BEM-VINDOS A ESTE ESPAÇO

Bem-Vindos a este espaço onde a temática é variada, onde a imaginação borbulha entre o escárnio e mal dizer e o politicamente correcto. Uma verdadeira sopa de letras de A a Z num país sem futuro, pobre, paupérrimo, ... de ideias, de políticas, de educação, valores e de princípios. Um país cada vez mais adiado, um país "socretino" que tem o seu centro geodésico no ministério da educação, no cimo do qual, temos um marco trignométrico que confundindo as coordenadas geodésicas de Portugal, pensa-se o centro do mundo e a salvação da pátria.
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domingo, 12 de outubro de 2008

O TRIBALISMO ENTRE DOCENTES VAI OU NÃO CHEGAR ÀS ESCOLAS?

Sobre o Abominável Sucesso Educativo (ASE) de Maria de Lurdes Rodrigues chegam novas e importantes notícias a antecipar o seu de há muito adiado desaparecimento funcional da governação, ainda que física e nominalmente se encontre na incontornável situação política de se ver arrastada, nem que seja pelos cabelos, pelo seu primeiríssimo até às próximas eleições legislativas.

Quis esta equipa ministerial tramar a Escola Pública e linchar os professores, começando, para consumar esse nefasto estratagema, por, a estes últimos, lhes querer delapidar a ética e a deontologia profissionais. Por ironia do destino (e para memória futura também), os resultados deste desvario ministerial, parecem indicar, desde já, duas coisas sobremaneira importantes:

1 - Os políticos podem errar. Não podem, contudo, persistir na teimosia do erro, fechando-lhe os olhos, eternizando-o e arrastando-o penosamente até ao ministro que se segue, para que daí venham impunemente a lavar as suas mãos. Quem assim procede, é, mais tarde ou mais cedo, castigado. Os professores mais novos na profissão (principais vítimas desde hediondo processo) mas, também e sobretudo, as novas gerações a quem quiseram usurpar a Escola Pública, não deixarão de fazer pagar bem caro a encapotada cegueira e a consentida incompetência;

2 - O insensato, insustentável e hediondo processo político dirigido por Maria de Lurdes Rodrigues, não só subestimou as reais medidas urgentes que a Educação nacional de há muito carece, como, pior ainda, a empobreceu, a enlutou e a colou definitivamente a arquétipos funcionais (políticos, administrativos e educativos) próprios e característicos dos países do terceiro-mundo, de que o frankeinsteiniano sistema de avaliação de desempenho importado do Chile constitui seu máximo e vergonhoso expoente, já para não falar aqui da inóspita e inexplicável divisão da carreira docente em duas categorias de professores só equiparável, na Europa, à divisão entre primeiros-ministros de países pobres (que para castigo não têm lugar nas cimeiras mais importantes) e a dos titularíssimos primeiros-ministros dos países europeus mais ricos (que põem e dispõem naqueles e lá os avaliam à sua maneira, raramente passando-lhes qualquer crédito). Valha-nos, ao menos, o Magalhães e o Hugo Chavez!

Voltemos ao centro da notícia que aqui me trouxe:
A confirmar-se as informações veiculadas pelo SPGL, num ápice a racionalidade e a nobreza de carácter parecem ter retomado o seu lugar naqueles de quem nunca se esperou que deles se alheassem: Conceição Castro Ramos, presidente do Conselho Científico para a Avaliação do Desempenho dos Professores, ter-se-á demitido, ainda que com recurso à figura da aposentação.
Os restantes conselheiros terão também tido um assombro de lucidez que os devolveu à realidade. Dou as boas vindas aos que, após atacados por aquilo que presumo ter sido uma fortuita constipação mental, agora parece regressar ao sentido das coisas com sentido. De alguns deles seria de esperar (e desejar) a cura; de outros nem tanto. Mas o SPGL diz-nos mais. Os membros deste mesmo Conselho terão considerado:

1 - Que os avaliadores não possuem formação para avaliar os seus pares (!). Importa agora saber porque mentiram à sociedade portuguesa os responsáveis políticos ao investi-los, perante a opinião pública, de uma titularidade de competências funcionais que afinal não detinham, não detêm e que os próprios, em grande número, parecem abominar quem as detém (?);

2 - Que este sistema de avaliação do desempenho não tem repercussão positiva na prática pedagógica dos docentes e no sucesso efectivo dos alunos. O inverso apenas poderia ser verdade se a miopia de quem nas escolas trabalha todos os dias fosse similar à dos governantes da 5 de Outubro;

3 - Que o modelo de avaliação em causa é, em si mesmo, promotor de conflitos pessoais e profissionais e gerador de um indesejável clima de instabilidade nas escolas. Quem foram os estrategas de guerra que planearam até quase ao pormenor a guerrilha entre docentes? Quem são os autistas que não perceberam (não percebem?) que o conflito tribal numa escola tem por principais vítimas não os docentes mas, sobretudo,os alunos e as suas famílias?

Do muito que aqui poderia continuar a comentar, (o tempo ainda não é infelizmente de balanço) fico-me, por agora, pelo seguinte:

A sensatez terá chegado tarde, mas, ainda assim, chegou. Pelo menos chegou ao Conselho Científico da Avaliação do Desempenho (ou pelo menos a parte significativa dele). Ao invés, para vexame de todos nós professores, não terá chegado (ainda! - Ou não vai chegar nunca?) ao famigerado Conselho de Escolas, como também ainda não chegou a alguns presidentes de conselhos executivos nem, tão pouco, a alguns Conselhos de Anciãos titulares dos órgãos Pedagógicos (à espera aquela vingançazinha que agora, para sua frustração, corre o risco de se ver adiada sine die) da mesma forma que esta ou outra lucidez, este ou outro arrependimento, este ou outro acto de nobreza democrática e de honra pessoal, não chegará nunca (por aquilo que dela cada vez menos se vai sabendo) a Maria de Lurdes Rodrigues e aos apaniguados secretários de estado. Importa agora que estejamos atentos. Muito atentos!

Importa também não esquecer nunca, para que se não repita mais, o que foi esta legislatura política para a educação nacional: uma triste e vil demissão dos nossos políticos para com a escola pública; um macabro exercício de má-fé contra os seus professores.

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