BEM-VINDOS A ESTE ESPAÇO

Bem-Vindos a este espaço onde a temática é variada, onde a imaginação borbulha entre o escárnio e mal dizer e o politicamente correcto. Uma verdadeira sopa de letras de A a Z num país sem futuro, pobre, paupérrimo, ... de ideias, de políticas, de educação, valores e de princípios. Um país cada vez mais adiado, um país "socretino" que tem o seu centro geodésico no ministério da educação, no cimo do qual, temos um marco trignométrico que confundindo as coordenadas geodésicas de Portugal, pensa-se o centro do mundo e a salvação da pátria.
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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

RIO CUANZA, O ELO ENTRE O SUL E O NORTE, ENTRE O PASSADO E O FUTURO (III)

Fig 11 – Barragem de Cambambe. A albufeira não extravasa para as margens, indício de pouca acumulação (cerca de 8 milhões de m3 ).A barragem está sempre soltando água pelo descarregador de cheias, um desperdício em termos de energia. A barragem não aproveita a energia potencial do rio e não armazena água das cheias. Produz apenas 65 MW, um esbanjamento de energia para uma bacia hidrográfica de 105 640 km2.


Fig 12 – Barragem de Capanda próxima de Pungo Andongo. Tipo gravidade é feita de BCR- Betão Compactado por Rolos- uma nova tecnica que apareceu nos anos 70 e que diminui, substancialmente, os custos. Armazena mais de 5 mil milhões de m3 de água, permitindo dispor dos caudais de cheia, regularizando-os para todo o ano.Esbelta, é de uma rara beleza. Tem a particularidade de poder extravazar, por gravidade, para o rio Mucoso que é intermitente.
Produz 520 MW. O volume armazenado pode ser turbinado mais para jusante em variados fios de água.



Fig 13 – Pungo Andongo.Célebre porque era a residência da Raínha Ginga no século 17. Monoblocos rochosos de aspecto imponente.Era um ponto fulcral para a administração portuguesa no século 19. Antes da implantação de Malanje era o ponto mais avançado da penetração portuguesa. Com a ferrovia passando longe perdeu interesse e as prerrogativas oficiais. Com a Barragem de Capanda, uns poucos quilómetros ao sul, é provável que readquira a importância histórica e turística.Importância que manteve ao longo de mais de 4 séculos.



Fig 14 – Pungo Andongo e os seus monumentais blocos de rocha



Fig 15 – Ponte de Cangandala (ex-ponte Salazar). Em arcos, tipo romano, tinha 450 m de comprimento. Ficou “pendurada” porque não se asfaltou, pelo menos, o trecho Malanje/Silva Porto(Cuito).Ele só viria a ficar pavimentado na década de 70, muito próximo da independência. Um triste exemplo de medo de desenvolvimento.


Fig 16- Condo ou Porto Condo a montante da ponte de Cangandala. É a primeira grande ruptura de declive (queda de água) do rio Cuanza. É um aviso de que, para diante, o rio vai ter muitas quedas e corredeiras. Nos anos 60 uma firma angolana, que tinha a concessão da energia electrica de Malanje, tentou fazer um aproveitamento a fio de água, a fim de ampliar o sistema electrico da cidade que estava a caminho do colapso. Chegaram a comprar as turbinas. Mas não conseguiram financiamento a longo prazo. Um banco sul-africano disponibilizou-se a financiar o projecto. Nada demoveu a má vontade metropolitana. Depois de uma campanha na imprensa, contra “o desmazelo” da firma, a concessão foi entregue “de bandeja” à Sonefe, uma empresa metropolitana criada, às pressas, em 1956. Esta empresa tomou, em monopólio, toda a bacia do rio Cuanza. Em um capitalismo saudável, ela teria comprado a concessão da firma angolana. Mas não, o governo, ignorando direitos adquiridos, entregou, em exclusivo, toda a energia do rio Cuanza á Sonefe. O sistema de Malanje voltou a funcionar satisfatoriamente porque o governo comprou motores diesel e entregou-os à Sonefe. Malanje só beneficiaria da electricidade de Cambambe 6 anos depois. Assim se liquidavam todas as firmas de raiz angolana. Mas, 9 anos depois, confirmou-se o velho adágio: “Quem quer comer tudo, engasga-se”.



Fig17 - Os grandes afluentes do rio Cuanza. Na margem direita o Lucala, Mucoso, Lombe, Cuíje,Cuque, Luando,Cuíva(com o seu afluente Cuemba), Cuíme e Chimbandiango. Na margem esquerda o rio Gango, Cutato das Mongoias,Cunhinga (com o afluente Cune), Lúbia, Cunje eCuquema.Todos os afluentes são perenes (têm caudal todo o ano)e correm sobre enormes lençois freáticos (água subterrânea). Os rios Lucala e Cutato têm, também, um grande potencial hidroelectrico.


Fig 18 - Chinguar, sentinela da anhara (planície húmida), a cidade mais alta (1812 m) da bacia do Cuanza. Nasceu devido à passagem do caminho de Ferro de Benguela. No Morro Chimbango governava um soba de prestígio que autorizou os comerciantes europeus a fundarem um povoado próximo da ferrovia. O primeiro colono a instalar-se na região foi um comerciante de nome Corte Real em 1890.Posteriormente outros comerciantes, através da topografia, souberam onde iriam ser assentados os carris da ferrovia e abriram, de imediato, uma rua paralela à linha férrea. Nascia o Chinguar. Os solos não são fertéis,têm excesso de água, mas o clima confere-lhe propensão para produtos hortícolas e frutas de climas temperados das quais se destacou, de imediato, o morango. Este conferiu-lhe outro título: Capital dos Morangos. No início da década de 20 o Chinguar recebeu uma colónia italiana, uma enorme mais valia para a região. Eram trabalhadores e gostavam de industrias. Idealizaram grandes projectos, que o colonialismo de Salazar se encarregou de destruir. Chegaram a implantar industrias de salsicharia, caramelos, rebuçados e frutas em calda, especialmente o morango. Sossobraram porque não havia consumo, não havia transportes, , não havia esquemas comerciáveis, não havia energia electrica,não havia crédito a longo prazo, mas sobravam as obstruções e a má vontade colonialista.
Uma pequena homenagem: foi uma senhora italiana - D. Margherita Achino - que assistiu ao nosso nascimento. D. Margherita morreu no Chinguar em 1969.



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