Sócrates esteve ontem na RTP1 para falar da sua licenciatura
Constrange-me os jornaleiros encomendados para a entrevista.
A forma como ela foi conduzida, as perguntas por fazer, a insistência que ficou por ser feita em dúvidas que persistem.
Perguntas simples como a utilização provinciana de um curso municipal de 7 dias utilizado pomposamente como pós graduação, o título e orientador da monografia, uma explicação plausível para a rasura de documentos na AR, impossibilidade legislativa ao alcance de ninguém para se matricular sem documentos comprovativos que atestem as suas habilitações a não ser POR FAVOR, confirmação abusiva de um título que não possui desde que andou a forjar em 93 documentos na AR até à permanente alteração do CV no portal do governo, etc,
Mas temos um primeiro ministro que tem uma licenciatura em que todas as incongruências (e não são poucas) e pouca transparência (e não é pouca) são SEMPRE culpa da Universidade. Ele é um pobre coitado, uma vítima apanhado numa teia que não urdio. Uma matrícula na UnI, inocente e descomprometida.
Ficámos a saber que o PM tem uma licenciatura e um percurso exemplar com documentos sem datas, sem carimbos, sem assinaturas, com favores, concluída ao domingo, matriculado sem apresentar documentos e na boa fé da secretaria da UnI (só ao alcance dele, de mais ninguém).Uma entrevista bem organizada, com gente certa no lugar certo.
Como se impunha. Com guião.
Como se fossemos todos parvos.
A saber:
- Certificado de Habilitações - Entregou-o, conforme confirmou, em Junho/Julho de 1996, tendo-se inscrito em 1995. É mais que óbvio que aqui houve favorecimento!
Se eu chegar a uma secretaria e disser: "Acabei o Bacharelato, quero inscrever-me na Licenciatura, para o ano trago as minhas habilitações (ou quando as tiver)"
Alguém consegue esse FAVOR?
- Professor(es) - Foi para uma turma especial de Inglês Técnico do 1º ano, com o Reitor, que se encontra de momento preso por FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS, leccionada por outro professor que diz ser ele o titular da cadeira. PORQUÊ?
As restantes cadeiras (4) com outro professor, TODAS NO MESMO ANO. Teve dois 17 e dois 18, era era seu colega no governo Guterres e mais tarde fez parte do seu governo, e acabou demitido por ter contratado uma brasileira (boazona?) cozinheira no Restaurante "Sr. Bacalhau" em Benfica para assessora dele ou de um amigo, não sei bem. Estranho? Não é nada...
- Coincidências - Afirmou claramente que não conhecia o professor em questão antes deste lhe dar aulas, mas este tinha sido seu docente também no ISEL. Não o conhecia anos depois quando o nomeou, através do seu ministro, para director das finanças do ministério da Justiça (grande Engenharia).
Este senhor viria mais tarde a demitir-se devido a um escândalo convenientemente abafado de ter nomeado uma senhora brasileira que era criada de mesa para chefe do seu gabinete. Caricato.
- Equivalências - Pediu 25 e obteve 26. Querem melhor? Mas melhor ainda é que faltavam 12 disciplinas e passaram a faltar 5! Uffffffff! E deram-lhe as equivalências sem certificado de habilitações entregue, como ele próprio admitiu e achou "normal" com um papel que ele entregou ao reitor Arouca, com o plano de equivalências que ele (Sócrates) achava correcto...
- Títulos - Se usou do titulo de Engenheiro ou não, é irrelevante. Como ele diz, é um titulo "social". Mas trabalhou em Castelo Branco ou na Covilhã entre 1981/82 até 1987, como engenheiro. Isto é um bocadinho mais grave.
- Falsificação de documentos - Na inscrição da Assembleia, nota-se claramente 2 acrescentos: Na profissão, de "engenheiro civil" para "técnico de engenheiro civil" e nas qualificações, de "Engenharia Civil" para "bach engenharia civil". Diz ele que aquilo foi uma correcção. E porque não foi destruída a que estava errada?
Vejamos outros comentários:
“Simplesmente patético! Um primeiro-ministro a defender-se como um arguido!
Um primeiro-ministro a considerar insinuações as mais legítimas dúvidas da imprensa e da opinião pública!
Um primeiro-ministro que acha normal que um deputado, ministro depois, se matricule em curso superior e obtenha diploma académico de recurso (feito em três universidades diferentes), ainda por cima em estabelecimento não reconhecido pela respectiva Ordem profissional!
(…)
Um primeiro-ministro que considera normal e desculpável que os seus documentos oficiais curriculares sejam corrigidos e alterados ao gosto das revelações públicas!” António Barreto
“ (…) Para começar, arrumou com brandura o caso da sua carreira académica, que afinal não é um caso. A Universidade Independente mandou e ele cumpriu. Quanto à burocracia, não sabe, nem se interessa. Quanto ao Dr. António José Morais, que lhe “deu” quatro cadeiras, não o conhecia antes. Quanto ao resto, toda a sua vida de estudante só revela “nobreza de carácter”, vontade de “melhorar” e de se “enriquecer” (intelectualmente). Um exemplo que ele, aliás, recomenda aos portugueses. Ponto final.
A minha ignorância não me permite contestar explicações tão, por assim dizer, “transparentes”. Claro que nunca ouvi falar de um professor que “desse” quatro cadeiras no mesmo ano ao mesmo aluno, nem um reitor que ensinasse “inglês técnico”, nem um conselho científico que fabricasse um “plano de estudos” para “acabar” uma licenciatura. Falha minha, com certeza. Se calhar, agora estas coisas são normais. (…) ” Vasco Pulido Valente
“O único momento verdadeiramente surpreendente da entrevista do primeiro-ministro à RTP foi quando explicou que escreve o pronome seu no fim das cartas, para ser como o inglês yours. Isso e a ideia de que, afinal, o substantivo engenheiro não designa uma competência mas sim um rótulo social definiram uma entrevista que valeu pelo que não se viu. Desde logo não se viu o balanço dos dois anos do Governo, que era a justificação da entrevista. Ora, gastou-se mais tempo com a Independente. (…) “ Miguel Gaspar
“ (…) Conseguiu desmontar bem o alegado caso de assassínio de carácter, mas acabou por se atrapalhar nos pormenores. Ficou muito emperrado na questão da emenda dos documentos da Assembleia da República, bem como nas notas lançadas pela Independente a um domingo. As questões de facto foram remetidas para casos de secretaria. (…) “ Pedro Mexia
“José Sócrates não esclareceu porque falou tão tarde. Disse que estava à espera que decorresse o processo de investigação em relação à Universidade Independente mas este ainda está em curso. É uma falácia política. Qualquer cidadão colocado perante tantos factos – a questão da data de lançamento da conclusão do curso, estatísticas erradas que dizem que não houve licenciados no seu ano de curso – teria uma reacção: eu reconheço que a minha vida académica parece uma trapalhada, mas não é, porventura por culpa da instituição. Eu nunca vi um tão grande amontoado de factos erróneos, contradições. Não há como não admitir que a situação precisa de se explicar.” António Lobo Xavier
“Há esclarecimentos que o primeiro-ministro não deu. Usou ou não de forma indevida títulos académicos a que não tinha direito? A resposta é sim, voluntariamente ou quanto mais não seja por omissão. Nenhum deputado permite que se reproduzam documentos que lhe atribuem títulos académicos que não tinha. Foi um jovem que se deixou deslumbrar. Quanto ao processo Universidade Independente caiu em contradições: hoje falou dos seus professores, ao Público disse que não se lembrava dos professores. Pode ser vítima de caos administrativo, mas isto tem de ser esclarecido. O caso não acabou.” José Pacheco Pereira
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Constrange-me os jornaleiros encomendados para a entrevista.
A forma como ela foi conduzida, as perguntas por fazer, a insistência que ficou por ser feita em dúvidas que persistem.
Perguntas simples como a utilização provinciana de um curso municipal de 7 dias utilizado pomposamente como pós graduação, o título e orientador da monografia, uma explicação plausível para a rasura de documentos na AR, impossibilidade legislativa ao alcance de ninguém para se matricular sem documentos comprovativos que atestem as suas habilitações a não ser POR FAVOR, confirmação abusiva de um título que não possui desde que andou a forjar em 93 documentos na AR até à permanente alteração do CV no portal do governo, etc,
Mas temos um primeiro ministro que tem uma licenciatura em que todas as incongruências (e não são poucas) e pouca transparência (e não é pouca) são SEMPRE culpa da Universidade. Ele é um pobre coitado, uma vítima apanhado numa teia que não urdio. Uma matrícula na UnI, inocente e descomprometida.
Ficámos a saber que o PM tem uma licenciatura e um percurso exemplar com documentos sem datas, sem carimbos, sem assinaturas, com favores, concluída ao domingo, matriculado sem apresentar documentos e na boa fé da secretaria da UnI (só ao alcance dele, de mais ninguém).Uma entrevista bem organizada, com gente certa no lugar certo.
Como se impunha. Com guião.
Como se fossemos todos parvos.
A saber:
- Certificado de Habilitações - Entregou-o, conforme confirmou, em Junho/Julho de 1996, tendo-se inscrito em 1995. É mais que óbvio que aqui houve favorecimento!
Se eu chegar a uma secretaria e disser: "Acabei o Bacharelato, quero inscrever-me na Licenciatura, para o ano trago as minhas habilitações (ou quando as tiver)"
Alguém consegue esse FAVOR?
- Professor(es) - Foi para uma turma especial de Inglês Técnico do 1º ano, com o Reitor, que se encontra de momento preso por FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTOS, leccionada por outro professor que diz ser ele o titular da cadeira. PORQUÊ?
As restantes cadeiras (4) com outro professor, TODAS NO MESMO ANO. Teve dois 17 e dois 18, era era seu colega no governo Guterres e mais tarde fez parte do seu governo, e acabou demitido por ter contratado uma brasileira (boazona?) cozinheira no Restaurante "Sr. Bacalhau" em Benfica para assessora dele ou de um amigo, não sei bem. Estranho? Não é nada...
- Coincidências - Afirmou claramente que não conhecia o professor em questão antes deste lhe dar aulas, mas este tinha sido seu docente também no ISEL. Não o conhecia anos depois quando o nomeou, através do seu ministro, para director das finanças do ministério da Justiça (grande Engenharia).
Este senhor viria mais tarde a demitir-se devido a um escândalo convenientemente abafado de ter nomeado uma senhora brasileira que era criada de mesa para chefe do seu gabinete. Caricato.
- Equivalências - Pediu 25 e obteve 26. Querem melhor? Mas melhor ainda é que faltavam 12 disciplinas e passaram a faltar 5! Uffffffff! E deram-lhe as equivalências sem certificado de habilitações entregue, como ele próprio admitiu e achou "normal" com um papel que ele entregou ao reitor Arouca, com o plano de equivalências que ele (Sócrates) achava correcto...
- Títulos - Se usou do titulo de Engenheiro ou não, é irrelevante. Como ele diz, é um titulo "social". Mas trabalhou em Castelo Branco ou na Covilhã entre 1981/82 até 1987, como engenheiro. Isto é um bocadinho mais grave.
- Falsificação de documentos - Na inscrição da Assembleia, nota-se claramente 2 acrescentos: Na profissão, de "engenheiro civil" para "técnico de engenheiro civil" e nas qualificações, de "Engenharia Civil" para "bach engenharia civil". Diz ele que aquilo foi uma correcção. E porque não foi destruída a que estava errada?
Vejamos outros comentários:
“Simplesmente patético! Um primeiro-ministro a defender-se como um arguido!
Um primeiro-ministro a considerar insinuações as mais legítimas dúvidas da imprensa e da opinião pública!
Um primeiro-ministro que acha normal que um deputado, ministro depois, se matricule em curso superior e obtenha diploma académico de recurso (feito em três universidades diferentes), ainda por cima em estabelecimento não reconhecido pela respectiva Ordem profissional!
(…)
Um primeiro-ministro que considera normal e desculpável que os seus documentos oficiais curriculares sejam corrigidos e alterados ao gosto das revelações públicas!” António Barreto
“ (…) Para começar, arrumou com brandura o caso da sua carreira académica, que afinal não é um caso. A Universidade Independente mandou e ele cumpriu. Quanto à burocracia, não sabe, nem se interessa. Quanto ao Dr. António José Morais, que lhe “deu” quatro cadeiras, não o conhecia antes. Quanto ao resto, toda a sua vida de estudante só revela “nobreza de carácter”, vontade de “melhorar” e de se “enriquecer” (intelectualmente). Um exemplo que ele, aliás, recomenda aos portugueses. Ponto final.
A minha ignorância não me permite contestar explicações tão, por assim dizer, “transparentes”. Claro que nunca ouvi falar de um professor que “desse” quatro cadeiras no mesmo ano ao mesmo aluno, nem um reitor que ensinasse “inglês técnico”, nem um conselho científico que fabricasse um “plano de estudos” para “acabar” uma licenciatura. Falha minha, com certeza. Se calhar, agora estas coisas são normais. (…) ” Vasco Pulido Valente
“O único momento verdadeiramente surpreendente da entrevista do primeiro-ministro à RTP foi quando explicou que escreve o pronome seu no fim das cartas, para ser como o inglês yours. Isso e a ideia de que, afinal, o substantivo engenheiro não designa uma competência mas sim um rótulo social definiram uma entrevista que valeu pelo que não se viu. Desde logo não se viu o balanço dos dois anos do Governo, que era a justificação da entrevista. Ora, gastou-se mais tempo com a Independente. (…) “ Miguel Gaspar
“ (…) Conseguiu desmontar bem o alegado caso de assassínio de carácter, mas acabou por se atrapalhar nos pormenores. Ficou muito emperrado na questão da emenda dos documentos da Assembleia da República, bem como nas notas lançadas pela Independente a um domingo. As questões de facto foram remetidas para casos de secretaria. (…) “ Pedro Mexia
“José Sócrates não esclareceu porque falou tão tarde. Disse que estava à espera que decorresse o processo de investigação em relação à Universidade Independente mas este ainda está em curso. É uma falácia política. Qualquer cidadão colocado perante tantos factos – a questão da data de lançamento da conclusão do curso, estatísticas erradas que dizem que não houve licenciados no seu ano de curso – teria uma reacção: eu reconheço que a minha vida académica parece uma trapalhada, mas não é, porventura por culpa da instituição. Eu nunca vi um tão grande amontoado de factos erróneos, contradições. Não há como não admitir que a situação precisa de se explicar.” António Lobo Xavier
“Há esclarecimentos que o primeiro-ministro não deu. Usou ou não de forma indevida títulos académicos a que não tinha direito? A resposta é sim, voluntariamente ou quanto mais não seja por omissão. Nenhum deputado permite que se reproduzam documentos que lhe atribuem títulos académicos que não tinha. Foi um jovem que se deixou deslumbrar. Quanto ao processo Universidade Independente caiu em contradições: hoje falou dos seus professores, ao Público disse que não se lembrava dos professores. Pode ser vítima de caos administrativo, mas isto tem de ser esclarecido. O caso não acabou.” José Pacheco Pereira
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