro, geralmente com metade da largura deste. Aceiros e arrifes devem ser mantidos apenas com vegetação rasteira, se possível com arbustos que se mantenham sempre verdes ao longo do ano. Um talhão, repetimos, é sempre envolvido por dois aceiros e dois arrifes. O acesso fica facilitado e o fogo está sempre confinado.

Fig 1 Ventos predominantes em Portugal. Graças a dados meteorológicos, obtidos pelos nossos ancestrais, Portugal dispõe hoje de meios de previsão, bastante confiáveis, baseados nestes preciosos valores. Conhecemos muitos observadores de meteorologia, humildes, que hoje são apenas lembrados pelos descendentes, que colheram durante anos a fio, sem interrupções, como é do boa norma em meteorologia, estes dados valiosíssimos, que permitem refutar muitos alarmismos que por aí circulam, mas que nos levam a tomar umas certas precauções. Estas devem incidir sobre a água e os verdes (floresta e matos). Fonte: Macedo,F.W.& Sardinha,A.M.(1999)-Fogos Florestais.(2 volumes)Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (U.T.A.D.) Vila Real.Publicações Ciência e Vida, Lda.Lisboa

Fig 2 Zonas de risco de incêndios florestais em Portugal. O bom acervo científico facilita o estabelecimento de um bom plano de defesa do património natural e humano. A figura mostra-nos quais as áreas de risco de fogos florestais,ou seja onde devem incidir as maiores defesas. Fonte: Macedo,F.M.& Sardinha,A.M.-1999. Fogos Florestais(2 volumes). Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro- U.T.A.D Vila Real. Publicações Ciência e Vida,Lda.Lisboa.

Fig 3 Isoietas são linhas que unem pontos de igual precipitação No Norte, anualmente, as chuvas passam além de 2 000 mm ( 2000 L/m2,num ano ), mas ao sul atingem 400 mm ,(400 L/m2 ); isto caracteriza uma variedade de micro-climas propícios para uma agricultura de qualidade, especialmente em frutas.Há boas condições para floresta exótica de rápido crescimento.
Fonte: Lencastre,A.& Franco F.M.-Lições de Hidrologia (1984). Lisboa. Universidade Nova de Lisboa.

Se o terreno for muito acidentado, com declives acentuados (inclinações superiores a 30 %), devem-se orientar os aceiros de acordo com a topografia implantando-se acessos, se possível, em linhas de cintura com inclinações até 10%, para poderem circular viaturas normais. Os arrifes, como se afirmou, serão sempre perpendiculares aos aceiros, e, neste caso apresentarão declives muito acentuados. Os ataques aos fogos serão feitos, exclusivamente, através dos aceiros.
Quando os polígonos florestais são muito grandes (maiores do que 5 000 ha - 5km×10 km- ) é de bom alvitre que,dentro deles, se implantem corpos de água evitando-se as viagens, às vezes longas, para o reabastecimento. Estes corpos de água podem ser obtidos com pequenas barragens de terra, de alvenaria de pedra ou de betão, de altura superior a 10 m, ou escavando depressões do terreno ou aproveitando áreas de empréstimo para aterros ou antigas pedreiras. As áreas montanhosas,onde os vales são muito apertados, são mais vantajosas para armazenamentos de água do que as áreas planas ou levemente onduladas onde os vales são mais abertos e pouco profundos. Consideramos como muito boa uma barragem, ou reservatório, que acumule mais de 100 000 m3 de água, ou sejam aproximadamente 5000 viagens de um auto tanque. É óbvio que o planeamento de um povoamento florestal aplica-se, com maioria de razão, nas medidas de defesa da floresta natural. Se for o caso devem abrir-se aceiros e arrifes.

Fig 4 Escoamento anual das chuvas compreendido entre 100 mm (em branco) e 800 mm (em azul escuro). A parte mais húmida, com maior escoamento anual, é o NW (noroeste) onde, como é óbvio, se regista a maior precipitação . Um paradoxo: onde mais chove é onde mais arde. Fonte: Atlas do Ambiente- Ministério do Ambiente.

Fig 5 Corpo de água dentro de um povoamento florestal na Áustria. Os corpos de água, localizados em pontos estratégicos, com acessos optimizados através da Investigação Operacional, diminuem os tempos de recarga para os auto-tanques e helicópteros. E, também, servem de abrigo para os animais acuados e, indiscutivelmente, valorizam e embelezam a paisagem.

3) Detecção e vigilância
3.1) Patrulhamento terrestre. “O medo é que guarda a vinha, que não o vinhateiro” é uma frase que ficou na nossa memória e já lá vão umas dezenas de anos. Ela servia de exemplo para as “partículas de realce” em gramática. Hoje serve-nos para enfatizar a extrema acuidade da vigilância ostensiva. Outrora eram os guarda-florestais que desempenhavam, e bem, as tarefas de policiamento e detecção dos fogos. Os termos guarda e policiamento colidem hoje com o politicamente correto vigente nos meios de comunicação e em determinadas correntes políticas. Chamem-lhes o que quiseram mas, se pretendem acabar com esta vergonha, os guarda-florestais darão uma grande ajuda.
É óbvio em todo o mundo: um policiamento ostensivo e uma justiça rápida e dura, diminuem, e muito, a ocorrência de incêndios. Eles são em maioria ateados por mãos criminosas. Verifica-se que, onde há policiamento florestal, a taxa de incêndios é diminuta.
Os meios de policiamento podem dispor hoje de meios sofisticados: boas viaturas todo o terreno, telemóvel, máquinas de filmar (que podem ser instaladas em tripés, escondidas) e fotográficas, binóculos com luz negra para visão nocturna, detectores de calor,sensoriamento remoto através de satélites.
Os meios aéreos para detecção de fogos são imprescindíveis, especialmente para se planear uma estratégia de rápido combate pelos bombeiros. Mas eles não são uma solução total.
3.2) Torres de vigilância. Podem ser de madeira, aço ou betão armado. Dispõem no topo de uma cabine toda envidraçada, com visibilidade para todos os lados. Só recebem vigilantes no tempo mais crítico; em Portugal, como já foi afirmado, é em Julho,Agosto e Setembro.

Fig 6 Fogos na Península Ibérica em Agosto 2010. Mapa extraído da Internet. Há uma ilógica concentração de fogos, precisamente na área onde mais chove e onde é maior o escoamento anual. Resumindo “quanto mais água, mais arde”. Não alinhamos com os catastrofismos do aquecimento global( quem é o homem para mudar o clima da Terra?) mas ficamos inquietos com o pouco verde do mapa. Pouco menos de metade de Portugal é verde, visto de satélite.Isto não é provocado pelo aquecimento global. Esta visão deve alertar-nos para o cuidado que teremos que ter em relação à cobertura vegetal. Só um planeamento feito pelos sábios deste país pode minimizar este evidente problema. Que tal aumentar rapidamente o nosso verde, e preservá-lo com determinação?

INCÊNDIOS FLORESTAIS: FATALISMO, CONFORMISMO OU FALTA DE PLANEAMENTO? (2)

A altura das torres de vigilância e detecção depende da topografia e da respectiva localização. Em regra a altura é de 10 m acima da copa máxima. A distância máxima entre torres é em torno de 10 km podendo cobrir uma área de 10 a 15 km2 (4 km×3 km). Uma torre, aproveitando a topografia, pode cobrir mais de 60% da área circundante.
Uma torre é equipada com binóculos de grande alcance e munidos de visão nocturna, um goniómetro que dá um azimute que, cruzado com outros três, fornece a posição exacta do fogo. Também dispõe de detectores de calor, de telemóveis e de GPS.
Nos países onde a vigilância florestal atinge níveis de excelência (Japão, Canadá, Estados Unidos e Austrália) abundam os candidatos para ocupar as torres nos meses mais críticos. Geralmente são pessoas que precisam de solidão para escreverem um livro ou acabar uma tese, que tenham passado por um desgosto, que gostam de privar com a natureza: são vulgares os casais recém casados. Não faltam candidatos nos meses mais críticos.
Fig 7 No Canadá e E.U.A. os ultraleves e aviões ligeiros de particulares colaboram, intensamente,
na detecção dos fogos, mercê de incentivos e benefícios suportados por empresas madeireiras e de celulose.

Fig 8 Aeronave russa Beriev Be-200 ES de combate aos incêndios.Versátil, poisa em terra e na água. O poiso na água confere-lhe muita rapidez no enchimento dos tanques de água. Carrega 12 000 L de água, mais do dobro da capacidade do Canadair.É de grande eficiência, mas tem o inconveniente de ser grande e pesado, exigindo uma boa pista. De 10 Julho a 30 Setembro de 2007 voaram 2 aparelhos em Portugal, ajudando a debelar 57 fogos, durante 167 horas e lançando 2,5 milhões de litros de água sobre as chamas. Julgava-se que eles eram um “deus ex-machina”,capazes, por si sós, de extinguir rapidamente qualquer fogo e de resolver o terrível problema dos fogos. Vâ ilusão.Os aviões e helicópteros, no combate aos fogos, são de inestimável ajuda, especialmente na detecção. Bombeiros e sapadores são, indiscutivelmente, o fulcro na extinção de fogos. É com estes que se devem gastar as maiores verbas. São estes que devem ser mais favorecidos.

Fig 9 Uma torre de vigilância e detecção feita de aço.
Possue vários passadiços proporcionando diversas alturas de observação

Fig 10 Torre de vigilância bem aparelhada

Fig 11 Torre de vigilância sofisticada com energia fornecida por painéis solares

3.3) Meios aéreos.
São necessários, especialmente para se planear uma estratégia de rápido combate, no terreno, pelos bombeiros. Mas os meios aéreos não são uma solução total e, muito menos milagrosa..
Além da sua utilidade em detecção, usam-se especialmente quando os incêndios são “de copa”de grande intensidade e em áreas de difícil acesso aos bombeiros. Lançam-se retardantes químicos ou água, antes que eles tomem grandes proporções, até chegarem as equipas de bombeiros.
3.3.1) Deus ex-maquina
Na Grécia antiga (490 a 400 AC) o teatro atingiu níveis de excelência. Algumas peças teatrais, daquele tempo, ainda hoje são levadas à cena. À semelhança do que se passa hoje com as telenovelas, os dramaturgos gregos enredavam as peças de tal maneira que depois “se viam gregos” para arranjar um final que satisfizesse o público. Quando já não havia mais imaginação ou tempo (ou, se calhar como hoje, verba) a peça terminava, abruptamente, com um “deus ex-machina”. Através de uma sistema de roldanas descia no palco um Deus que conciliava todas as situações e resolvia rapidamente todas as ambiguidades que se foram desenrolando ao longo da peça. O final era sempre feliz, satisfazendo os melhores desejos dos espectadores.
Esta figura de retórica aplica-se hoje para as situações que se querem resolvidas através de um meio mais curto e, se possível, mágico. O cinema recorre muito ao “deus ex-machina”. Basta recordarmos velhos westerns: quando os índios cercam os colonos e estes já não têm munições, ouve-se uma corneta e aparece, triunfalmente, o 7º de cavalaria com as suas armas de repetição.Nas guerras actuais o helicóptero é o Deus ex-machina para todas as situações.
O exemplo mais recente, aplicado em outra área, é o caso selecção/Mourinho. Pretendia-se arranjar um “deus ex-machina” para a selecção e quem melhor senão Mourinho. Felizmente que o Real de Madrid cortou o “cabo da roldana” e limitou-se a utilizar uma solução antiga mas sempre a única: contrato é para se cumprir.
Pode-se aplicar o “deus ex-machina” aos incêndios em Portugal. Os meio aéeos não exigem muita mão de obra, embora a pouca que intervém seja bem paga. Merecidamente, acrescentamos nós, basta só mencionar o extremo perigo a que se sujeitam os pilotos. Mas os meios aéreos não extinguem um fogo, apenas o retardam, dando tempo aos bombeiros, estes sim os verdadeiros “extintores”, para chegarem perto das chamas.
Os aviões, como se tem verificado através das poucas imagens televisivas, não são um “deus ex-machina” , apenas fazem parte de um combate, aliado aos bombeiros. Sem bombeiros não se extingue um incêndio. Mas, a seguir a uma época catastrófica, logo aparece a solução “caída” do céu: mais aviões para o ano seguinte.
4) Incêndios urbanos.
Infelizmente este ano(2010) vimos na televisão incêndios de casas e bens pessoais. Há a lamentar mortes. Como evitar tais tragédias?
Edifícios, fábricas, currais e outras infrastruturas urbanas podem ser defendidas através de meios de prevenção. Em Portugal a região mais ardida (norte) é bem servida de chuvas, podendo-se esperar um escoamento médio pluvial, por ano, da ordem de mais de 300 mm. Admitindo este valor concluímos que uma área de 100 m2 de telhado ou de uma superfície cimentada, pode acumular um volume de água anual de 30 m3 que pode ser armazenado em uma cisterna.
Um moto-bomba, instalada em um rebocável, pode utilizar esta água logo que haja sinais de propagação de fogos. As moto-bombas podem ser propriedade das casas mais abastadas, ou podem pertencer aos bombeiros que as podem emprestar às propriedades que estejam em perigo. No caso das cisternas não encherem em um ano, o que é pouco provável no norte do país, receberão um ou mais camiões de empréstimo de água.
Em anos passados assistimos a um espectáculo penoso: um incêndio de grandes proporções aproximava-se de uma mansão com piscina. Em redor o pânico. Pessoas correndo com um tubo de plástico (diâmetro de 32 mm) que derrete facilmente com o calor, do qual saía um filete que, aplicado na chama, apenas lhe daria mais oxigénio. Outras pessoas acorriam com baldes, ou seja
Fig 12 Bimotor de motores de pistão Canadair o avião mais usado no combate a incêndios Carrega 5500 litros de água.
Pode poisar em terra em e na água uma herança do velho Catalina, hidroavião da guerra 1939/1945.

mais oxigénio. E a piscina cheia. Uma moto-bomba móvel,apropriada, com mangueira de lona extensível, facilmente teria molhado toda a área circundante, antes que o fogo se aproximasse.
Estupefactos assistimos este ano ao incêndio de um depósito de madeiras (?) e a uma instalação de pecuária onde morreram animais calcinados. No primeiro caso cabe bem a expressão “em casa do ferreiro espeto de pau”.
5) Combate e rescaldo.
São também tarefas ingratas e são desempenhadas pelos bombeiros e sapadores. Aqui os aviões e helicópteros de nada servem. Os bombeiros são os verdadeiros heróis de toda a saga dos incêndios florestais em Portugal.É, talvez, o único sector que funciona bem. E eles trabalham até ao limite. Sobre bombeiros não faremos qualquer comentário, apenas exaramos um louvor. E desejamos que apareça um planeamento científico onde eles vão sentir orgulho em estarem integrados nele.
6) Retardantes químicos
Os retardantes químicos destinam-se a reduzir a inflamabilidade de materiais lenhosos.O primeiro retardante a ser usado foi o borato de sódio, na década de 50, nos E.U.A. Pouco se usou por ser tóxico e corrosivo. Apareceram depois outros como o fosfato mono-amónico, o fosfato bi-amónico. Actualmente são inúmeros os retardantes, com variadas composições químicas.
Costuma-se adicionar soluções coloridas de modo a orientar o piloto e as brigadas terrestres. O mais conhecido é o oxido férrico de cor avermelhada.
Até que ponto é que os retardantes químicos contaminam o solo e as águas superficiais e subterrâneas? Em Seia, este ano, pelo que nos foi dado ver, registou-se uma cheia repentina dando origem a um escoamento de cinzas misturadas com a água. Parecia metal derretido ou magma esfriado!
7) Cabras
Quando apareceram umas notícias nos jornais e na TV sobre uma provável utilização de cabras, na limpeza das florestas e das matas, julgámos que era 1º de Abril, mas não era. E o número era impressionante, nada menos do que 150 mil herbívoros seriam destacados para efectuar tarefas que outrora eram desempenhadas pelos nossos ancestrais, no tempo em que a electricidade e o gás não faziam parte da vida quotidiana. Era a lenha que fornecia a energia de uma casa.
Não é novidade a colaboração das cabras. A primeira esquadra marítima que aportou à Austrália em 1788, com fins de povoamento (com colonos à força, vulgo degredados), já trazia os simpáticos herbívoros para provimento de proteínas. Rústicas como são,elas rapidamente se adaptaram aos novos habitates; de tal maneira que, decorridos mais de 50 anos, já se tinham transformado em praga.
Sem predadores carnívoros que pusessem em perigo a taxa de natalidade elas espalharam-se por toda a Austrália, mesmo nas regiões onde há escassez de água. Na pequena ilha de Phillip os efeitos foram devastadores, mesmo com a introdução maciça de dingos. Estes são cães selvagens que fugiram ao controle dos humanos e encontraram um ambiente selvagem ideal: presas pacíficas e na maioria muito lentas. Apesar de bastas companhas de erradicação há hoje na Austrália cerca de 3 milhões de cabras enselvajadas.
Pior sucedeu nas ilhas Galápagos com a introdução de cabras pelos caçadores de baleias, pelos piratas e por marinheiros de várias proveniências. As ilhas de Santa Cruz, Floreana, São Cristóvão e especialmente Isabella foram as mais sacrificadas. Nesta ultima ilha as cabras devoraram todas as gramíneas que eram o alimento preferido das tartarugas gigantes. Estão em curso programas de erradicação das cabras nas Galápagos com grande sucesso.
As cabras, enselvajadas transformam uma floresta em prado e um prado em erosão. Um replantio florestal fica condenado ao insucesso se aparecerem as cabras. Cabras pastoreadas são uma bênção, cabras abandonadas são uma maldição.
Na ilha de Porto Santo as cabras também contribuíram para a devastação da flora, muito embora tenham sido os coelhos a maior praga. Em Cabo Verde as cabras selvagens devoraram toda a massa vegetal numa terrível seca em 1792 em que morreu mais de metade da população.

Fig 13 Erradicação das cabras , por modernos processos de preservação,
na ilha de Isabela no arquipélago das Galápagos.

A limpeza das florestas e das matas, denominada nalgumas regiões de roçado, faz-se há milhares de anos. Com o êxodo para as cidades estas práticas foram abandonadas. Mas hoje há máquinas que facilitam todas as actividades de limpeza e roçado. Mesmo com máquinas é imprescindível a colaboração de pessoas: os sapadores. Há que se criar um corpo de sapadores e há que se desenvolver planos para aproveitamento da massa vegetal que provém das limpezas, especialmente em energia.
Esta ideia de limpar as matas aproveitando a capacidade devoradora dos simpáticos herbívoros, sugere-nos que se está tentando arranjar “bodes expiatórios” para as terríveis tragédias que todos os anos se abtem sobre Portugal.
Fig 14 Austrália: cabras “limpando” as matas.

8) Conclusões
Incêndios florestais são mais do que previsíveis. No caso português consegue-se planear acções de modo a minimizarem-se as áreas ardidas, ou até a evitá-las. Portugal dispõe de valiosos dados meteorológicos com mais de 50 anos de observações cuidadas e rigorosas. Todo o país está coberto por uma meteorologia eficiente e, portanto, confiável. A meteorologia de previsão em Portugal é das melhores do mundo. Portugal possue muita experiência científica sobre fogos florestais.
A carta militar, à escala 1/25000 (680 folhas), é excelente, podem-se fazer planeamentos, optimizar itinerários para cada caso, podem-se obter rapidamente as coordenadas de qualquer local, dada a sua simplicidade. O GPS confirma a excelência cartográfica portuguesa.
A engenharia florestal portuguesa situava-se entre as melhores do mundo. Esta sabedoria foi transplantada para Angola onde foi possível estabelecer bons povoamentos florestais exóticos, protegeu-se, de um modo notável, a diversificada flora angolana.
Um dos maiores feitos da engenharia florestal portuguesa foi a contenção de dunas, no sudoeste angolano desértico (Namibe, Tômbua e Baía dos Tigres), acompanhada de povoamento florestal com árvores apropriadas (casuarinas). Este empreendimento era referido internacionalmente, chegou a ser filmado por equipas da Europa e dos Estados Unidos.
Salta à vista que o único meio de reduzir drasticamente os incêndios em Portugal será através de um plano geral que leve em conta as especificidades de cada região. Este plano poderá ser realizado por meio de um cluster (conjunto) de universidades de modo a colaborarem todas as engenharias. Vale ressaltar que não vislumbrámos até hoje a presença de um engenheiro silvicultor, na TV ou nos jornais, durante a época dos fogos ou fora dela. Estão ausentes, porquê? Onde param os engenheiros em Portugal?
O plano abrangerá todas as áreas de engenharia (geográfica,topográfica, florestal,agronómica, informática, civil, mecânica e ambiente). Utilizar-se-ão as ultimas “armas” da engenharia como por exemplo a optimização de acções através da investigação operacional. O plano terá que ter em conta, obviamente, a parte policial e jurídica.
Um cluster das nossas universidades poderá produzir um bom trabalho técnico-científico, até know- how para “exportação. Um bom planeamento de combate a incêndios pode despoletar bons estudos e teses de mestrado e doutoramento por preços normais, sem intermediários parasitas, de acordo com as tabela de honorários estabelecida pela Ordem dos Engenheiros.
Uma vez que tanto se propaga o Portugal Tecnológico chegou a altura de se utilizarem os engenheiros, em suas especialidades, e de se aplicar a moderna Ciência da Optimização e da Decisão. O estudo e execução das medidas contra os fogos devem ser entregues aos sábios e não aos mais sabidos.
Uma incompreensível apatia e um estranho silêncio abateram-se sobre os incêndios florestais e sobre as árvores calcinadas e cinzas que deles provieram.
Incêndios florestais um fatalismo anual? Redondamente, não.
Luiz Teixeira   Eng.civil     Outubro 2010