BEM-VINDOS A ESTE ESPAÇO

Bem-Vindos a este espaço onde a temática é variada, onde a imaginação borbulha entre o escárnio e mal dizer e o politicamente correcto. Uma verdadeira sopa de letras de A a Z num país sem futuro, pobre, paupérrimo, ... de ideias, de políticas, de educação, valores e de princípios. Um país cada vez mais adiado, um país "socretino" que tem o seu centro geodésico no ministério da educação, no cimo do qual, temos um marco trignométrico que confundindo as coordenadas geodésicas de Portugal, pensa-se o centro do mundo e a salvação da pátria.
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segunda-feira, 8 de junho de 2009

OS OSSOS DA COLONIZAÇÃO (3)

17.-Aglomerados populacionais com boa qualidade de vida. De três cidades e meia dúzia de vilas em 1920 Angola tinha em 1974 mais de 30 cidades, centenas de vilas e milhares de povoações. Todos os anos duas vilas eram promovidas a cidades. Hoje haveria, pelo menos, mais 60 novas cidades. Uma cidade tinha que obedecer aos seguintes requisitos: ter, pelo menos dois bons hoteis, água tratada e electricidade, colégio do ensino liceal ou técnico, hospital, ruas pavimentadas, repartição de finanças e foral.
Angola tinha uma interessante cobertura de hoteis e pensões de cariz europeu. Um engenheiro inglês, que conheci em 1974, afirmou-me que ficou surpreendido com os restaurantes e pastelarias existentes em Angola, não só pela qualidade como pelos preços praticados.


Fig 9 Os transportes foram um dos principais factores limitantes ao progresso de Angola. Paiva Couceiro(1907-1909), o governador mais esclarecido que passou em Angola, empreendeu esforços denodados para melhorá-los. Em 1908 tentou a locomóvel, um tractor a vapor puxando 2 vagões. Isto funcionou, muito precariamente, entre Lucala (onde já chegava a ferrovia) e Malanje. Durou pouco tempo porque o automóvel já se estava impondo no mundo. Apesar disso as locomóveis foram muito uteis porque foram aproveitaas para geração de energia electrica quando ligadas a um gerador. O combustível era a lenha, seria hoje uma energia de biomassa..


Fig 10 Abertura de uma estrada em 1908. O automóvel já se estava espalhando por todo o mundo. Em breve Angola começaria a ser inundada com o célebre automóvel Ford T. A Escarpa Atlântica foi um sério obstáculo à subida para os planaltos.

Havia toda uma herança colonial utilizável e que foi liminarmente destruída, em nome de uma ideologia marxista que só durou 15 anos. Se em Portugal tivesse prevalecido a teoria da “destruição criadora”!!!, logo após o 25 de Abril, o país teria hoje, apenas, meia dúzia de barragens, ao invés de mais de uma centena. Porque na construção das barragens em Portugal também se verificou exploração de mão de obra e houve extorsões de terras sem a devida compensação. A maior parte das barragens foi construida no regime salazarista. Em todas elas ainda lá estão as placas comemorativas da inauguração.
Quem inventou a teoria da ”destruição criadora”, implantada em Angola, de certeza que nunca pegou numa parker(passe a propaganda) de 9 libras. Angola não se fez de um dia para o outro. Como foi explanado, ao longo destas mucandas, a vida em Angola em 1974 era dura, mas muito agradável se a compararmos com o início de século 20 em que ainda não havia estradas e as doenças eram uma constante no dia a dia. A Angola de 1974 era o culminar de um esforço gigantesco de milhões de pessoas, europeus e africanos. Era todo um passado aproveitável.
Vale a pena referir aqui o exemplo da Alemanha. A prestigiada marca Volkswagen nasceu sob a inspiração de Hitler. Este ditador resolveu que todos os alemães iriam desfrutar da utilidade e do prazer de possuir um automóvel. Projectou-se um carro popular que atendia aos desejos de Hitler. Dizia-se que ele tinha dado muitas sugestões. Era o célebre carochinha ou fusquinha no Brasil, um dos carros mais populares na história do automóvel. Com um motor original arrefecido com turbina de ar. O primeiro carro apareceu em 1936 e logo começaram a sair aos milhares. A partir de 1938 apareceu um outro modelo, com um desenho menos aerodinâmico mas mais robusto. Era uma espécie de jipe que foi utilizado na guerra que eclodiu pouco depois em 1939. Assinale-se, como curiosidade, que o motor arrefecido a ar estava adaptado à guerra no deserto. Uma novidade premonitória.
Depois da Guerra Mundial (1939/1945), em que a Alemanha ficou quase toda destruída, a fábrica Volkswagem voltou a laborar em poucos anos. Em 1953 já em Angola rodavam os primeiros carros Volkswagen perante a estupefacção das pessoas. Estupefacção dupla, não só pelo pequeno e estranho automóvel diferente dos carrões americanos Ford e Chevrolet, glutões em consumo, como também pela recuperação da Alemanha. Esta em 8 anos, depois de uma tremenda guerra destruidora, já apresentava carros robustos, económicos e baratos.
Os automóveis Mercedes, ainda com as linhas características do tempo da guerra, começaram, também, a aparecer no pequeno mercado angolano em 1947. Em pequeníssima quantidade, diferente do que hoje se verifica. Os alemães, depois de uma guerra destruidora, aproveitando as tecnologias e os recursos humanos que “sobraram” da carnificina anterior, logo recomeçaram as suas vidas. Mas aproveitaram o que de bom existia no medonho regime anterior.
O mesmo se passou com os japoneses. A fábrica imperial Mitsubishi, que fabricou aviões para a máquina de guerra japonesa, de imediato recomeçou a sua actividade, agora dirigida ao bem estar dos japoneses e aos tempos de paz.
Mal iriam estes países se não aproveitassem os aspectos positivos dos dois sistemas totalitários que existiram durante a década de 30 e metade da década de 40. Não se destroe o que várias gerações demoraram a fazer, não interessa qual o regime que vigorou. O que é bom tem que ser aproveitado, não interessa quem o mandou fazer. Como disse Deng Xiao Ping “não interessa a côr do gato, interessa é que cace ratos”.
A Espanha passou por uma terrível guerra civil de 1936 a 1939, em que morreram milhões de cidadãos.. Grande parte das cidades espanholas ficou arrasada mas a reconstrução foi iniciada no dia seguinte ao fim das hostilidades. A Espanha estava pobre, com deficite de população e não tinha qualquer suporte económico. Mas não recebeu ajuda externa de qualquer espécie. Em Espanha era notória a vergonha deles quando os estrangeiros deparavam com quaisquer ruínas da guerra. Respeitando os mortos, dir-se-ia que a guerra foi um catalisador de desenvolvimento. Mas foram os espanhois que reconstruiram o país. Não ficaram à espera de chineses ou outros quejandos. Nem ficaram à espera de doações. O mesmo se passou com a Coreia do Sul envolvida em uma guerra civil em 1950, hoje uma potência industrial.
Em 1900 as fronteiras de Angola não estavam definidas o país era um puzzle de micro nações, as mais díspares, com línguas diferentes provenientes de nove grandes grupos linguísticos: Bacongos, Ambundos ou Umbundos, Lundas-Quiocos, Ovimbundos, Ganguelas, Hereros, Nhanecas-Humbes, Ovambos e Xindongas.
Não acreditamos que se formaria a actual Angola se não tivesse prevalecido a presença portuguesa. Boa ou má, conforme cada um queira interpretar segundo o seu ponto de vista, a realidade foi que o nascimento da actual nação fez-se sob a égide portuguesa. E com a colaboração de milhares de portugueses. Em 1890 apenas existiam duas cidades, ambas de raiz portuguesa: Luanda e Benguela.. No interior não existia nenhuma cidade, existiam uma vila (Dondo) e um posto administrativo (Malanje). O distrito do Bié em 1900 não tinha nenhuma vila ou cidade moderna. Mas em 1970 o Bié já tinha 3 cidades e 5 vilas em vias de serem promovidas a cidades, além de mais de 200 povoações comerciais, embriões de futuras cidades.
18.-Em Angola repetiu-se o modo português: um território imenso mas que ficou unido, como um único país. E onde vai prevalecer uma única língua. Tony Hodjes(117) observou que« O português beneficiou do seu estatuto de única língua oficial e da promoção que dele fez o Governo pós-independência como um instrumento de unidade nacional. Tem sido o único veículo de instrução nas escolas e também a língua dos militares, partilhada por sucessivas gerações de recrutas. Actualmente, é comum encontrar jovens angolanos, sobretudo em Luanda, que não falam nenhuma língua africana – uma situação sem paralelo na África Subsariana».
São comuns as lamentações de alguns angolanos: “se tivéssemos sido colonizados pelos ingleses” ou “se os holandeses tivesssem continuado em Angola”ou “se nós falássemos inglês” tudo frases que nada adiantam. Os portugueses em Angola(1),ao contrário do que se proclama, encontraram um território cheio de adversidades, na orla marítima, de clima, na orografia, de doenças (talvez das regiões mais mortíferas do mundo), de solos e de obstruções metropolitanas. Mas estas dificuldades foram todas ultrapassadas. Nasceu um país moderno que não envergonhará, nunca, os colonos. Para provar isto, basta consultar os anexos, no fim deste livro.Os colonos portugueses, ao partirem para um indesejado exílio, deixaram para trás um país , devidamente estruturado e com doses grandes de optimismo em relação ao futuro.
Em Belmonte, anterior nome de Silva Porto em 1900, residiam dez europeus,(oito solteiros e um casal). Os povoados africanos, não lhes tirando o indiscutível valor humano e social, não tinham um cariz fixo.Os motivos disto já os explanámos nos capítulos anteriores: agricultura itinerante, devido ao rápido esgotamento do solo, constante temor das razias, feitas pelos escravistas e por povos aguerridos e salteadores, epidemias de varíola, morte de um rei, etc. Os povoados africanos não se coadunavam com a modernidade, não querendo, com isto,tirar-lhes o mérito que, indiscutivelmente, detêm. A transitoriedade dos povoados já foi aqui explicada em pormenor.
Era inevitável o choque da civilização africana com a modernidade. Se não fossem os portugueses, outros apareceriam, como sucede hoje com cidadãos estrangeiros que estão em Angola, agora sob a capa não mais de governos, mas de multinacionais. Os efeitos desta “nova invasão” serão conhecidos daqui a umas décadas.
As cidades em Angola foram feitas pelos europeus e para os europeizados. Dizia-se que os africanos eram avessos às casas de materiais duráveis. Houve muitos casos de total inadaptação. Mencionámos neste livro os motivos por que os camponeses africanos mudavam, regularmente, de casa. Era um tipo de civilização nómada. Conseguiria resistir à eclosão urbana ? Seguramente que não, basta verificar o aumento exponencial das cidades em toda a África. Em menos de 30 anos a África passou de 20% de população urbana para 70%. Em Angola o interior, que já tinha um densidade demográfica muito baixa, está vazio de população. Em 30 anos Angola deixou de ser rural para se tornar urbana, mas sem posssuir estruturas para isso. E as que havia, especialmente no interior, foram destruídas. As cidades do litoral, Luanda e Benguela, ficaram hiper saturadas, no limite de colapso urbano.O mesmo se passa no interior com algumas cidades.
Vamos usar o Bié como exemplo, porque seria cansativo citarmos todo o país. O Bié, situado na região central, tem 71 870 km² (Bélgica e Holanda totalizam 71 363 km²) de área, com uma população de 1 280 000 habitantes, com taxa demográfica de 17,8 hab/km². A província tem o feitio de um coração. . Dali sai o “sangue” do país: os grandes rios que levam vida para todas as direcções. O Bié é um nó hidrográfico.Infelizmente os rios estão a ser esventrados no garimpo descontrolado de diamantes. Eles estão a ser destruidos, sistematicamente, por milhares de garimpeiros e de exploradores de diamantes. Perante a passividade, incapacidade e, em alguns casos, com a cumplicidade de alguns governantes.
Em 1973 o Bié possuia 3 cidades Silva Porto (actual Cuito), Andulo e General Machado (Camacupa), 4 vilas Chinguar, Nova Sintra (Catabola), Chitembo e Nhareia, 25 postos administrativos e 199 povoações comerciais. Os postos administrativos eram: Belo Horizonte, Cachingues, Calucinga, Cambândua, Cangote, Cassumba, Chipeta, Chinhama, Chiuca, Cuanza, Cuemba, Cutato,Gamba, Luando, Lúbia, Malengue, Mumbué, Munhango,Mutumbo, Ringoma, Sande, Silva Porto Gare, Soma Cuanza, Trumba e Umpulo.Alguns deles já candidatos a cidades.
Aqui vai a lista das povoações comerciais, com o objectivo de “ficar para a história” e, especialmente, como recordação e homenagem aos seus ex-habitantes, e para aqueles que já perderam as esperanças de poderem voltar a ver aquelas terras: Alanda, Bando, Bingendo, Bingondo,Binuco, Bolúndua, Buanga, Buende, Bunja, Caar, Cachipa, Caiei, Caingula, Caioco, Caipupa, Caiuere, Calala, Calende, Caluímbe, Calumbe, Camamba, Camarinho, Cambanda, Cambonga, Cambuta, Camera, Camué, Camunda, Candimba, Candonga, Cangala, Cangengo, Cangorangolo, Caninguiri, Capanda, Capaua, Capeça, Capeio, Capera, Capolo, Capusso, Caria, Cariongo, Cassaculo, Cassumba, Cateia, Catenga, Catota, Catundo, Caueli, Cauende, Cavambi, Cavissanda, Cavita, Cavôco,Chicala, Chicanda, Chicava, Chiculungo, Chicumbe, Chicundo, Chilau, Chilengue, Chilesso, Chilonda, Chimane, Chimbalanca, Chimbamba, Chimbe, Chimbuio, Chindemba, Chimuco, Chindumba, Chingungo, Chinquala, Chintiango, Chiombo, Chissamba, Chissira, Chissito, Chissuata, Chitane, Chitau, Chiteque, Chiti, Chiuca, Chiuco, Chivaúlo, Chivinde, Chorinde, Cohungo, Conjo, Cossulo,Cuíva, Cunje, Cupache, Cuquema, Curi, Dandau, Dando, Deca, Dondeiro, Dumba, Ecovongo, Enhuangula, Gandavira, Gando, Gango, Gimbassilile, Golungo, Hamba, Honda, Hosse, Ielele, Imbocolo, Jamba, Langala, Liezuca, Liuema, Lonundo, Lumbungulo,Lutamo, Luvalo, Malengue, Matechalo, Meticha, Mingungo, Mitecha, Moacandala, Motechiundi, Mozele, Muandoge, Muanjimbo, Muculocoto, Mucungo, Mucunha, Mundengo, Mundijinho, Mungo, Munzeia, Muondo, Mupas, Mussive, Mutota, Nambua, Nbongo, Nedejiva, Nhama, Nhongo, Nhungo, Palanca, Poto, Quibande, Quisseia, Rissosse, S.João das Mupas, Sacapi, Sacapolo, Sacavanca, Sachico, Sachinemuna, Sachissica, Salola, Salumbinja, Samajimo, Samba Gunza, Sambungo, Samuamba, Samucoco, Sande, Sangongolo, Sani, Santo António da Muínha, Sapinde, Sarinza, Satico, Satoma, Sona, Songue, Sússua, Tarala, Tchicale, Tchiengo,Tombe, Tramangolo,Tumba, Tunda do Biel, Tunda Chissocócua, Tunda Chivava, Umbale, Ungaio, Vala, Viningola, Vionga, Vissela, Vissumba, Zongo e Zundo.
Nesta imensa lista apenas seis nomes portugueses: Silva Porto, Nova Sintra, General Machado, Belo Horizonte, S.João das Mupas e Santo António da Muínha. O nome de Nova Sintra (Catabola) proveio do facto de haver uma Catabola, no distrito do Huambo, o que originava perturbações nos correios. O nome de General Machado proveio de uma homenagem a um general, acérrimo defensor do caminho de ferro, afinal um amigo de Angola. Nome merecido, embora o fundador de Camacupa tenha sido o comerciante português José Lucas da Costa.
Vale ressaltar aqui que o general Machado foi um defensor acérrimo do Caminho de Ferro de Benguela e da sua ligação com a África do Sul. Por isso a primeira estação da fronteira com Moçambique chamava-se Machadodorp. Por ser um assunto pertinente: o general Machado fez o estudo topográfico e o projecto da ferrovia que liga Maputo à África do Sul. O presidente Kruger da África do Sul quiz recompensá-lo, mas ele não aceitou argumentado que já tinha sido pago pelo governo de Portugal!
O padrinho e pai de Belo Horizonte foi um comerciante português que se instalou em uma colina, entre dois cruzamentos de estradas, e baptizou a povoação comercial, devido ao belo panorama que dali se avistava. S.João das Mupas e S.António da Muínha devem os seus nomes a comerciantes. Estes dois nomes englobam nomes indígenas. Não vejo qual o motivo de tanta iconoclastia, em 239 nomes apenas 6 nomes eram portugueses. Note-se que as crismas de Macedo de Cavaleiros para Andulo, Vila Franca para Chinguar foram rejeitadas pelos colonos.
19.-No Tempo Extra (1961/1974) fez-se uma recuperação do tempo que se tinha perdido em A Grande Soneca (1930/1960). Por exemplo, a capital Silva Porto passou a ter uma escola do magistério primário, um liceu e uma escola técnica. Passou a ter um hospital moderno e um aeroporto Além disso possuia dois colégios particulares, com regime de internato. A cidade de General Machado, só como exemplo, passou a ter uma escola técnica e as outras cidades iriam receber, também, escolas do ensino secundário.
Mas o grande triunfo no ensino foi obtido com o programa Levar a Escola à Sanzala. Todos os povoados importantes estavam apetrechados com centro de saúde, escola primária ( com carteiras, acrescente-se).E com os professores recebendo os seus salários todos os fins de mês. As povoações comerciais eram constituidas por casas de construção definitiva, eram embriões da modernidade, futuras vilas e cidades. Em 1970 o Bié tinha 200 postos escolares, com professores habilitados e salários em dia, e 400 postos escolares em missões católicas e protestantes. Todos os alunos recebiam livros e material didático usufruindo de almoço, tudo gratuitamente.
No aspecto humanístico o programa “Levar a Escola à Sanzala” foi o de melhor teor e o que mais contribuiu para a elevação do nível escolar dos africanos. Foi uma mais valia notável para os quadros que ficaram em Angola e que “aguentaram” o vácuo humano que se verificou ao ser proclamada a independência.
20.-Estava em curso o melhor programa agro-pecuário que se instituiu em Angola, levado a cabo no Bié. Era um programa de extensão rural sob a superior orientação inicial do engenheiro agrónomo alemão Herman Possinger. Este programa abrangia todas as actividades necessárias para a modernização rápida do meio rural, com incidência principal no ensino, nas práticas de conservação e fertilização do solo e nas actividades domésticas necessárias ao bem estar e progresso das populações. Mas esta modernização aproveitava as experiências angolanas. Não era um programa destrutivo de antigas práticas, antes as aproveitava, e procurava melhorar. Os resultados eram visíveis, o Bié tinha saído do marasmo em que estava mergulhado desde 1930. Estou convencido de que este programa, difundido por toda a Angola, como era intenção do governo geral,significava um salto de 50 anos em apenas 10 anos. Era um programa que usava em pleno a tecnologia intermédia, com resultados encorajantes.
Temos que recordar o esvaziamento demográfico levado a efeito durante A Grande Soneca (1930-1961). O Bié perdeu milhares de filhos para benefício das roças de S.Tomé e das fazendas de café do norte de Angola. O contrato atrasou o Planalto Central grande produtor de géneros básicos, a favor de produtos tropicais onde se destacava o café. O erro disto foi o de se arregimentarem trabalhadores contra vontade, de se praticarem salários de miséria e de ter havido alguns abusos laborais. Este trabalho sazonal sofreu uma reviravolta profunda a partir de 1961. Acabou o contrato e os trabalhadores eram livres para aceitar o trabalho que lhes era proposto. Os administrativos foram desobrigados de todas as tarefas relacionadas com o contrato (com grande alívio, acrescentamos).

1 comentário:

margarida disse...

Boa noite

O meu nome é Amadeu Castilho Soares, que aparece citado nos textos de Luís Chinguar, a propósito da reforma do ensino em Angola nos anos 60. Gostaria imenso de poder contactar o autor, pelo que peço o favor de me facultar, se possível, o respectivo contacto. Obrigado.
O meu contacto é castoares @sapo .pt