3 - O petróleo em offshore de Angola
Em relação às jazidas em terra ou em água rasas (até 500 m) os geólogos Richard C.Duncan & Walter Youngquist escreveram um sugestivo artigo na Net (The World Petroleum Life-Cycle 1998) sobre as jazidas de petróleo em todo o mundo (43 países) explicitando-as com curvas de produção ao longo dos anos. Estas levam em consideração o petróleo já extraído e o que pode ser extraído. As curvas abaixo referem-se aos calculos daqueles eminentes geólogos. No caso de Angola não foram incluidas as reservas off-shore descobertas em 1998, após a elaboração das curvas. A nova curva reforça as expectativas angolanas pois augura uma maior “esperança de vida” para o petróleo de Angola.
Fig 2 Curva elaborada por Duncan & Youngquist (1998). A escala vertical refere-se à produção anual e à unidade mil milhões (biliões no Brasil e Estados Unidos). Pormenorizando: 0,35 corresponde a 350 milhões de barris anuais ou sejam 958 904 barris diários. A seguir, em baixo, a mesma curva, adaptada por nós, para barris diários.Não é considerada a existência do petróleo offshore, descoberto após a eleboração deste gráfico. O ramo da curva até 2005 está de acordo com a realidade.
Muitas vezes temos pensado no facto de a independência de Angola ter sido desencadeada atabalhoadamente (com total desconhecimento das realidades e, principalmente, das consequências), a partir de 1974, dando origem a uma descolonização desmiolada (unica na história mundial pelo ineditismo e irresponsabilidade dos “estadistas” que a conduziram). Foi precisamente em 1973, um ano antes, que as multinacionais do petróleo começaram a ver que Angola estava a transformar-se em um promissor campo petrolífero. É uma interessante coincidência, mas mais do que previsível especialmente para aqueles que, naquela época, tinham o privilégio de estudar geo-estratégia mundial.
Fig 3 A curva elaborada pelos geólogos Richard Duncan e Walter Youngquist em 1998 acima referida.A escala vertical à esquerda refere-se a mil milhões (biliões nos E.U.A e Brasil)e a escala à direita refere-se a milhares de barris diários A escala à direita refere-se a barris diários. Observa-se o grande salto em 1970, a quebra em 1976 (independência) com recuperação em 1980, e o grande salto de 1985 até 1995. Em 1992/1993 registou-se uma ligeira perturbação devida à segunda guerra civil.
Em 2005 nesta curva, é visível o declínio da produção, que se vai acentuando ao longo dos anos. Esta curva não leva em conta a produção off-shore descoberta mais tarde. Com a nova estimativa, a partir de 2003 a curva sofrerá uma inflexão para cima, melhorando substancialmente as expectativas dos angolanos.
Fig 4 A parte verde (à esquerda) diz respeito ao petróleo já extraído (até 2003) em um total de 5 mil milhões de barris. A parte azul (à direita) diz respeito ao petróleo por extrair, mas não incluindo aquele que foi descoberto recentemente em águas profundas.A nova curva, neste caso, sofrerá uma inflexão para cima a partir de 2003.Segundo Tony Hodges (Angola-Do Afro-Estalinismo ao Capitalismo Selvagem) as reservas petrolíferas angolanas ascendem a mais de 13 mil milhões de barris. O Departamento de Estatística dos E.U.A. refere-se a 9 mil milhões.
Fig 5 As concessões de petróleo em Angola. Toda a orla marítima, de Cabinda ao Cunene, está tomada por elas. A maior parte está a mais de 100 km da costa (off-shore). Esta exploração é toda em FPSO (Floating Production Storage Offloading) ou seja a produção o armazenamento e a transferência para petroleiros são efectuadas em uma plataforma; dali é transferida para os navios de transporte a longas distâncias. Os angolanos não se apercebem como decorrem estas operações.
É, de certo modo, confortável a possança petrolífera de Angola. Fazendo fé nos números de Tony Hodges (13 mil milhões), devidos às novas jazidas off-shore descobertas depois de 2000, o país tem petróleo para mais 17 anos (2027) admitindo uma produção diária de 2 milhões de barris ou 730 milhões de barris anuais. Se adoptarmos o otimismo petrolífero angolano, que tem coincidido com novas descobertas, podemos imaginar um aumento de produção nas concessões mais a sul de Luanda.
Fig 6 Os blocos mais rentáveis no off-shore angolano. Girassol e Dália são do Bloco 17. Está assinalado o poço Tobias que catalisou o entusiasmo dos angolanos sobre o futuro da então colónia.
Fig 7 Esquema das produções petrolíferas actuais em redor da foz (em estuário) do rio Congo ou Zaire.
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