BEM-VINDOS A ESTE ESPAÇO

Bem-Vindos a este espaço onde a temática é variada, onde a imaginação borbulha entre o escárnio e mal dizer e o politicamente correcto. Uma verdadeira sopa de letras de A a Z num país sem futuro, pobre, paupérrimo, ... de ideias, de políticas, de educação, valores e de princípios. Um país cada vez mais adiado, um país "socretino" que tem o seu centro geodésico no ministério da educação, no cimo do qual, temos um marco trignométrico que confundindo as coordenadas geodésicas de Portugal, pensa-se o centro do mundo e a salvação da pátria.
__________________________________________________________________

segunda-feira, 8 de junho de 2009

OS OSSOS DA COLONIZAÇÃO (9)

Fig 23 Um belo exemplo de saparalo, uma adaptação do sobrado português à arquitectura angolana.Em 1908 ainda era muito dispendioso utilizar material durável na construção de casas..A cobertura de capim tornava a casa muito confortável no aspecto térmico, mas trazia grandes inconvenientes entre os quais a atracção de insectos e ratos. E de mabatas como já aqui foi afirmado.O governador geral Norton de Matos não permitia que os postos estivessem instalados em tais casas; por isso incrementou a instalação rápida de cerâmicas.




Fig 24 O primeiro grande edifício no planalto central fruto da aragem moderna que Norton de Matos trouxe para Angola.

Fig 25 Abertura de uma estrada em 1913, durante o 1º consulado de Norton de Matos em Angola.Este governador prometia um automóvel, na altura era só o célebre Ford T, a quem fizesse 100 km de estradas.Trabalho penoso não só pela orografia desfavorável entre o litoral e o interior, como também pelo numero espantoso de rios,todos de caudal permanente, obrigando à construção de pontes.Na gravura é notória “a fuga” da linha de água. As autoridades aconselhavam os cipaios “a fugirem dos rios”para evitarem as pontes. Assim é que as estradas em Angola estão, na sua quase totalidade, situadas nas linhas de cumeada, um formidável trabalho desenvolvido pelos africanos. Fig26 Dois Ford T na fotografia. O automóvel só trouxe benefícios para Angola, acabando com os carregadores. Os carros em Angola receberam a designação de “Tuco-Tuco” uma onomatopeia do trabalhar do motor. Também eram designados, no Planalto Central por “Nena-ió-Baba” que quer dizer “Traz água”.Era comum os Ford T irromperem, fumegantes, nas aldeias africanas: deles saía um “branco”bigodudo, de chapelão, gritando:Nena-ió-Baba. Isto sucedia sempre que os Ford T acabavam de subir uma rampa da Escarpa Atlântica.
Fig 27 Barragem do Cuito primeira, e única, hidroelectrica municipal em Angola. Foi autorizada pelo governador geral Lopes Mateus em 1937. Foi financiada pelo Banco de Angola. Modesta (era a época), produzia 250 kW que chegavam para as necessidades da pequena cidade de Silva Porto (actual Cuito). Com o progresso tornou-se insuficiente, a solução foram os inevitáveis motores “diesel” de grande consumo e maior poluição. Nesta altura o governo colonial tinha-se apercebido do enorme potencial hidroelectrico de Angola que já estava monopolizado pelos oligarcas de Lisboa. Próximo de Silva Porto, no rio Cuquema havia locais para bons aproveitamentos hidroelectricos, bastante baratos porque não havia expropriações e os materiais(granito, areia e bons solos) eram abundantes e de fácil extracção) . As “forças vivas” da cidade fartaram-se de “batalhar” por uma nova barragem. Infelizmente em vão, o presidente da Câmara Municipal chegou a ser humilhado.

Em princípios de 2009 faleceu o engenheiro agrónomo Castanheira Diniz. Ele foi para Angola, em meados da década de 30, encerregado de uma diligência ingrata: estudar a cultura do kenaf e as suas possibilidades económicas. Nunca mais saiu de Angola. Passou a fazer parte do corpo técnico do Instituto de Investigação Agronómica desde a sua fundação em 1961. Foi aqui que emergiu todo o seu saber tendo publicado a maior obra de referência no género: Características Mesológicas de Angola onde estavam reunidos, sob a sua lúcida orientação, todos os estudos efectuados em Angola e que se encontravam dispersos. Depois da independência ainda publicou obras valiosas, sobre vários rios de Angola e suas potencialidades agrárias.
Castanheira Diniz é o pai da moderna geografia de Angola.


Esta matéria é extraída do livro “Mucandas de Tempo do Caparandanda (Cartas do Tempo do Antigamente) em fase de pré-prelo.
O livro tem a seguinte estrutura:
-Prólogo
-1ª Mucanda: Os Esqueletos nos Armários
-2ªMucanda: O País e os Seus Povos
-3ª Mucanda: 1890-1920 A Formação e Unificação do País
-4ª Mucanda:1921-1930 O Grande Salto
-5ª Mucanda: 1931-1960 A Grande Soneca
-6ª Mucanda 1961-1974 O Tempo Extra
-7ª Mucanda: 1974-1975 A Virada
-8ª Mucanda: 1975-2005 No Tempo de Hêtali (No Tempo de Hoje)
-9ª Mucanda: Para além de 2005: No Tempo de Hênah (No Futuro)
-Epílogo

Luiz Chinguar
Maio 2009

1 comentário:

Anónimo disse...

Achei muito interessante os textos pois nos mostram como foi a colonização desse país.