Comentava há dias a Economist sobre a Bélgica ser tempo de acabar “com a coisa”, pretendendo com isso dizer que nada justificava, no actual quadro europeu, a manutenção do estado belga.
A melhor solução, diziam os (tradicionalmente) anónimos articulistas da revista britânica, seria entregar a parte flamenga à Holanda e a parte francófona à França.
Estas duas partes de um estado artificial nunca se tinham entendido (como mostram as canções de Brel – apesar de “Marieke”) e sempre tinham vivido de costas voltadas uma para a outra.
O divórcio era uma solução de puro bom senso e a integração das partes desavindas nos vizinhos a Norte e a Sul seria a forma mais expedita de resolver os problemas burocráticos da separação.
Escrevia António Barreto há uns anos (“Tempo de Incerteza”) que Portugal, no seu actual calamitoso estado, corria pura e simplesmente o risco de desaparecer.
O filosofo José Gil inquietava-se com o destino da nação em “Portugal, o Medo de Existir”.
José Saramago não tem dúvidas: Portugal deve integrar-se na Espanha.
Carlos Saura, o cineasta espanhol que acaba de realizar um filme sobre o Fado, é mais generoso. Segundo ele, a solução ideal é mesmo Portugal e Espanha serem substituídos por um novo pais, a Ibéria, com capital rotativa entre Madrid, Lisboa e Barcelona.
Nós, os portugueses, temos também uma ideia sobre o assunto. A união com Espanha, ou a pura e simples integração, não mereciam, numa recente sondagem, grandes objecções: grande parte de nós pensa que faríamos bem melhor deixarmo-nos de tretas e passar a ser espanhóis.
- Podem, se quiserem, começar a erigir estátuas a Miguel de Vasconcelos, começando pela Plaza Mayor de Olivença.
- Podem escarnecer do Santo Condestável, vestir luto por Aljubarrota ou começar a falar “Portunhol” (os jornalistas da TSF já o fazem).
- Podem fazê-lo, mas tenho algumas questões prévias, que acho deverem ser discutidas previamente.
Antes de mais, parece evidente que os portugueses que querem ser espanhóis pensam que podem ganhar com a mudança. Que a sua qualidade de vida se poderia aproximar da qualidade de vida que têm hoje os espanhóis. Significa isto que acham que a maneira espanhola de gerir a coisa pública é melhor que a nossa, que as empresas espanholas são mais eficientes. No fundo, que os políticos e gestores de Espanha são melhores, mais qualificados que os de Portugal.
É verdade que tivemos Santana Lopes como primeiro ministro, que o cargo é hoje ocupado por Sócrates (sendo certo que Espanha tem Zapatero, o que não parece ser especial motivo de orgulho).
É verdade que havia Marques Mendes e há hoje Luís Filipe Menezes (o “Pacheco” de uma célebre e certeira crónica de Miguel Sousa Tavares, inspirado num sinistramente boçal personagem de Eça de Queiroz).
Numa palavra, queremos ser espanhóis porque não só não acreditamos nas nossas elites como as desprezamos profundamente.
Posto isto, o meu problema passa a reduzir-se a um. Se nos integrarmos em Espanha por culpa da incompetência das nossas elites, e por maioria de razão de todos nós, que lugar nos estará reservado na Grande Espanha, ou na Ibéria?
Que lugar acima de serventes, “auxiliares de serviços gerais”, empregados e empregadas de limpeza?
Ou ainda, não será esse desejo de integração senão um generalizado sentimento de derrota?
1 comentário:
O MPLA COMO MARCA
O MPLA como Marca representa um poder permanente em função de mais do que a sua história e multiplicidade de histórias e perpetuações das suas tradições.
Um dos factores qualitativos de recriação da sua força consiste na lealdade da corrente regeneradora dos seus aliados.
Os seus atributos, qualidade e expectativas criadas e uma amálgama de resultados e sua funcionalidade reforçam uma narrativa que impulsiona a sua existência.
Não há dúvida de que as crenças sagradas, criações, metas e seu prestígio, sua visão e missão, capacidade de inovação reforçam o seu posicionamento.
A sua suposta notoriedade e fidelização em constante construção criando boas ligações emocionais melhorarão consideravelmente essa marca.
Sendo assim será que a marca MPLA é um sistema propulsor e fonte de criação de valor?
Será que a notoriedade do MPLA continua a ser evocada de forma espontânea?
Para que a marca MPLA se perpetue será necessário que as atitudes das pessoas correspondam a avaliações globais favoráveis.
Não há dúvida que a força da marca MPLA quase se confundirá a um culto descentralizado e de interacções e laços fortes e experiências partilhadas que criam várias identidades verbais e simbólicas.
Para falar da antiguidade da Marca MPLA teremos que falar forçosamente do seu núcleo fundador de Conacry dos anos 60.
A marca MPLA se perpetua pelo seu prestígio devido as associações intangíveis, pelo seu simbolismo popularizado incontornável e grandes compromissos com o passado.
O MPLA como marca, alem de possuir narrativas de sobrevivência, inclui testemunhos que dão a história, significados mais profundos e grande carácter de emocionalidade.
A história do nacionalismo e luta de libertação pelos actores de renome a partir da fundação do MPLA em Conacry pelos seis fundadores bem personalizados, como Viriato da Cruz, Mário Pinto de Andrade, Hugo José Azancot de Menezes, Lúcio Lara, Eduardo Macedo dos Santos e Matias Migueis perpetuarão essa marca de forma reflectida.
Poderemos então afirmar que os fundadores de Conacry foram os agentes prioritários e fundamentais da verdadeira autenticidade da marca MPLA.
A dinâmica da história e a construção de identidades pressupõem estados liminares, pelo afastamento constante de identidades anteriores.
Desenvolver a cultura da marca MPLA exigirá um constante planeamento e estratégias que permitirão reunir e sentir esta marca global.
Para terminar apelaria que nas verdadeiras reflexões que a lenda da marca não obscurecesse a lenda dos fundadores verdadeiros artífices.
Escrito Por:
AYRES GUERRA AZANCOT DE MENEZES
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