Somos Pais e Encarregados de Educação de Alunos da ESCOLA SECUNDÁRIA COM 3º CICLO INFANTA D. MARIA, habituados a contar com uma escola organizada, exigente, de clima estável e pacífico, como convém a uma instituição de ensino de referência como esta. Como parte interessada e interveniente no processo educativo, tal como está consagrado no actual modelo de gestão escolar, pretendemos chamar a atenção da tutela, dos agentes sócio-educativos e da sociedade civil em geral para a situação preocupante que se vive nesta Escola e que julgamos não ser caso isolado no panorama nacional.
É com grande preocupação que temos vindo a assistir a situações que podem fazer perder progressivamente os atributos que nos levaram a procurar esta escola como a melhor para os nossos filhos. A grande quantidade de legislação que durante todo o ano passado foi chegando à escola obriga a um esforço enorme de reajustamento, perturbando a organização — o Conselho Executivo ficou totalmente mergulhado na burocracia, enquanto, pelo lado dos professores, o cansaço e a insatisfação, devido às mudanças que não aprovam ou não compreendem, contaminaram o clima geral, ameaçando parâmetros como a exigência. Arriscamo-nos a ter professores mais ocupados com a implementação das novas regras do que com a preparação das aulas e mais absorvidos com o futuro das suas carreiras do que com o futuro dos seus alunos.
Este ano lectivo, o grande número de professores que solicitou a aposentação na Escola Infanta D. Maria, mesmo sujeita a penalizações (20% dos professores da Escola, se contarmos as aposentações que se prevêem até final do ano) acrescido ao daqueles que tem recorrido a atestados médicos por doença — tem deixado muitos alunos sem aulas e tem sobrecarregado desmesuradamente os professores remanescentes com aulas de substituição (durante só uma semana no mês de Outubro deram-se 100 aulas de substituição!). Vemos cansaço prematuro e sinais de desmotivação em professores e alunos com risco para as aprendizagens, grupos disciplinares desfalcados dos seus elementos mais experientes (História perdeu todos os professores do quadro, Físico-Química perdeu 4 num grupo de 9), turmas do 7º ano desde 23 de Setembro até agora sem professor a disciplinas fundamentais como o Português!
Lamentando a perda de um corpo docente experiente e estável, uma das garantias de qualidade desta instituição, indagamos então:
— o que levará estes professores, que tanto têm ainda para dar ao sistema, a recorrer à aposentação prematura?
No passado, as aposentações aconteciam espaçadamente e de forma gradual; hoje, antecipam-se e acumulam-se. No passado, as substituições de professores podiam ser solicitadas semanalmente; hoje só podem ser pedidas por ciclos abertos quinzenalmente, o que atrasa visivelmente o processo e prejudica os alunos.
Somos, então, levados a perguntar:
— será este método de substituição de professores o mais adequado?
Estamos convictos de que certas mudanças eram necessárias, nomeadamente um processo de avaliação de desempenho dos professores, mas aos nossos olhos de Pais e Encarregados de Educação, a perturbação causada por este modelo de avaliação no funcionamento normal da escola prejudica o fundamental que é ensinar e aprender.
— irá este modelo de avaliação contribuir para uma escola melhor?
— não estaremos perante sinais de alerta que apontam para uma escola burocratizada em vez de uma escola de qualidade?
Não queremos perder professores disponíveis para os alunos, capazes de os motivar para a aprendizagem com entusiasmo e exigência, fazendo da qualidade das suas aulas o objectivo fundamental do seu desempenho profissional.
Não queremos ganhar, em vez disso, burocratas que esgotam as energias no preenchimento de tabelas, objectivos e planificações: é que podem passar a ver números no lugar dos rostos dos nossos filhos.
Por tudo isto decidimos que tínhamos que nos fazer ouvir!
Coimbra, 6 de Novembro de 2008
A Associação de Pais e Encarregados de Educação
da Escola Infanta D. Maria
É com grande preocupação que temos vindo a assistir a situações que podem fazer perder progressivamente os atributos que nos levaram a procurar esta escola como a melhor para os nossos filhos. A grande quantidade de legislação que durante todo o ano passado foi chegando à escola obriga a um esforço enorme de reajustamento, perturbando a organização — o Conselho Executivo ficou totalmente mergulhado na burocracia, enquanto, pelo lado dos professores, o cansaço e a insatisfação, devido às mudanças que não aprovam ou não compreendem, contaminaram o clima geral, ameaçando parâmetros como a exigência. Arriscamo-nos a ter professores mais ocupados com a implementação das novas regras do que com a preparação das aulas e mais absorvidos com o futuro das suas carreiras do que com o futuro dos seus alunos.
Este ano lectivo, o grande número de professores que solicitou a aposentação na Escola Infanta D. Maria, mesmo sujeita a penalizações (20% dos professores da Escola, se contarmos as aposentações que se prevêem até final do ano) acrescido ao daqueles que tem recorrido a atestados médicos por doença — tem deixado muitos alunos sem aulas e tem sobrecarregado desmesuradamente os professores remanescentes com aulas de substituição (durante só uma semana no mês de Outubro deram-se 100 aulas de substituição!). Vemos cansaço prematuro e sinais de desmotivação em professores e alunos com risco para as aprendizagens, grupos disciplinares desfalcados dos seus elementos mais experientes (História perdeu todos os professores do quadro, Físico-Química perdeu 4 num grupo de 9), turmas do 7º ano desde 23 de Setembro até agora sem professor a disciplinas fundamentais como o Português!
Lamentando a perda de um corpo docente experiente e estável, uma das garantias de qualidade desta instituição, indagamos então:
— o que levará estes professores, que tanto têm ainda para dar ao sistema, a recorrer à aposentação prematura?
No passado, as aposentações aconteciam espaçadamente e de forma gradual; hoje, antecipam-se e acumulam-se. No passado, as substituições de professores podiam ser solicitadas semanalmente; hoje só podem ser pedidas por ciclos abertos quinzenalmente, o que atrasa visivelmente o processo e prejudica os alunos.
Somos, então, levados a perguntar:
— será este método de substituição de professores o mais adequado?
Estamos convictos de que certas mudanças eram necessárias, nomeadamente um processo de avaliação de desempenho dos professores, mas aos nossos olhos de Pais e Encarregados de Educação, a perturbação causada por este modelo de avaliação no funcionamento normal da escola prejudica o fundamental que é ensinar e aprender.
— irá este modelo de avaliação contribuir para uma escola melhor?
— não estaremos perante sinais de alerta que apontam para uma escola burocratizada em vez de uma escola de qualidade?
Não queremos perder professores disponíveis para os alunos, capazes de os motivar para a aprendizagem com entusiasmo e exigência, fazendo da qualidade das suas aulas o objectivo fundamental do seu desempenho profissional.
Não queremos ganhar, em vez disso, burocratas que esgotam as energias no preenchimento de tabelas, objectivos e planificações: é que podem passar a ver números no lugar dos rostos dos nossos filhos.
Por tudo isto decidimos que tínhamos que nos fazer ouvir!
Coimbra, 6 de Novembro de 2008
A Associação de Pais e Encarregados de Educação
da Escola Infanta D. Maria
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