BEM-VINDOS A ESTE ESPAÇO

Bem-Vindos a este espaço onde a temática é variada, onde a imaginação borbulha entre o escárnio e mal dizer e o politicamente correcto. Uma verdadeira sopa de letras de A a Z num país sem futuro, pobre, paupérrimo, ... de ideias, de políticas, de educação, valores e de princípios. Um país cada vez mais adiado, um país "socretino" que tem o seu centro geodésico no ministério da educação, no cimo do qual, temos um marco trignométrico que confundindo as coordenadas geodésicas de Portugal, pensa-se o centro do mundo e a salvação da pátria.
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domingo, 8 de novembro de 2009

RIO QUEVE, O PEQUENO GIGANTE (4)

Os principais afluentes do rio Queve com áreas das respectivas bacias superiores a 300 km2
são : na margem direita Lumbuambua, Colele, Cusso, Cunhamgama, Cuvira, Caninda, Cussoi, Tunga,Chilo e Carlaongo.
Na margem esquerda: Calongua, Cuito, Hama, Cuvombua, Cuchém, Cuvele, Hungue, Cassalovir e Luati.
Até ao “gargalo superior” (altitude de 600 m) a constituição geológica da bacia é predominantemente granítica o que favorece a recarga dos aquíferos subterrâneos por apresentar embasamentos arenosos. Por tal motivo todas a linhas de água são perenes (têm caudal todo o ano), com fortes caudais, mesmo na estação seca (Cacimbo de Maio a Setembro). A estação das chuvas vai de Outubro a Abril).
Cerca de 80 % da área total é envolvida por uma cadeia montanhosa de vertentes muito inclinadas que limitam uma zona central vasta e plana pontilhada “aqui e ali” por numerosos inselbergs ou montes-ilhas graniticos que conferem uma rara beleza à região.
O maior afluente é o rio Cuvira com 2 410 km2 de bacia hidrográfica e apreciável caudal.
O caudal médio do rio Queve, na estação seca, situa-se entre 200 e 240 m3 /s. O menor caudal situa-se entre 20 a 30 m3 /s. No trecho próximo da jangada do Amboíva foi estimada uma cheia de 1 770 m3 /s tendo como escala a subida do nível do rio em 5,40 m.


Fig 6 A Cela, o Amboim e o Litoral são as três regiões edafo-climáticas da bacia do rio Queve. Na Cela os dois rios-Queve e Cussoi-transbordam anualmente,com relativa facilidade. Na estação seca(Cacimbo) as áreas inundadas apresentam gramíneas (capim) de notável aspecto vegetativo, bons para pecuária embora acres. A Cela apresentava em 1973 um bom desenvolvimento económico apoiado na produção de leite e lacticínios. Corrigiu-se a tempo o erro da Cela que foi o de se querer implantar ali o modo agrícola metropolitano sem estruturas rodoviárias de escoamento dos produtos.. O Amboim (a verde) é uma região orográfica intermédia com excepcionais aptidões agrícolas para as culturas tropicais ricas, com relevância para o café arábica. O Amboim ainda é bem servido por chuvas (800 mm anuais). Nesta região situava-se a maior “plantation”(fazenda) de Angola: a CADA (leia-se cádá). Tinha um dos melhores hospitais de Angola, tudo nela funcionava “em esferas”. A montante, a azul, destaca-se a Cela(rio Queve e rio Cussoi). Na foz (a azul) podem-se irrigar milhares de hectares “gota a gota”por aspersão e em pivots centrais por gravidade.


Fig. 7 Pico do Lubire ou Lovili. Situa-se próximo da estrada Luanda-Huambo. Atinge a altitude de 2503m- com uma altura de 978 m. É um inselberg de granito que se destaca altaneiro na paisagem circundante até dezenas de quilómetros.



Fig.8 Dois inselbergs destacando-se na paisagem. Eram conhecidos, entre os camionisas, por “as mamas” Quase granito puro originam enormes escorrências durante as chuvas.


Fig.9 Perfil longitudinal de rio Queve.Na parte superior, até à confluência com o rio Cuito perfazendo 70 km, o leito apresenta inclinações da ordem de 7,5 m em 1 km; segue-se um trecho de 320 km onde a inclinação do leito é da ordem de 60 cm em 1 km ou seja um optimo declive para armazenar as águas das chuvas; neste trecho o rio espreguiça-se desenvolvendo-se em meandros. Segue-se a Escarpa Atlântica onde o rio cai 900 m em 80 km, um formidável potencial hidroeletrico; depois mais 35 km até ao mar. Neste ultimo trecho destacam-se as Cachoeiras do Binga com 15 m de altura.


Fig.10 O rio Queve “muito calmo”antes de transpor a Escarpa Atlântica. Foi neste trecho que o engenheiro agrário Alfredo de Andrade em 1899 conseguiu” arranjar” 100 km navegáveis mas sem qualquer interesse para a penetração no interior, de modo que se pudesse concretizar uma das clausulas exaradas na Conferência de Berlim em 1885:ocupação efectiva do território. Em termos de economia não existiam quaisquer povoados ou produções que justificassem uma tal navegação.E como trazer os materiais constituintes das barcaças tendo que subir a Escarpa Atlântica, sem auxílio de animais de tracção?

4 – Aproveitamentos hidroelétricos

O rio Queve, como aliás todos os rios de Angola, decepcionou os governos de Lisboa nos longínquos anos dos fins do século 19. Só o rio Cuanza, no século 16, chegou a dar uma certa esperança de navegabilidade quando os portugueses subiram até Cambambe (onde se encontra a barragem de Cambambe) em cerca de 200 km; para montante da barragem o rio Cuanza precipita-se em rápidos, corredeiras e grandes quedas tornando inviável qualquer navegação, mesmo até de canôas. Outro rio conhecido naquelas épocas (Dande) ficou inviabilizado nos rápidos das Mabubas, onde se encontra erigida uma barragem. O rio gémeo do Dande-Zenza ou Bengo- que abastece Luanda- só dava navegabilidade, para barcos de muito pequeno porte, em cerca de 70 km entrando pela foz no Cacuaco. No século 19 chegou a haver um transporte regular, com pequenos barcos a vapor, do Cacuaco até Icolo e Bengo.
Foi num destes pequenos barcos que o missionário e explorador inglês David Livingstone iniciou a sua viagem de regresso até ao Linyanty (actual sudoeste da Zâmbia). Livingstone saiu pela foz do Bengo, no Cacuaco, em um pequeno barco a vapor em 20 de setembro de 1854,subiu o rio, passou pelas ruínas do convento de S.António até Icolo e Bengo cuja «...população era de 6530 africanos,172 mestiços e 11 europeus. Proporção de escravos 3,38%» conforme escreveu Livingstone, minuciosamente, no seu diário.
No contexto geográfico angolano o rio Queve insere-se na categoria de bacia média mas é excepcionalmente energivoso, pois pode produzir mais de 3000 MW de potência hidroeletrica, não incluindo os afluentes que têm as mesmas características orográficas.


Fi.11 Porto Amboim já era conhecida no século 16. O seu nome primitivo foi Benguela, uma homenagem ao soba Benguela que privou com os primeiros navegadores que tentaram subir o rio Longa, mais ao norte. Após a fundação de S.Filipe, depois a actual Benguela, passou a chamar-se Benguela-Velha até ser rebatizada de Porto Amboim. Tinha tudo para ser um bom porto marítimo servindo o eixo Calulo-Quibala-Gabela. Infelizmente ficou apenas um sonho dos angolanos.

O perfil longitudinal é elucidativo. O rio Queve é extraordinariamente energivoso ( significa que tem grande potencial de energia eletrica). Reune todas as condições necessárias para geração de energia eletrica: chuvas abundantes, regulares e bem distribuidas, solos porosos, solos rochosos mas muito fendilhados (retêm a água durante um certo tempo), planícies de inundação propícias para transferência de água no tempo regularizando caudais através de grandes barragens; materiais de construção baratos, expropriações de pouca monta, povos sedentos de progresso e muito industriosos, regiões agrícolas bem definidas com vocação para cereais e gado bovino, ou para produtos tropicais ricos (café, algodão, rícino, frutas etc), áreas extensas no terço inferior susceptíveis de serem irrigadas gota a gota por gravidade ou outros processos. Por ultimo, mas das


Fig.12 Cachoeiras do Binga. Estão a 40 km da foz, têm 15 m de altura. Estiveram sempre sob a mira dos habitantes de Gabela e Porto Amboim desejosos de “extrairem” eletricidade. Chegou a ser feito um projecto de aproveitamento hidroeletrico que foi, deliberada e estrategicamente, ignorado. Ao fundo vê-se a estrada Gabela-Novo Redondo (Sumbe) e a ponte construída na década de 40.
mais importantes, a zona do Amboim em escarpa ao longo de 70 km, pode albergar mais de 4 grandes aproveitamentos hidroeletricos a fio de água utilizando a água acumulada a montante.


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