BEM-VINDOS A ESTE ESPAÇO

Bem-Vindos a este espaço onde a temática é variada, onde a imaginação borbulha entre o escárnio e mal dizer e o politicamente correcto. Uma verdadeira sopa de letras de A a Z num país sem futuro, pobre, paupérrimo, ... de ideias, de políticas, de educação, valores e de princípios. Um país cada vez mais adiado, um país "socretino" que tem o seu centro geodésico no ministério da educação, no cimo do qual, temos um marco trignométrico que confundindo as coordenadas geodésicas de Portugal, pensa-se o centro do mundo e a salvação da pátria.
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sexta-feira, 9 de novembro de 2007

ANGOLA - DO NOVO RIQUISMO ÀS DESIGUALDADES SOCIAIS AGRAVADAS


Novos empreendimentos erguem-se em meio a cenário de desigualdade social

O superaquecimento da economia vem dando origem a uma nova geração de empreendedores, mas preserva e pode até estar agravando a diferença entre ricos e pobres.
Novos capitalistas proliferam. Um caso típico é o de Daniel Nunes, 31. Dez anos atrás ele combatia ao lado de tropas marxistas na selva.
Hoje, de óculos escuros e relógio vistoso, viaja três vezes por ano para Dubai a fim de comprar carros de luxo e revendê-los em Angola, lucrando até o equivalente a R$ 15 mil por unidade.
No centro de Luanda, a capital, as contradições são visíveis. Erguendo arranha-céus para o governo ou petroleiras, guindastes disputam espaço com prédios delapidados. A moderníssima sede da estatal do petróleo Sonangol, 19 andares em vidro fumados, é vizinha de cortiços com fachadas tomadas por roupas em varais. Concessionárias despejam carros 4X4, preferência nacional, nas ruas esburacadas. Os engarrafamentos são intermináveis.
Em Angola, nada é mais comum do que deixar o ar-condicionado de um vistoso edifício e pular uma poça de água esverdeada e malcheirosa na calçada. Ao lado, provavelmente haverá uma pilha de lixo. Blecautes são uma certeza quotidiana num país que extrai 2 milhões de barris diários de petróleo, a segunda maior produção africana.
O fluxo de petróleo deve cair a partir de 2012, o que já preocupa o governo. "Estamos trabalhando para desenvolver outros sectores e deixar de ter a economia vinculada ao petróleo", disse a ministra do Planeamento, Ana Dias.
O fluxo repentino de recursos tornou a corrupção endémica. A cultura de pagar "gasosa" (literalmente, refrigerante) para polícias e funcionários públicos está enraizada. Angola, no ano passado, foi considerada pela ONG Transparência Internacional o 34º país mais corrupto do mundo, entre 180.
Há ainda sinais de que o petróleo pode estar contribuindo para empurrar uma parcela da população para um estado mais agudo de pobreza. A explosão da demanda gerada por petrodólares não foi acompanhada por similar aumento de oferta. O custo de vida disparou, e hoje Luanda é uma das cidades mais caras do mundo.
Os ricos e a classe média emergente refugiam-se em novos condomínios fechados e aproveitam o primeiro shopping e as primeiras salas cinemax do país. Na Ilha de Luanda, o bairro boémio, lotam restaurantes dispostos a pagar o equivalente a R$ 80 por uma lagosta ou R$ 55 por um prato (individual) de picanha com farofa.
Na periferia, onde o desemprego é de 60%, jovens recorrem a biscates ou à venda de badulaques em semáforos. Roubo de carros e assaltos tornaram-se problemas sérios.
"Crescimento não é necessariamente desenvolvimento.
O crescimento ainda não se reflecte na melhoria das condições de vida das pessoas", admite Custódio Armando, da Agência Nacional para o Investimento da Presidência.
Sintomaticamente, num país que sempre foi fanático pelo kuduro, o samba funk angolano, é o rap de protesto de artistas como MC Kappa, 25, que hoje mais cresce.
"Já estou no asfalto, os cidadãos reclamam, os preços estão mais altos. Lixo na rua é o semblante matinal, subida do combustível é a manchete do jornal", canta ele, no hit "Atrás do Prejuízo".

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