DGRHE (Direcção-Geral dos Recursos Humanos da Educação)
C/c
À Responsável pela Rede de Bibliotecas Escolares na DRELVT
ao Presidente do Conselho Executivo da Esc. Sec. Rafael Bordalo Pinheiro e
à Coordenadora Interconcelhia da Rede de Bibliotecas Escolares
Ex.mos. Srs.
Director-Geral (Dr. Jorge Sarmento Morais) e
Subdirectora-Geral dos Recursos Humanos da Educação (Dr.ª Idalete Gonçalves)
Há dias de trabalho assim. Aqueles em que tudo parecia estar a correr como o previsto – o relatório da Biblioteca/Centro de Recursos, de que sou coordenadora, entregue e terminado um pequeno vídeo/amostra das actividades que a equipa foi desenvolvendo para distribuição pelos vários elementos do Conselho Pedagógico e divulgação à escola, um "mimo" final. Eis senão quando o inesperado – um telefonema diz-me que um dos elementos da equipa (professor do Quadro de Escola) vai ter de concorrer, pois não irá ter trabalho no próximo ano. O seu nome consta de uma lista, emitida pela DGRHE a meio de Julho. Face aos dados de que dispõem sobre o número de alunos efectivamente matriculados, decidem fazer concorrer, diga-se "mandar embora", não só professores de Quadro de Zona Pedagógica, mas também professores do Quadro de Escola. Fiquei perplexa.
Rebobinei as informações recebidas no Conselho Pedagógico de 23 de Abril em que foi anunciado que, em reunião com o Ministério da Educação para distribuição da Rede Escolar, passaríamos das 38 turmas deste ano para uma previsão de 41, 42 em 2008-09.
Ora, perante estes dados, como seria possível estar a dispensar professores do Quadro? A situação parece ser simples e é sobejamente conhecida por todos nas Caldas da Rainha – a Rede Escolar definida pelo Ministério da Educação não está a ser cumprida! Logo, estarão as outras escolas a receber alunos que não são da área geográfica que lhes foi atribuída, retendo os seus processos para os seleccionarem, e só tardiamente os reencaminharem? Então, continuo a perguntar, por que razão o Ministério da Educação em vez que deixar professores "à beira de um ataque de nervos", não foi procurar saber junto dessas escolas qual era a situação? Entende-se a necessidade de rentabilizar os recursos humanos das escolas de um concelho/área geográfica, mas questiono se o "timing" será o ajustado. E, tendo em conta a experiência do que aconteceu o ano passado, é a meu ver prematuro estar agora a fazer concorrer professores do Quadro para, em Setembro, contratar outros entretanto em falta nos mesmos grupos/áreas disciplinares.
Se a minha indignação no ano passado era meramente como espectadora de uma situação que estava a acontecer, este ano senti que tinha o dever de informar de que não estão a ser rentabilizados os recursos humanos de que dispomos.
Vejamos – a Biblioteca/Centro de Recursos da minha escola, depois de vários anos com problemas na constituição de equipas, teve este ano um grupo de trabalho coeso, diversificado quanto às áreas disciplinares, e que desenvolveu um trabalho com visibilidade na escola. Foi um primeiro ano de trabalho, de uma equipa pouco experiente no domínio das Bibliotecas Escolares, mas que aceitou o desafio, obtendo muito bons resultados. Um desses elementos, o colega do Quadro de Escola que agora tem de concorrer, ficou com a árdua tarefa de ter de estudar e aprender a funcionar com o programa de catalogação digital, o Bibliobase, que ninguém na escola conhecia em profundidade. Esse programa estava comprado desde 2004 e nele estavam inseridos, quando iniciámos funções, somente cerca de 300 títulos. Chegámos ao final deste ano lectivo com 1219 títulos. Depois de conhecer o programa, este colega disponibilizou-se a dar formação (informal, gratuita) a outros colegas que ao longo do ano foram ajudando no trabalho. Após este difícil arranque inicial, e como havia muito a fazer no domínio da operacionalização da gestão dos recursos, este colega, que domina também a área informática, disponibilizou-se a construir uma aplicação informática – a que chamámos o "Biblioges" – para fazer a gestão dos cacifos, registo de requisição de postos áudio e computador, registos do serviço de fotocópias/impressões e para apuramento dos índices de frequência dos alunos na Biblioteca. O programa foi ensinado às funcionárias e entrou em funcionamento agilizando todo o procedimento estatístico, necessário à boa gestão de qualquer serviço. Foi através desta aplicação que conseguimos definir pela primeira vez na escola o "Aluno do Ano" da Biblioteca, premiado numa cerimónia ocorrida a 17 de Junho.
Para além deste trabalho, o colega ficou com a componente lectiva no Centro Novas Oportunidades, para o qual teve de receber formação, disponibilizada pelo ME.
Pergunto pois: vamos desperdiçar o "know how" de professores do Quadro de Escola, muito deles dominando áreas específicas ou pertencendo a equipas que desenvolvem trabalhos com uma abrangência temporal definida, fazendo-os sair da escola para, mais tarde, em Setembro, vir a contratar outros professores?
Estas são as perguntas, em jeito de desabafo, de uma mera coordenadora da Biblioteca/Centro de Recursos da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, em Caldas da Rainha.
16 de Julho de 2008
PQND do grupo 300 e
Coordenadora da Biblioteca / Centro de Recursos da Esc. Sec. Rafael Bordalo Pinheiro
Caldas da Rainha
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