No programa "Os Grandes Portugueses" Salazar acaba de ganhar a sua primeira eleição democrática. Primeira e única o que faz com que ele, paradoxalmente, nunca tenha perdido qualquer eleição:
1º António de Oliveira Salazar - 41,0%
2º Álvaro Cunhal - 19,1%
Poucos foram os programas que vi e casualmente, este foi um deles - o último.
Antes de continuar, devo dizer que não sou “salazarista”, nem vejo no Estado Novo o paradigma daquele que deveria ser um bom governo de Portugal em pleno séc XXI.
Tenho, aliás, para com ele, muitos pontos fundamentais com que discordo em absoluto. Contudo, não tenho necessariamente de ser um fundamentalista do bera e do contra, pelo contrário, apesar dessa minha discordância, isso não me impede de reconhecer o seu perfil de um grande estadista à sua época e a obra de um regime por ele dirigido, comparando nomeadamente, os períodos que o antecederam e sucederam.
Não aceito fazer de Salazar uma espécie de Madre Teresa, nem um Diabo que encarna e simboliza apenas o mal. Talvez tenha sido até essa verborreia marxista e unilateral de contar a História à sua maneira e de uma única maneira que tenha feito dele um vencedor. Contrariando algumas explicações teóricas que as ciências políticas dão do Estado Novo, essa ridícula forma de querer colar aquilo que de facto foi uma ditadura com um fascismo italiano ou um nacional nazismo alemão, faz lembrar Paul Joseph Goebbels que dizia que uma mentira repetida tantas vezes, torna-se verdade. De facto, muitos quiseram e querem que Salazar seja visto como um fascista, como de facto não foi. Nem foi um democrata, foi um ditador.
A esquerda que passa a vida a atirar com o antifascismo como arma de arremesso, deveria aprender esta lição e dela tirar ilações em vez de contar uma História dividida entre os bons e os maus. Desde o PS ao BE, todos os que não se situam nessas áreas, são fascistas. Com tanta gente a bater sempre no homem, à sua maneira, estavam à espera de algum milagre? Se querem arranjar culpados, encontrem-nos naqueles que desde sempre fizeram de Salazar o papão que comia criancinhas ao pequeno almoço. Essa foi a figura que, aliás, Salazar fez dos comunistas e depois do 25 de Abril, foi aquilo que se viu.
Este programa teve acima de tudo o mérito de mostrar que os tempos são outros, que não se está a viver ao contrário do que muitos gostariam, um PREC e que hoje é possível falar da História, de Salazar, de uma forma mais aberta, menos complexada e menos preconceituosa.
Salazar faz parte da História de Portugal, não é possível apagar 40 anos dessa História.
E, aquilo que se viu na RTP1 foi a antítese da falta de senso e democracia. Muitos espumaram.
Recupero aquilo que no 31 da Armada, Henrique Burnay diz do que assistimos no programa.
"Comentando o desfecho do concurso, Clara Ferreira Alves lamentava que, mais uma vez, tenham sido "os mal intencionados" (sic) a votar, enquanto os "bem intencionados" (sic) se abstêem. Ana Gomes preocupava-se com "a nossa imagem lá fora". Leonor Pinhão invocava a "bondade" de Afonso Henriques (a sério) contra as malfeitorias (adivinhem...) do Salazar. Odete Santos, antes de converter o palco num Conselho Nacional do CDS, gritava que o verdadeiro líder está em "osmose com o povo", e dava o exemplo de Cunhal - no mesmíssimo programa em que o "povo" decidia estar em osmose com Salazar."
Portas acertou na "mouche": "O séc.XX português foi pobre" e os portugueses esqueceram-se dos Grandes Portugueses que "contra ventos e marés" tiveram de dobrar o "Cabo das Tormentas" para construir Portugal.
Da Costa, um comunista convicto, colocou o dedo na ferida: tão ditador é proibir a Liberdade como despedir uma pessoa ainda com idade para trabalhar.
Rosado Fernandes refere a desgovernação a que temos vindo a ser sujeitos e ao protesto do voto.
Mas o programa teve o seu ponto alto na constante e habitual histeria de Odete Santos.
A certa altura aquilo mais parecia um momento de terror quando ela levantou a blusa. Que horror! Há quem diga que não, que aquilo era mais uma forma desesperada de cativar o público masculino. Puxa vida!
Esta "democrata-comunista"(com um OVNI na boca) esmerou-se (!) por falar de Cunhal com a cassete do costume.
Como quem ganhou foi Salazar, atirou-se ao programa como um cão ao gato, a todos os 41% de votantes "fascistas", aos que não pensam como ela, à RTP... serviço público.
Então, e se tivesse ganho o comunista totalitário e aprendiz a ditador? Se não concordava com o programa o que ela estava lá a fazer? Quem mais campanha por Salazar fez, com toda aquela triste figura, não foi ela?
É um facto que isto mais não é que um programa de televisão e por isso não deve ser levado muito a sério mas, também não deve ser desvalorizado o seu resultado só porque quem venceu foi Salazar. Que se tirem as devidas ilações. Até porque se tivesse sido Cunhal, havia muita gente a pensar de outra maneira.
E de que maneira!
2 comentários:
Olá :)
Foi uma supresa ver que mundo dos blogs começa a ser povoado por tantos. É uma aventura bem engraçada, e dá para dar aso a muitas coisas que antigamente ficavam fechadas num livro em nossa casa. As maravilhas da sociedade da comunicação.
How am I? Bem, a aventura em Terras de sua Majestade a Rainha de Inglaterra está prestes a terminar depois de muitas curvas e contra curvas dignas de um doutoramento e de uma vida que se preze. Aguardam-me uns tempos em Portugal para a dissertação.
Quanto ao vídeo no trânsito já conhecia e foi mesmo por aí que eu fiquei intrigado de como é que eles se safam em Angola. Vi outros da Índia em que a descoordenação era ainda maior. Pergunto-me é se a mortalidade nas estradas é tão alta como em Portugal.
Até breve!
Miguel
Dr. Miguel ::))... o que custa mais são os primeiros 5 anos, depois "a gente" habitua-se ... ehehehehe.
És jovem e tens a vida à tua frente, não te lamentes, pior estou eu que já ando a contar os anos com a marcha atrás engatada ::))
Quanto à questão do trânsito em Angola, é óbvio que, sendo caótico, passa muito pela habituação. Aquele video que te enviei, creio que é da India ou coisa do género. De tanto zig-zag diário, tornam-se uns verdadeiros ases do volante.
Não sei se a mortalidade será tão grande por esse facto, afinal quando batem já é devagar, não andam a 150Km/h. Contudo a segurança também deve ser menor. Enfim ... umas coisas dão para as outras ::))
Um abraço e vê lá se dás corda aos sapatos, do you understand me?
Fiquico
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