BEM-VINDOS A ESTE ESPAÇO

Bem-Vindos a este espaço onde a temática é variada, onde a imaginação borbulha entre o escárnio e mal dizer e o politicamente correcto. Uma verdadeira sopa de letras de A a Z num país sem futuro, pobre, paupérrimo, ... de ideias, de políticas, de educação, valores e de princípios. Um país cada vez mais adiado, um país "socretino" que tem o seu centro geodésico no ministério da educação, no cimo do qual, temos um marco trignométrico que confundindo as coordenadas geodésicas de Portugal, pensa-se o centro do mundo e a salvação da pátria.
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sexta-feira, 5 de novembro de 2010

SPORTING CLUBE DE PORTUGAL - UM CLUBE A SÉRIO !!!!!

Para todos os Sportinguistas, e "outros", para que tomem conhecimento de algumas realidades.... 20 factos verídicos:

1. O SPORTING é o único grande Clube Nacional que não alterou o seu ano de fundação (veja-se slb e fcp)
2. O SPORTING é o único Clube do Mundo que, neste momento, tem dois museus oficiais (Lisboa e Leiria).
3. O SPORTING possui o Jornal de clubes mais antigo do Mundo (o primeiro número foi publicado a 31 de Março de 1922).
4. O SPORTING detém (mudialmente)o jogador com melhor média de golos em jogos do Campeonato Nacional (Fernando Peyroteo com 1,68 golos/jogo). Até hoje não foi ultrapassado...
5. O SPORTING cedeu o 1.º jogador português à Selecção da Europa: José Travassos em 1955 (vitória da Selecção da Europa à Inglaterra por 4-1, em Belfast).
6. O SPORTING é, actualmente, o único Clube mundial que formou dois FIFA World Player: Luis Figo (2001) e Cristiano Ronaldo (2008) . Vamos a caminho do 3º com NANI...
7. O SPORTING desde o início das competições europeias de clubes, só é ultrapassado em n.º de participações pelo Real Madrid (54) e Barcelona (53). Os Leões somam 51.
8. O SPORTING apontou o 1.º golo na Taça dos Clubes Campeões Europeus, em futebol: João Martins frente ao Partizan de Belgrado, a 4 de Setembro de 1955.
9.O SPORTING tem 22 taças europeias conquistadas, o Real Madrid 26 e o Barcelona 66. No entanto, somente os «leões» e o Barcelona venceram em quatro modalidades distintas.
10. O SPORTING ainda hoje detém recordes nos títulos europeus conquistados (excepto andebol):

» Atletismo: Único Clube europeu com vitórias em pista e cross: por 2 vezes sagrou-se hexacampeão em cross.

» Hóquei em patins: Maior goleada de sempre por 33-1 ao H. Gujan (França), nos quartos-de-final da Taça CERS, em 1983/1984.

» Futebol: Maior goleada de sempre por 16-1 ao Apoel Nicósia (Chipre), nos oitavos-de-final da Taça dos Vencedores das Taças, em 1963/1964.

...convém lembrar uma Vitória sobre o grande Manchester United por 5-0 em Alvalade, para a Taça das Taças da Europa...

11. O SPORTING é o 2.º Clube europeu com maior n.º de atletas olímpicos (109 até Pequim’08) a seguir ao Barcelona. No entanto, estes 109 atletas «leoninos» actuaram em 10 modalidades distintas e, os do Barcelona, apenas em seis.
12. O SPORTING é o único Clube nacional (e dificilmente haverá outro na Europa e no Mundo), que nos últimos 48 anos teve atletas em todos os Jogos Olímpicos realizados.
13. O SPORTING, desde que existe o Comité Olímpico Português, esteve em 24 dos 28 Jogos Olímpicos realizados (apenas ausente em 1920, 1934, 1936 e 1956).
14. O SPORTING é a equipa portuguesa com mais medalhas olímpicas conquistadas (8 no total: 3 de ouro, 4 de prata e 1 de bronze).
15. O SPORTING teve o 1.º atleta nacional a participar nos Jogos Olímpicos (António Stromp, em Estocolmo – 1912), bem como o 1.º atleta nacional a conquistar uma medalha de Ouro (e a ouvir o Hino Nacional): Carlos Lopes em Los Angeles – 1984 – , na difícil prova da maratona.
16. O SPORTING detém a maior goleada da história dos Campeonatos de Portugal (18-0 ao Torres Novas, em 1927/1928), dos Campeonatos Nacionais (14-0 ao Leça, em 1941/1942) e das Taças de Portugal (21-0 ao Mindelense, em 1970/1971).
17. O SPORTING detém o recorde de golos (por equipa) numa só época do Campeonato Nacional: 123 golos em 26 jornadas (época 1946/1947) com uma média fantástica de 4.7 golos por partida.
18. O SPORTING, segundo uma reportagem da BBC, está num patamar superior ao Ajax: “O clube holandês é considerado um clube de topo na formação. Um estatuto apenas igualado pelo Sporting. Os «leões» possuem, no entanto, uma Academia mais bem apetrechada”.
19. O SPORTING é o Clube que mais jogadores cedeu à Selecção Nacional em fases finais do Campeonato do Mundo de futebol (24 no total vs 21 do Benfica e 18 do Porto).
20. O SPORTING assume a sua dimensão mundial quando olhamos para os 380 Núcleos, Filiais e Delegações espalhados pelos cinco continentes, sendo o único Clube nacional com esta presença universal e verdadeiramente global.

O conteúdo desta mensagem de correio electrónico e seus anexos não é confidencial pode e deve ser divulgado, por forma a acabar com os "enganos" de alguns ...
 
ahhhh ... e também não andou a telefonar aos árbitros

terça-feira, 2 de novembro de 2010

INCÊNDIOS FLORESTAIS: FATALISMO, CONFORMISMO OU FALTA DE PLANEAMENTO? (1)


Agosto é o pior mês do ano. As pessoas ficam atacadas pelas férias, os desastres nas estradas multiplicam-se, envolvendo mortos e feridos, o calor torna-se desagradável, as pessoas amontoam-se nos aeroportos, as bibliotecas fecham e, a somar às tragédias das estradas, os incêndios florestais regressam, com uma regularidade mais do que previsível, mas infelizmente nunca encarados em termos científicos. Improvisação é o que mais se vê no combate aos fogos florestais.
No Brasil dizem que “agosto é o mês dos cachorros loucos” . Foi em 25 de Agosto de 1954 que o presidente Getúlio Vargas se suicidou e isto repercutiu-se em termos históricos. Foi também em Agosto de 1961 que o presidente Janio Quadros se demitiu, deixando todos os brasileiros perplexos, desconsolados e desencantados com a democracia, precipitando o Brasil para mais uma situação política adversa.
Em Agosto, em Portugal, quando abro a janela de manhã e olho para cima, vejo quase sempre, em dias de céu límpido, umas nuvens escuras, acastanhadas que induzem desconfiança : não é água mas fumaça. De incêndios, embora os meios de comunicação, de dia para dia, estejam diminuindo as notícias e reportagens sobre fogos. A imprensa e a TV minimizam os fogos à medida que aumentam os terrenos calcinados.
Este ano (2010) arderam 125 852 ha (43 608 de povoamentos florestais e 82 244 ha de matos totalizando 20 927 ocorrências com 3 638 incêndios florestais É a maior área ardida nos últimos 4 anos, correspondente a quase duas vezes a área da ilha da Madeira (796 km2 ). Em 2 de Outubro ainda se registaram incêndios.
Há áreas em Portugal que já arderam 14 vezes em 30 anos; como pensar em repovoamentos?
O belo património português (flora,fauna e propriedades) vai desaparecendo, um pouco, todos os anos. Fatalismo é a atitude com que se encaram os incêndios florestais. Não é, e está muito longe de o ser!
De entre todos os desastres naturais, terramotos, tsunamis, vulcões, tornados, furacões, deslizamentos e entre os provocados pelo homem,os incêndios são os mais previsíveis. A nossa historiografia de fogos vem desde tempos imemoriais: os dados meteorológicos, a esplêndida cartografia, o conhecimento sobre as propriedades de todas as matérias inflamáveis, o sensoriamento remoto por satélites, os telemóveis,os meios aéreos e, até, as observações casuais de pessoas experientes, são mais do suficientes para se definirem estratégias de prevenção, detecção e combate. Infelizmente todos os anos repete-se sempre o mesmo cenário de tragédias, com as florestas e parque naturais sendo devorados pelo fogo. Agora já se assiste à perda de vidas humanas, de animais domésticos e de casas. Não é pela TV ou jornais, infelizmente cada vez mais parcos em noticiar incêndios, que é possível aquilatar os danos à biodiversidade. Ninguém os menciona!
E as pessoas comuns perguntam angustiadas: mas não haverá maneiras de minimizar estes incêndios e, até, de evitá-los? Será que vai arder todo o país?
O melhor combate ao fogo, como diria monsieur de La Palisse, é evitá-lo. A engenharia, com todos os seus ramos, dispõe hoje de métodos aperfeiçoados de modo a defender eficazmente a massa florestal dos fogos.
1) Ordenamento do território
Tudo começa com um bom ordenamento do território definindo áreas específicas de acordo com as aptidões urbanas, industriais, agrícolas, pecuárias, de mineração e florestais. Um ordenamento, sublinhe-se, para ser cumprido rigorosamente, sem excepções, desculpem-me o pleonasmo. Este é justificado porque, infelizmente, é o que se não verifica na prática. Há sempre um chico esperto que contorna a lei. Constrói-se, à revelia, nos parques naturais e florestais.
Vamos abordar, apenas, o caso dos incêndios florestais. É particularmente difícil o ataque a fogos em áreas florestais situadas em zonas de relevo montanhoso. Uma orografia desfavorável é uma pesada agravante, mas não é motivo para fatalismos, pelo contrário, é um desafio à ciência e tecnologia.
As áreas de relevo acentuado são impróprias para agricultura e para gado bovino; resta a floresta. É assim em todo o mundo. Logo, na definição de um parque florestal de exóticas ou de flora natural, tem que se levar em conta vários parâmetros de ordenamento, de implantação, de vigilância e detecção e de combate aos fogos. E, especialmente, de justiça rápida e dura para os incendiários.
2 ) Implantação de um polígono florestal
Depois de definidas as áreas de ocupação- zonas urbanas, pastos, baldios, áreas húmidas, estradas e caminhos, vamos deter-nos, na implantação de um polígono florestal de árvores exóticas, como por exemplo o eucalipto. Estamos a admitir que, “a priori” os Parques Naturais terão que ser os mais bem defendidos, o que não acontece na realidade.
Basta pronunciar a palavra eucalipto e logo aparecem alguns ambientalistas irados ostentando os velhos slogans de que “chupa toda a água”, “onde entra mata tudo”, “é negócio de multinacionais”. Um pouco com o que se passa com a aversão às barragens, agora a serem construídas “a toque de caixa”, numa tentativa de utilizar a energia eólica ociosa porque é intermitente, difícil de conciliar com a macro-rede elétrica. Este açodamento pelas barragens, além de serôdio, é irónico, se nos lembrarmos da fobia Foz Côa e das campanhas anti-Alqueva. Repentinamente as barragens foram associadas às energias renováveis onde desempenham o papel de melhor sócio. Agora já se não demonizam as barragens!
O eucalipto não é tão daninho como se apregoa. É uma árvore de crescimento rápido, resistente, adapta-se a quase todos os climas, dá boa madeira para a construção civil, fornece a maior cota de celulose para o fabrico de papel,seca pântanos, purifica o ar. Em resumo é um matéria prima valiosa, é um vector económico a ter em conta.
Em África o eucalipto substitue com vantagem as lenhas tradicionais que vão escasseando porque as árvores da savana, cada vez mais sacrificadas, não têm crescimento rápido, e não medram em polígono mas apenas associadas a outras árvores. A savana africana caracteriza-se pela biodiversidade. Só por isto o eucalipto salva as plantas raras da savana.
Em um quadrado de 400 m2 nas savanas do Planalto Central de Angola anotámos, em jeito de rapidez, mais de 100 espécies de flora. A savana africana, embora dê pouca madeira, é de uma enorme riqueza, basta acentuar que abriga milhões de abelhas. É uma massa arbórea de pouca densidade em madeiras. Só o eucalipto a poderá salvar, devido à intensa procura de lenhas para os afazeres domésticos de milhões de africanos.

Todos os polígonos florestais, sejam em montanha ou em planície, devem ser divididos em talhões, cuja área, de cada um, é definida de acordo com as susceptibilidades apresentadas pelas árvores conforme a sua inflamabilidade No caso específico do eucalipto, em área levemente ondulada em Angola, os talhões quadrados tinham de lado 300 m ou seja uma área de 9 ha. Os talhões eram envolvidos por 4 vias de acesso- 2 aceiros e 2 arrifes . Um aceiro tinha uma largura de 12 m e um arrife de 6 m.
Um aceiro é um caminho perpendicular aos ventos preponderantes nos meses mais desfavoráveis. Em Portugal o núcleo quente, propício a fogos, desenvolve-se entre 15 de Julho a 15 de Setembro, com o centro de gravidade teórico em 15 de agosto. Para estes 60 dias críticos existem anemogramas ou cartas de ventos, que permitem obter, através de fórmulas empíricas,baseadas na experiência, qual a largura do aceiro. Este é, sempre que possível, perpendicular aos ventos mais desfavoráveis.
Um arrife é um caminho perpendicular ao aceiro, geralmente com metade da largura deste. Aceiros e arrifes devem ser mantidos apenas com vegetação rasteira, se possível com arbustos que se mantenham sempre verdes ao longo do ano. Um talhão, repetimos, é sempre envolvido por dois aceiros e dois arrifes. O acesso fica facilitado e o fogo está sempre confinado.

Fig 1 Ventos predominantes em Portugal. Graças a dados meteorológicos, obtidos pelos nossos ancestrais, Portugal dispõe hoje de meios de previsão, bastante confiáveis, baseados nestes preciosos valores. Conhecemos muitos observadores de meteorologia, humildes, que hoje são apenas lembrados pelos descendentes, que colheram durante anos a fio, sem interrupções, como é do boa norma em meteorologia, estes dados valiosíssimos, que permitem refutar muitos alarmismos que por aí circulam, mas que nos levam a tomar umas certas precauções. Estas devem incidir sobre a água e os verdes (floresta e matos). Fonte: Macedo,F.W.& Sardinha,A.M.(1999)-Fogos Florestais.(2 volumes)Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (U.T.A.D.) Vila Real.Publicações Ciência e Vida, Lda.Lisboa

Fig 2 Zonas de risco de incêndios florestais em Portugal. O bom acervo científico facilita o estabelecimento de um bom plano de defesa do património natural e humano. A figura mostra-nos quais as áreas de risco de fogos florestais,ou seja onde devem incidir as maiores defesas. Fonte: Macedo,F.M.& Sardinha,A.M.-1999. Fogos Florestais(2 volumes). Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro- U.T.A.D Vila Real. Publicações Ciência e Vida,Lda.Lisboa.

Fig 3 Isoietas são linhas que unem pontos de igual precipitação No Norte, anualmente, as chuvas passam além de 2 000 mm ( 2000 L/m2,num ano ), mas ao sul atingem 400 mm ,(400 L/m2 ); isto caracteriza uma variedade de micro-climas propícios para uma agricultura de qualidade, especialmente em frutas.Há boas condições para floresta exótica de rápido crescimento.
Fonte: Lencastre,A.& Franco F.M.-Lições de Hidrologia (1984). Lisboa. Universidade Nova de Lisboa.

Se o terreno for muito acidentado, com declives acentuados (inclinações superiores a 30 %), devem-se orientar os aceiros de acordo com a topografia implantando-se acessos, se possível, em linhas de cintura com inclinações até 10%, para poderem circular viaturas normais. Os arrifes, como se afirmou, serão sempre perpendiculares aos aceiros, e, neste caso apresentarão declives muito acentuados. Os ataques aos fogos serão feitos, exclusivamente, através dos aceiros.
Quando os polígonos florestais são muito grandes (maiores do que 5 000 ha - 5km×10 km- ) é de bom alvitre que,dentro deles, se implantem corpos de água evitando-se as viagens, às vezes longas, para o reabastecimento. Estes corpos de água podem ser obtidos com pequenas barragens de terra, de alvenaria de pedra ou de betão, de altura superior a 10 m, ou escavando depressões do terreno ou aproveitando áreas de empréstimo para aterros ou antigas pedreiras. As áreas montanhosas,onde os vales são muito apertados, são mais vantajosas para armazenamentos de água do que as áreas planas ou levemente onduladas onde os vales são mais abertos e pouco profundos. Consideramos como muito boa uma barragem, ou reservatório, que acumule mais de 100 000 m3 de água, ou sejam aproximadamente 5000 viagens de um auto tanque. É óbvio que o planeamento de um povoamento florestal aplica-se, com maioria de razão, nas medidas de defesa da floresta natural. Se for o caso devem abrir-se aceiros e arrifes.

Fig 4 Escoamento anual das chuvas compreendido entre 100 mm (em branco) e 800 mm (em azul escuro). A parte mais húmida, com maior escoamento anual, é o NW (noroeste) onde, como é óbvio, se regista a maior precipitação . Um paradoxo: onde mais chove é onde mais arde. Fonte: Atlas do Ambiente- Ministério do Ambiente.

Fig 5 Corpo de água dentro de um povoamento florestal na Áustria. Os corpos de água, localizados em pontos estratégicos, com acessos optimizados através da Investigação Operacional, diminuem os tempos de recarga para os auto-tanques e helicópteros. E, também, servem de abrigo para os animais acuados e, indiscutivelmente, valorizam e embelezam a paisagem.

3) Detecção e vigilância
3.1) Patrulhamento terrestre. “O medo é que guarda a vinha, que não o vinhateiro” é uma frase que ficou na nossa memória e já lá vão umas dezenas de anos. Ela servia de exemplo para as “partículas de realce” em gramática. Hoje serve-nos para enfatizar a extrema acuidade da vigilância ostensiva. Outrora eram os guarda-florestais que desempenhavam, e bem, as tarefas de policiamento e detecção dos fogos. Os termos guarda e policiamento colidem hoje com o politicamente correto vigente nos meios de comunicação e em determinadas correntes políticas. Chamem-lhes o que quiseram mas, se pretendem acabar com esta vergonha, os guarda-florestais darão uma grande ajuda.
É óbvio em todo o mundo: um policiamento ostensivo e uma justiça rápida e dura, diminuem, e muito, a ocorrência de incêndios. Eles são em maioria ateados por mãos criminosas. Verifica-se que, onde há policiamento florestal, a taxa de incêndios é diminuta.
Os meios de policiamento podem dispor hoje de meios sofisticados: boas viaturas todo o terreno, telemóvel, máquinas de filmar (que podem ser instaladas em tripés, escondidas) e fotográficas, binóculos com luz negra para visão nocturna, detectores de calor,sensoriamento remoto através de satélites.
Os meios aéreos para detecção de fogos são imprescindíveis, especialmente para se planear uma estratégia de rápido combate pelos bombeiros. Mas eles não são uma solução total.
3.2) Torres de vigilância. Podem ser de madeira, aço ou betão armado. Dispõem no topo de uma cabine toda envidraçada, com visibilidade para todos os lados. Só recebem vigilantes no tempo mais crítico; em Portugal, como já foi afirmado, é em Julho,Agosto e Setembro.

Fig 6 Fogos na Península Ibérica em Agosto 2010. Mapa extraído da Internet. Há uma ilógica concentração de fogos, precisamente na área onde mais chove e onde é maior o escoamento anual. Resumindo “quanto mais água, mais arde”. Não alinhamos com os catastrofismos do aquecimento global( quem é o homem para mudar o clima da Terra?) mas ficamos inquietos com o pouco verde do mapa. Pouco menos de metade de Portugal é verde, visto de satélite.Isto não é provocado pelo aquecimento global. Esta visão deve alertar-nos para o cuidado que teremos que ter em relação à cobertura vegetal. Só um planeamento feito pelos sábios deste país pode minimizar este evidente problema. Que tal aumentar rapidamente o nosso verde, e preservá-lo com determinação?

INCÊNDIOS FLORESTAIS: FATALISMO, CONFORMISMO OU FALTA DE PLANEAMENTO? (2)

A altura das torres de vigilância e detecção depende da topografia e da respectiva localização. Em regra a altura é de 10 m acima da copa máxima. A distância máxima entre torres é em torno de 10 km podendo cobrir uma área de 10 a 15 km2 (4 km×3 km). Uma torre, aproveitando a topografia, pode cobrir mais de 60% da área circundante.
Uma torre é equipada com binóculos de grande alcance e munidos de visão nocturna, um goniómetro que dá um azimute que, cruzado com outros três, fornece a posição exacta do fogo. Também dispõe de detectores de calor, de telemóveis e de GPS.
Nos países onde a vigilância florestal atinge níveis de excelência (Japão, Canadá, Estados Unidos e Austrália) abundam os candidatos para ocupar as torres nos meses mais críticos. Geralmente são pessoas que precisam de solidão para escreverem um livro ou acabar uma tese, que tenham passado por um desgosto, que gostam de privar com a natureza: são vulgares os casais recém casados. Não faltam candidatos nos meses mais críticos.
Fig 7 No Canadá e E.U.A. os ultraleves e aviões ligeiros de particulares colaboram, intensamente,
na detecção dos fogos, mercê de incentivos e benefícios suportados por empresas madeireiras e de celulose.

Fig 8 Aeronave russa Beriev Be-200 ES de combate aos incêndios.Versátil, poisa em terra e na água. O poiso na água confere-lhe muita rapidez no enchimento dos tanques de água. Carrega 12 000 L de água, mais do dobro da capacidade do Canadair.É de grande eficiência, mas tem o inconveniente de ser grande e pesado, exigindo uma boa pista. De 10 Julho a 30 Setembro de 2007 voaram 2 aparelhos em Portugal, ajudando a debelar 57 fogos, durante 167 horas e lançando 2,5 milhões de litros de água sobre as chamas. Julgava-se que eles eram um “deus ex-machina”,capazes, por si sós, de extinguir rapidamente qualquer fogo e de resolver o terrível problema dos fogos. Vâ ilusão.Os aviões e helicópteros, no combate aos fogos, são de inestimável ajuda, especialmente na detecção. Bombeiros e sapadores são, indiscutivelmente, o fulcro na extinção de fogos. É com estes que se devem gastar as maiores verbas. São estes que devem ser mais favorecidos.

Fig 9 Uma torre de vigilância e detecção feita de aço.
Possue vários passadiços proporcionando diversas alturas de observação

Fig 10 Torre de vigilância bem aparelhada

Fig 11 Torre de vigilância sofisticada com energia fornecida por painéis solares

3.3) Meios aéreos.
São necessários, especialmente para se planear uma estratégia de rápido combate, no terreno, pelos bombeiros. Mas os meios aéreos não são uma solução total e, muito menos milagrosa..
Além da sua utilidade em detecção, usam-se especialmente quando os incêndios são “de copa”de grande intensidade e em áreas de difícil acesso aos bombeiros. Lançam-se retardantes químicos ou água, antes que eles tomem grandes proporções, até chegarem as equipas de bombeiros.
3.3.1) Deus ex-maquina
Na Grécia antiga (490 a 400 AC) o teatro atingiu níveis de excelência. Algumas peças teatrais, daquele tempo, ainda hoje são levadas à cena. À semelhança do que se passa hoje com as telenovelas, os dramaturgos gregos enredavam as peças de tal maneira que depois “se viam gregos” para arranjar um final que satisfizesse o público. Quando já não havia mais imaginação ou tempo (ou, se calhar como hoje, verba) a peça terminava, abruptamente, com um “deus ex-machina”. Através de uma sistema de roldanas descia no palco um Deus que conciliava todas as situações e resolvia rapidamente todas as ambiguidades que se foram desenrolando ao longo da peça. O final era sempre feliz, satisfazendo os melhores desejos dos espectadores.
Esta figura de retórica aplica-se hoje para as situações que se querem resolvidas através de um meio mais curto e, se possível, mágico. O cinema recorre muito ao “deus ex-machina”. Basta recordarmos velhos westerns: quando os índios cercam os colonos e estes já não têm munições, ouve-se uma corneta e aparece, triunfalmente, o 7º de cavalaria com as suas armas de repetição.Nas guerras actuais o helicóptero é o Deus ex-machina para todas as situações.
O exemplo mais recente, aplicado em outra área, é o caso selecção/Mourinho. Pretendia-se arranjar um “deus ex-machina” para a selecção e quem melhor senão Mourinho. Felizmente que o Real de Madrid cortou o “cabo da roldana” e limitou-se a utilizar uma solução antiga mas sempre a única: contrato é para se cumprir.
Pode-se aplicar o “deus ex-machina” aos incêndios em Portugal. Os meio aéeos não exigem muita mão de obra, embora a pouca que intervém seja bem paga. Merecidamente, acrescentamos nós, basta só mencionar o extremo perigo a que se sujeitam os pilotos. Mas os meios aéreos não extinguem um fogo, apenas o retardam, dando tempo aos bombeiros, estes sim os verdadeiros “extintores”, para chegarem perto das chamas.
Os aviões, como se tem verificado através das poucas imagens televisivas, não são um “deus ex-machina” , apenas fazem parte de um combate, aliado aos bombeiros. Sem bombeiros não se extingue um incêndio. Mas, a seguir a uma época catastrófica, logo aparece a solução “caída” do céu: mais aviões para o ano seguinte.
4) Incêndios urbanos.
Infelizmente este ano(2010) vimos na televisão incêndios de casas e bens pessoais. Há a lamentar mortes. Como evitar tais tragédias?
Edifícios, fábricas, currais e outras infrastruturas urbanas podem ser defendidas através de meios de prevenção. Em Portugal a região mais ardida (norte) é bem servida de chuvas, podendo-se esperar um escoamento médio pluvial, por ano, da ordem de mais de 300 mm. Admitindo este valor concluímos que uma área de 100 m2 de telhado ou de uma superfície cimentada, pode acumular um volume de água anual de 30 m3 que pode ser armazenado em uma cisterna.
Um moto-bomba, instalada em um rebocável, pode utilizar esta água logo que haja sinais de propagação de fogos. As moto-bombas podem ser propriedade das casas mais abastadas, ou podem pertencer aos bombeiros que as podem emprestar às propriedades que estejam em perigo. No caso das cisternas não encherem em um ano, o que é pouco provável no norte do país, receberão um ou mais camiões de empréstimo de água.
Em anos passados assistimos a um espectáculo penoso: um incêndio de grandes proporções aproximava-se de uma mansão com piscina. Em redor o pânico. Pessoas correndo com um tubo de plástico (diâmetro de 32 mm) que derrete facilmente com o calor, do qual saía um filete que, aplicado na chama, apenas lhe daria mais oxigénio. Outras pessoas acorriam com baldes, ou seja
Fig 12 Bimotor de motores de pistão Canadair o avião mais usado no combate a incêndios Carrega 5500 litros de água.
Pode poisar em terra em e na água uma herança do velho Catalina, hidroavião da guerra 1939/1945.

mais oxigénio. E a piscina cheia. Uma moto-bomba móvel,apropriada, com mangueira de lona extensível, facilmente teria molhado toda a área circundante, antes que o fogo se aproximasse.
Estupefactos assistimos este ano ao incêndio de um depósito de madeiras (?) e a uma instalação de pecuária onde morreram animais calcinados. No primeiro caso cabe bem a expressão “em casa do ferreiro espeto de pau”.
5) Combate e rescaldo.
São também tarefas ingratas e são desempenhadas pelos bombeiros e sapadores. Aqui os aviões e helicópteros de nada servem. Os bombeiros são os verdadeiros heróis de toda a saga dos incêndios florestais em Portugal.É, talvez, o único sector que funciona bem. E eles trabalham até ao limite. Sobre bombeiros não faremos qualquer comentário, apenas exaramos um louvor. E desejamos que apareça um planeamento científico onde eles vão sentir orgulho em estarem integrados nele.
6) Retardantes químicos
Os retardantes químicos destinam-se a reduzir a inflamabilidade de materiais lenhosos.O primeiro retardante a ser usado foi o borato de sódio, na década de 50, nos E.U.A. Pouco se usou por ser tóxico e corrosivo. Apareceram depois outros como o fosfato mono-amónico, o fosfato bi-amónico. Actualmente são inúmeros os retardantes, com variadas composições químicas.
Costuma-se adicionar soluções coloridas de modo a orientar o piloto e as brigadas terrestres. O mais conhecido é o oxido férrico de cor avermelhada.
Até que ponto é que os retardantes químicos contaminam o solo e as águas superficiais e subterrâneas? Em Seia, este ano, pelo que nos foi dado ver, registou-se uma cheia repentina dando origem a um escoamento de cinzas misturadas com a água. Parecia metal derretido ou magma esfriado!
7) Cabras
Quando apareceram umas notícias nos jornais e na TV sobre uma provável utilização de cabras, na limpeza das florestas e das matas, julgámos que era 1º de Abril, mas não era. E o número era impressionante, nada menos do que 150 mil herbívoros seriam destacados para efectuar tarefas que outrora eram desempenhadas pelos nossos ancestrais, no tempo em que a electricidade e o gás não faziam parte da vida quotidiana. Era a lenha que fornecia a energia de uma casa.
Não é novidade a colaboração das cabras. A primeira esquadra marítima que aportou à Austrália em 1788, com fins de povoamento (com colonos à força, vulgo degredados), já trazia os simpáticos herbívoros para provimento de proteínas. Rústicas como são,elas rapidamente se adaptaram aos novos habitates; de tal maneira que, decorridos mais de 50 anos, já se tinham transformado em praga.
Sem predadores carnívoros que pusessem em perigo a taxa de natalidade elas espalharam-se por toda a Austrália, mesmo nas regiões onde há escassez de água. Na pequena ilha de Phillip os efeitos foram devastadores, mesmo com a introdução maciça de dingos. Estes são cães selvagens que fugiram ao controle dos humanos e encontraram um ambiente selvagem ideal: presas pacíficas e na maioria muito lentas. Apesar de bastas companhas de erradicação há hoje na Austrália cerca de 3 milhões de cabras enselvajadas.
Pior sucedeu nas ilhas Galápagos com a introdução de cabras pelos caçadores de baleias, pelos piratas e por marinheiros de várias proveniências. As ilhas de Santa Cruz, Floreana, São Cristóvão e especialmente Isabella foram as mais sacrificadas. Nesta ultima ilha as cabras devoraram todas as gramíneas que eram o alimento preferido das tartarugas gigantes. Estão em curso programas de erradicação das cabras nas Galápagos com grande sucesso.
As cabras, enselvajadas transformam uma floresta em prado e um prado em erosão. Um replantio florestal fica condenado ao insucesso se aparecerem as cabras. Cabras pastoreadas são uma bênção, cabras abandonadas são uma maldição.
Na ilha de Porto Santo as cabras também contribuíram para a devastação da flora, muito embora tenham sido os coelhos a maior praga. Em Cabo Verde as cabras selvagens devoraram toda a massa vegetal numa terrível seca em 1792 em que morreu mais de metade da população.

Fig 13 Erradicação das cabras , por modernos processos de preservação,
na ilha de Isabela no arquipélago das Galápagos.

A limpeza das florestas e das matas, denominada nalgumas regiões de roçado, faz-se há milhares de anos. Com o êxodo para as cidades estas práticas foram abandonadas. Mas hoje há máquinas que facilitam todas as actividades de limpeza e roçado. Mesmo com máquinas é imprescindível a colaboração de pessoas: os sapadores. Há que se criar um corpo de sapadores e há que se desenvolver planos para aproveitamento da massa vegetal que provém das limpezas, especialmente em energia.
Esta ideia de limpar as matas aproveitando a capacidade devoradora dos simpáticos herbívoros, sugere-nos que se está tentando arranjar “bodes expiatórios” para as terríveis tragédias que todos os anos se abtem sobre Portugal.
Fig 14 Austrália: cabras “limpando” as matas.

8) Conclusões
Incêndios florestais são mais do que previsíveis. No caso português consegue-se planear acções de modo a minimizarem-se as áreas ardidas, ou até a evitá-las. Portugal dispõe de valiosos dados meteorológicos com mais de 50 anos de observações cuidadas e rigorosas. Todo o país está coberto por uma meteorologia eficiente e, portanto, confiável. A meteorologia de previsão em Portugal é das melhores do mundo. Portugal possue muita experiência científica sobre fogos florestais.
A carta militar, à escala 1/25000 (680 folhas), é excelente, podem-se fazer planeamentos, optimizar itinerários para cada caso, podem-se obter rapidamente as coordenadas de qualquer local, dada a sua simplicidade. O GPS confirma a excelência cartográfica portuguesa.
A engenharia florestal portuguesa situava-se entre as melhores do mundo. Esta sabedoria foi transplantada para Angola onde foi possível estabelecer bons povoamentos florestais exóticos, protegeu-se, de um modo notável, a diversificada flora angolana.
Um dos maiores feitos da engenharia florestal portuguesa foi a contenção de dunas, no sudoeste angolano desértico (Namibe, Tômbua e Baía dos Tigres), acompanhada de povoamento florestal com árvores apropriadas (casuarinas). Este empreendimento era referido internacionalmente, chegou a ser filmado por equipas da Europa e dos Estados Unidos.
Salta à vista que o único meio de reduzir drasticamente os incêndios em Portugal será através de um plano geral que leve em conta as especificidades de cada região. Este plano poderá ser realizado por meio de um cluster (conjunto) de universidades de modo a colaborarem todas as engenharias. Vale ressaltar que não vislumbrámos até hoje a presença de um engenheiro silvicultor, na TV ou nos jornais, durante a época dos fogos ou fora dela. Estão ausentes, porquê? Onde param os engenheiros em Portugal?
O plano abrangerá todas as áreas de engenharia (geográfica,topográfica, florestal,agronómica, informática, civil, mecânica e ambiente). Utilizar-se-ão as ultimas “armas” da engenharia como por exemplo a optimização de acções através da investigação operacional. O plano terá que ter em conta, obviamente, a parte policial e jurídica.
Um cluster das nossas universidades poderá produzir um bom trabalho técnico-científico, até know- how para “exportação. Um bom planeamento de combate a incêndios pode despoletar bons estudos e teses de mestrado e doutoramento por preços normais, sem intermediários parasitas, de acordo com as tabela de honorários estabelecida pela Ordem dos Engenheiros.
Uma vez que tanto se propaga o Portugal Tecnológico chegou a altura de se utilizarem os engenheiros, em suas especialidades, e de se aplicar a moderna Ciência da Optimização e da Decisão. O estudo e execução das medidas contra os fogos devem ser entregues aos sábios e não aos mais sabidos.
Uma incompreensível apatia e um estranho silêncio abateram-se sobre os incêndios florestais e sobre as árvores calcinadas e cinzas que deles provieram.
Incêndios florestais um fatalismo anual? Redondamente, não.
Luiz Teixeira   Eng.civil     Outubro 2010