BEM-VINDOS A ESTE ESPAÇO

Bem-Vindos a este espaço onde a temática é variada, onde a imaginação borbulha entre o escárnio e mal dizer e o politicamente correcto. Uma verdadeira sopa de letras de A a Z num país sem futuro, pobre, paupérrimo, ... de ideias, de políticas, de educação, valores e de princípios. Um país cada vez mais adiado, um país "socretino" que tem o seu centro geodésico no ministério da educação, no cimo do qual, temos um marco trignométrico que confundindo as coordenadas geodésicas de Portugal, pensa-se o centro do mundo e a salvação da pátria.
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quarta-feira, 4 de julho de 2007

I - PARA QUE SERVE A INVESTIGAÇÃO OPERACIONAL? (1ª Parte)

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Primeira Parte
A Investigação Operacional (IO) é um ramo das ciências relativamente novo e a sua excelência deve-se ao aparecimento dos computadores e aos, cada vez mais aperfeiçoados, programas.
A IO funda-se, essencialmente, na Estatística e na Programação Linear.
Em fins do século XIX vários matemáticos já trabalhavam com modelos de Programação Linear e com métodos de optimização. Mas foi o inglês Alan Turing que, ao provar que era possível fazerem-se os mais complexos problemas de cálculo através de máquinas, permitiu que se obtivessem análises matemáticas que, em outras eras, se admitiam como impossíveis. Só com computadores é possível a Análise Multiobjectivos e Multicritérios que optimiza a decisão para um empreendimento.

Alan Mathison Turing nasceu em Londres em 1912 e faleceu em 1954. Era filho de um funcionário colonial da Índia. Graduou-se na Universidade de Cambridge em 1934 e obteve o doutoramento em 1938. Idealizou a Máquina de Turing, o modelo matemático do computador moderno. Criou o teste Turing usado em Inteligência Artificial.
Mas a sua maior glória foi ter descodificado a Máquina Enigma, dos alemães, durante a guerra 1939/1945. Foi, indiscutivelmente, a maior contribuição de uma só pessoa em todo aquele conflito, com ela passaram os aliados a dispor de uma ferramenta - o conhecimento das mensagens alemãs - fundamental para as operações de guerra.
A invasão da Normandia, em 6 de Junho de 1944, foi planeada recorrendo à Programação Linear, rudimentar devido à ausência de computadores. As matrizes e os algoritmos foram feitas à mão, obrigando a cálculos exaustivos.

A vida de Alan Turing foi trágica, suicidou-se ingerindo cianeto de potássio. A intolerância daqueles tempos levou-o a uma situação de tragédia. Felizmente é hoje venerado na Inglaterra. Existe em Manchester uma reprodução de bronze, semelhante à de Fernando Pessoa no Chiado. Há uma certa semelhança entre as suas mortes, ambos geniais, não foram compreendidos pelos seus contemporâneos.
Em 1971 fez-se uma Análise Multiobjectivos para a ampliação do aeroporto Texcoco, na cidade do México, que obedecia aos seguintes critérios: custo mínimo, capacidade adequada para um determinado horizonte, acessos minimizados, maximização da segurança aeronáutica, minimização da ruptura social, minimização da poluição sonora.
Há vinte anos já existiam bons programas de computador que hierarquizavam as várias opções que se antepunham a um determinado empreendimento. Especialmente na área de Recursos Hídricos (planeamento de barragens por exemplo). Hoje dispõe-se, talvez, de recursos dez vezes maiores, basta dizer-se, por exemplo, que os programas de optimização Electra e Electra II, em 1986, eram adquiridos por altos preços, e constavam de fitas com mais de 100 m de comprimento. Hoje, até há programas disponíveis na Internet.

Mas a que propósito é que estamos dissertando sobre a Investigação Operacional?
A resposta resume-se em três letras: OTA.
Temos acompanhado, com interesse, uma vezes divertidos, outras vezes estupefactos, através da TV, jornais e Internet, os diversos debates ou artigos de opinião sobre o novo aeroporto de Lisboa. Não consegui, até agora, vislumbrar qualquer resquício de estudo de hierarquização de opções ou de análise comparativa como foi denominada em um dos debates na TV.
Dá-nos a impressão de que só foi considerada uma escolha: a Ota.
Um estudo de hierarquização de opções ou Análise Multiobjectivos e Multicritérios é feito na fase de previsão, ou seja vinte anos antes do início da obra, sendo os últimos cinco anos dedicados ao projecto. Manda a prudência e o bom senso que a Análise Multiobjectivos e Multicritérios seja feita, exclusivamente, pelas universidades, consoante as suas tradições.
Estado, apoiado nos seus institutos superiores. Estes estudos, que são preliminares, mas com alto teor científico, servem de incentivo aos jovens e aumentam a riqueza cultural das Universidades, ou seja enriquecem o património do país.
Em linhas gerais, uma vez que a matéria é abrangente e de alto teor científico, em uma Análise Multiobjectivos são estabelecidas matrizes e algoritmos. Uma matriz simples consta de um mapa, tipo folha Excel, em que em linhas horizontais são inseridas todas as hipóteses. Inscrevem-se todas as soluções, mesmo aquelas que sejam encaradas “como disparatadas”.
No nosso caso seriam consideradas por ordem alfabética, as hipóteses Alcochete, Montijo, Ota, Poceirão, Portela I, Portela II, Porto Alto e Rio Frio, isto para só apontar os nomes que foram citados na imprensa falada e escrita. E provável que se consigam arranjar mais opções. Incluímos Portela I e Portela II porque achamos que se podem encarar opções de aumento ou combinação com outro aeroporto. Estas soluções “ganham” em certos critérios, por exemplo Turismo, Acessos e Transportes.
Nas colunas seriam inseridos os critérios Custo/Beneficio, Engenharias, Aeronáutica (Orografia, descolagens, aterragens, segurança), Ambiente, Estratégia Regional e Internacional, Acessos e Transportes, Expropriações, Cadastro, Meteorologia, Arqueologia, Custos para o Utilizador, Energia, Aceitação pelas Populações, Ruptura do Status-Quo Regional, Capacidade de Expansão, Turismo etc. Podem-se estabelecer pesos, consoante a importância dos critérios, por exemplo, para nós o critério de maior peso é o da Aeronáutica.
Como exemplo mencionamos o critério Engenharias que englobaria a Civil, a Mecânica, a Eléctrica a Electrónica. Cingindo-nos à Civil destacamos um mundo de estudos: cortes, aterros, pedra, areia, madeira, empréstimos de solos bons para compactação acima de 100%, lençóis freáticos, águas superficiais, geotecnia etc.
As matrizes multiobjectivos, através de uma luta “corpo a corpo” fornecem uma lista de optimização de cada coluna; um algoritmo estabelecerá o resultado final, que ditará qual é a melhor opção, em termos globais e em critérios. Que não vai ser aceita de imediato. Podem-se modificar os pesos e obter novo algoritmo; podem-se aumentar ou diminuir determinados critérios, mediante negociações (caso da Aceitação pelas Populações), da Arqueologia (com compensações), das Expropriações (não deixando aparecerem as especulações) do Cadastro etc.

Em conclusão: Uma Investigação Operacional destinada a uma decisão final aborda todos os problemas que se deparam em um projecto de grande envergadura, como é o caso do Novo Aeroporto de Lisboa. E, especialmente, a decisão final está outorgada pelas populações, e foi estudada pelas Universidades, últimos repositórios da cultura da nação.
Enfatizamos a preferência pelas Universidades porque a IO, sendo de índole multidisciplinar, pode gerar muitas teses de mestrado e doutoramento. Os jovens estudantes empolgam-se e ainda não estão subjugados pelo dinheiro. Querem aprender.
Uma análise Multiobjectivos é feita com grande antecipação (20 anos), recorrendo aos mais competentes, não admitindo interferências de especuladores. Escolhida, matematicamente, a melhor solução será objecto de discussão pública e entre os decisores. A escolha final, seguramente, será a melhor. Depois de escolhida estará imune a críticas, a azedumes ou a interesses. Triunfa a racionalidade sobre o voluntarismo. Não aparecem soluções de ultima hora do género “parece que há uma melhor opção”.
No tempo de Luiz 14 dizia-se que “governar bem é secar pântanos”; o presidente brasileiro Washington Luiz em 1926 dizia que “governar bem é abrir estradas”; actualmente pode afirmar-se que “governar bem é prever”. Para isto, a IO é um poderoso auxiliar, pois optimiza matematicamente as opções.

2007-06-13
Luiz Teixeira
Engenheiro Civil
(a importância do tema e o rigor de análise, leva-me a agradecer ao Sr. Eng Luiz Teixeira esta prestimosa colaboração)
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